Maria Letra nasceu em Coimbra, a 20 de Setembro de 1938. Escreve poesia desde os 13 anos, idade em que manifestou a sua preferência por esta forma literária. Possui os cursos Comercial e Liceal, completos, tendo aperfeiçoado os seus conhecimentos das línguas Inglesa e Francesa em escolas estrangeiras. Aos 22 anos foi para Londres, onde estudou no conceituado colégio “The West London College”. Foi secretária de direcção e tradutora técnica durante 35 anos, e empresária durante 17.
Deixou Portugal para viver em Itália em 1989, por exigências de trabalho, mas três anos depois fixou residência definitiva no Reino Unido.
Lvros publicaos: “Meus Caminhos de Cristal”, em 2011, e "Meu Pequeno Grande País, em 2017.
Deslizam como um rio de águas turvas, feridas de um passado que me corrói. No leito que as abraça, existem curvas, jacentes de tanta mágoa que me dói.
Não fora o grande amor que tenho à vida, não suportaria as dores que em mim ficaram. Foram golpes que enfrentei, desprevenida, mas segura dos lindos frutos que geraram.
Hoje, já no limiar de um patamar a que nenhum de nós, jamais, escapará, encaro a nova fase a repensar como será que minha alma reagirá.
Enfrento o mundo em franca mutação, carente de um grande bem assaz disperso: a continuidade na humanização, que gera paz e harmonia no Universo.
A involução que se verifica, no que respeita à necessidade de evitar a guerra, seja ela de que forma for, pode conduzir ao recurso atroz do uso de armamento nuclear como solução.
Na minha prespectiva, impõe-se a criação urgente de meios que conduzam a uma revolução na mentalidade dos defensores da guerra, através da qual ninguém sairá – ou sairia – vencedor.
Amo meus “minino d’ouro” como a Noite ama o Luar, o Dia, o brilho do Sol e a Natureza... o criar. São partes do meu Tesouro, pedaços do meu Amar, palpitando no meu peito com ternura e com respeito.. É um bem que não se perde, em terras de Cabo Verde. Um pé... vai para a escolinha, enquanto o outro... caminha! Pé-coxinho também anda: é a vontade que o manda!
Quando, há dias, alguém me disse que um dos meus poemas, intitulado "A Força do Trabalhador", escrito em 1985, me vincula à esquerda politicamente, fiquei surpreendida. Naquela altura, eu já estava desligada de qualquer ideologia política que não fosse a de defender, acima de tudo, a boa formação de cada membro de um governo, para que a justiça social se tornasse uma realidade e não a pouca vergonha a que assistimos frequentemente. Estávamos - e estamos ainda - a viver a era do individualismo mais vergonhoso de que tenho memória, em que uma escandalosa maioria zela apenas pelos seus interesses pessoais, protegendo o próprio "umbigo". Esse umbigo parece estar enfiado numa redoma, como se assim fosse possível protegê-lo da usurpação de tudo o que considera ser seu e só seu. Só que, muitas vezes, esquecem-se de que a redoma é de vidro.
O referido poema foi escrito em função daquilo que a minha sensibilidade me ditou… e nada mais. Haverá alguém que duvide da função importantíssima do trabalhador? Eu não mencionei no poema que defendo as opções políticas de certos — ou de todos — os operários. Tal abordagem seria um campo vastíssimo que transformaria esta simples nota num grande "calcanhar de Aquiles".
Quero, tão simplesmente, deixar claro o meu desejo de que não me sejam atribuídas tendências políticas que não defendo, apenas porque acredito que o operário tem um papel muitíssimo relevante na prosperidade económica de um país — isto para não mencionar muitíssimas outras áreas. O que seria das empresas se eles não existissem? Cada vez mais, é necessária uma boa formação profissional e cultural para que o operário possa sair do "status" em que foi colocado.
A sua importância é tão grande que me parece mesmo indiscutível. Prefiro lidar com um operário competente do que ser confrontada com a incompetência de certos "doutores", enfarpelados e com gravatas ao pescoço em jeito de forca.
Causa-me náuseas ver esses indivíduos pavonearem-se pelas empresas, exibindo um ar de tamanha "importância" que chega a desagradar. E, quando os enfrentamos, humildemente, olhos nos olhos, para encontrar soluções para questões que a nossa honestidade exige resolvermos, deparamo-nos com um imbecil. Esse imbecil não exibe outra coisa senão obediência, óbvia e incontestável, às "regras do jogo" da empresa para a qual trabalha.
Essas regras poderão até ser justificáveis e, consequentemente, aceitáveis por quem se submete a elas. O problema surge, porém, quando o funcionário faz o outro sentir-se miserável face à sua arrogância e excesso de prosápia, "depenando" argumentos de defesa que ofendem qualquer cidadão menos atento.
É evidente que, muitas vezes, um funcionário com essas características é admitido propositadamente, porque o seu perfil convém aos quadros da empresa. Ele possui tudo o que é necessário em obediência a um sistema organizado num determinado sentido. Além disso, precisa de trabalhar e receber o seu ordenado.
Não é isso que fazem, também, as prostitutas? Aquilo que distingue uns dos outros é, entre outras coisas, uma questão de funções, cargos, preferências, integridade moral, opções e qualidade de vida.
Quisera poder virar-me do avesso, duplicar-me... Ser mais eu! Ser urgência e ser excesso, nunca ausência. Fazer mais do que aquilo que já faço. Estar presente, frente a frente com a dor e, num abraço, juntar a Fé, a Coragem e tanto, mas tanto Amor. Urge acalmar a maré de raiva e de rancor, que ronda por todo o lado. Que mundo desnorteado, onde quase tudo errado não pode dar certo, não! Vive-se a vida morrendo, sem praticar o perdão.
Do nada, formou-se, um dia, um Todo, um Todo onde Tudo era perfeito, no seu todo, sem defeito. Mas esse Tudo passou a ser quase tudo, pois, tempos depois, verificou-se que era no "quase" do Tudo que existia um problema. Alguns dos Todos daquele Todo queriam destruir o ecossistema, desenvolvendo métodos que poderiam destruir Tudo e Todos. Entre esses todos, alguns queriam o paraíso só para si e, por isso, o Todo passou a ser um todo imperfeito. Se Todos fossem de bom jeito, no Todo, Tudo seria perfeito. Todos, naquele Todo, estariam bem. O Todo, sem o imperfeito, seria soberbo. Mas alguns de todos, naquele Todo, que diziam seguir o verbo... e outros todos, que não queriam saber do verbo, foram abalados por esses alguns, que querem dar cabo de Tudo. Isso está já a acontecer. Mas acreditem: é horrendo! Os mais velhacos, desses alguns, estão a destruir muito do que resta do Todo, pois caíram no engodo. Esses patifes, parte do Todo, ora se fazem amigos dos outros todos, para conquistar posição e dar cabo de Tudo, ora revelam-se um grupo cruel, prejudicando Tudo e Todos, fazendo um Todo amargo como fel. Malditos os todos que tentam destruir o lindo Todo, pois Tudo e Todos estão a sofrer. Se continuarem a atacar Tudo e Todos, o resultado será fatal. E, assim, os restantes Todos morrerão sem ver mais nada do Tudo, que era lindo, neste Todo.
Soltei-me das amarras que me prendiam à longa distância de um tempo sem contagem. Mergulhei nas entranhas do desconhecido, em busca de um saber ou de uma miragem, que desse luz a um todo abluído nas águas que o tornaram respeitado e oficialmente consagrado. Não me perdoo tudo o que perdi, durante tantos anos de inconsciência, dominada por inaceitável prepotência. Cavei um abismo no limiar do caos, sem retorno ou concebível solução. Os pesadelos eram tantos e tão maus, que quase enlouqueci de perdição. Não encontrava a saída dessa vida. Mas foi na origem deste meu poema que me encontrei comigo. Decidida, adquiri uma alternativa e uma paz serena
Nasci forte e destemida. Sou Mulher à Portuguesa. Doei seis filhos à vida, dos quais – que grande surpresa! – nasceram catorze netos, todos de rara beleza. São uma fonte de afectos, entre brincadeiras e mimos... Oh! Quanto nos divertimos!
Mesmo que a distância nos afaste, haverá sempre uma força que nos une, no turbilhão de actos em contraste. Enquanto alguém de errar sai sempre impune, um outro grita a vida que merece. Salvé toda a amizade que não perece!
Quanto a mim, para gente assim, darei o meu conselho: olhem-se bem no espelho e respirem fundo. Com um olhar profundo, tentem acalmar, amigas. A falsidade não merece brigas. Encaro a hipocrisia com muita ironia, olhos nos olhos e firmeza aos molhos. Direi, sem pena e de forma serena, a quem me quiser bajular: ponha-se mas é a andar. Aquela com quem quer falar deve ter ido ao teatro, à matinée das quatro. Volte outro ano, num futuro... Com gente assim, não me misturo.
Sigo em busca dum encontro entre o meu ego e eu mesma. Por medo de um desencontro, ora corro como a lebre ora travo, e viro lesma. Não quero que a força quebre, ou que o tempo me consuma. Nas peças da minha vida não consigo ver alguma que me defina, em concreto, um valor absoluto. Desesperada me ofendo de modo um tanto indiscreto, sempre que me precipito. Hoje páro, amanhã luto contra este medo tremendo daquela que agora sou... Mas será que serei eu quem me procura, Deus meu? Algo em mim se complicou e me matou, certamente. Perdi determinação, e sempre que a minha mente se intromete fortemente, em coisas do coração... aí... fraquejo, assustada, por nunca poder prever qual a minha reacção. Neste meu desconhecer a outra que existe em mim... me perco, me precipito. Recuso viver assim! Me sinto inconformada e em constante conflito! Estou só e desencontrada…
Sou alguém vindo não sei de onde, não sei porquê, nem para quê. A vida encarregou-se de transformar-me ao ponto de não reconhecer-me, daí não poder julgar-me, por não entender-me. Aprender a adaptar-me foi a única via que encontrei para não me perder de mim.
Como cidadã consciente da realidade que vivemos em Portugal, hoje reclamo contra a inconsciência de todo aquele que, usufruindo de condições privilegiadas de vida, aceitou ter sido escolhido pelo partido que representa para candidatar-se a primeiro-ministro de um país com milhares de pessoas a viver em condições deploráveis, sabendo, de antemão, que não iria ser fácil tal tarefa.
Eleito sem ter atingido a maioria, entregou-se à tarefa de colocar “remendos” aqui ou ali, tentando criar um clima de contentamento descontente entre o povo. Contudo, é preciso uma boa dose de sangue frio para aceitar essa situação, sabendo, antecipadamente, que não irá ter soluções imediatas para “levar a carta a Garcia”. Nessa impossibilidade, permite-se calar o eco dos gritos vindos da alma de quem está em sofrimento, dando-lhe pequenas “esmolas” que vão sendo oferecidas, como se de regalias se tratasse.
Qualquer candidato que aceite assumir a chefia de um governo não deveria compactuar com incongruências que pusessem em causa a sua consciência absoluta de uma realidade que não deveria pôr em prática, tais como:
a) Uma vez única, num determinado mês, dar uma “esmola” a cada cidadão reformado, como compensação pelos escandalosos aumentos no preço de produtos alimentares, e não só:
b) Haver, neste momento, milhares de pessoas que, por vergonha, muitas vezes já só comem arroz com arroz e batatas com batatas, vivendo, portanto, no limiar da miséria;
c) Termos certos cidadãos – inadmissível! – a sobreviver com a miserável esmola de um subsídio vergonhoso e deplorável de reinserção social;
Um chefe de governo que permite estas incongruências está a candidatar-se a entrar na longa lista de todos quantos colocaram Portugal no caos em que se encontra agora. E, enquanto tudo isso ocorre, esse responsável elemento do governo cumpre o honroso dever de sorrir à população com um ar que eu sinto ser “de quem sabe, mas não diz”, pomposamente protegido pelo célebre manto diáfano de fantasia, a que faço, por vezes, referência, e que o eleva à categoria de promotor de injustiça social, se nada fizer de concreto, imediato e eficaz.
Relativamente a uma considerável camada da população portuguesa, que vive deambulando pelas ruas “in mode” zombie, gostaria que fossem encontradas soluções para essa gente, vítimas directas de desamor e espelhos do que acontece a quem abusa do recurso ao uso permanente de substâncias psicotrópicas, maldição que lhes permite perder a consciência da verdadeira realidade de um mundo em transformação continuada, onde a ofensa à dignidade humana tem lugar de destaque.
Seria bom, também, que terminasse, de vez, a atribuição de culpas a governos anteriores. Essa desculpa já perdeu o prazo de validade. Ao assumir uma posição, há que arregaçar as mangas e provar competência. A incompetência de quem governou anteriormente faz parte do passado. Ou o novo substituto aceita o cargo ou o recusa. A elaboração de um programa concebido com o objectivo efectivo de renovação deste lindo país terá de dar provas do que há a fazer, e não do que poderia ter sido feito. Esse argumento já não "cola" como alibi para futuros erros imperdoáveis.
Ninguém poria em causa a vida privilegiada a que cada cidadão possa, meritoriamente, ter direito. O que deve ser posto em causa, a quem governa um país numa situação deplorável como a que se vive, actualmente, em Portugal, é não permitir-se governar mal, ou “governar-se bem”, sabendo perfeitamente que muita gente está a sucumbir devido à fome ou à ingestão de alimentos prejudiciais à sua saúde, porque não tem condições económicas para comprar melhor. Muita gente morre de fome e de vergonha, e o Estado fecha os olhos a essa realidade. Tais condições incitam, malogradamente, à violência de todo o género. Lugares de elevada responsabilidade, como o de primeiro-ministro – e não só – deveriam ser preenchidos por pessoas que não permitissem a esmola, em detrimento da elaboração de um claro programa de mudança radical, justo e transparente. “Dar esmola” ofende, mais ainda se o que se pretende é, tão-somente, apaziguar a revolta.
A concluir este manifesto de preocupação e de desagrado:
"A história parece repetir-se, e na Assembleia da República paira uma impávida expectativa de um “dois mil e qualquer coisa” que, forçosamente, recorda aos mais atentos e conhecedores de causa, o ano de mil novecentos e vinte e seis, em que a ditadura nacional se impôs. Isso é uma das coisas que a maioria não gostaria que voltasse a acontecer...”
Inicio este meu manifesto esclarecendo, primeiramente, que não tenho qualquer vantagem comercial com a publicação deste post. Desde a criação do meu site, em 2020, que tenho enfrentado um problema cada vez mais incómodo: o permanente aparecimento de spam nos comentários do que publico. O administrador do meu site tentou, permanentemente. quase todas as maneiras de lidar com este massacrante problema. Utilizou vários plugins e, por fim, no desespero, acabou desabilitando a opção de permitir comentários, medida que não é aconselhável mas, como referi, já estava desesperada. Até que, milagrosamente, descobriu o Anti-Spam do CleanTalk. Sinceramente, inicialmente, pensei que seria apenas mais um daqueles tantos plugins que instalaria no meu WordPress com poucas esperanças de livrar-me dessa praga -como muito bem sabe quem usa a plataforma. O facto é que, durante o período de teste, os malditos comentários de spam foram completamente neutralizados. Espantada, afirmo feliz ter decidido comprar a licença. Nunca mais tive estresse ou dores de cabeça por causa dessa verdadeira praga! Quem usa WordPress sabe, exactamente, a que me estou referindo. Conclusão: instale e experimente! Veja você mesmo os resultados e tire as suas próprias conclusões! Aqui está o respectivo link: https://cleantalk.org/ Muito grata, CleanTalk!
Esta saudade que sinto dói-me tanto quanto a resistência que perdi ao saber que partiste deste mundo. Foram muitos os anos que, entretanto, não conseguindo evitar pensar em ti, fui cavando em mim um mal profundo.
Tu eras vida e fogo, em minha vida. Vivia na esperança de que um dia passaria do sonho à realidade... Mas o tempo corria e eu... perdida na estrada mal amada em que seguia, queimava o tempo de forma inadequada.
O futuro que quis não é mais nosso. Estou farta desta vida de aquiescência contra a qual não quero mais lutar. Oh... esta dor com a qual não posso! Cada pedaço de mim é desistência, é barco abandonado, a naufragar.
Eu queria apenas ver-te, se pudesse... Não sei como... nem quando, meu amor. O tempo que tivemos... se perdeu. Aquilo que esperava que ele me desse não caberá no tempo ao meu dispor. Deixou de pertencer-me. Não é meu.
Não sei por que estou viva. Sou refém de mil pendentes esperando solução, para depois partir em liberdade. Não estás mais aqui. Estás num Além com o qual não tenho ligação e não consigo vencer esta saudade.
Quando existe uma situação de candidatura para a eleição de um novo chefe de governo, durante aquele período ando numa azáfama, na tentativa de perceber quem tem as melhores propostas de actuação. Tenho o cuidado de ouvir todas as acusações que cada candidato faz aos parceiros de campanha. Tento percepcionar bem os argumentos de cada um, contudo, geralmente acabo frustrada porque todos tentam iludir-me, e nenhum me convence. Cada um julga-se melhor do que os outros e, no geral, sinto que todos se consideram muito bem preparados para enfrentar o futuro.
É sabido que cada candidato a chefe de governo dá o melhor de si para vencer, mas normalmente sem convencer quem está de olhos bem abertos. No meu caso, e depois de reflectir cuidadosamente sobre a posição a assumir, acabo por fazer sempre o mesmo: voto no que foi eleito!
Após a eleição do escolhido pelo povo, faço sempre o mesmo: sento-me numa cadeira muito bem refestelada e espero que comece a onda de acusações ao governo anterior, à guisa de pré-justificação dos erros que, eventualmente, venha a cometer. E não tenho de me preocupar com o cenário, pois uso sempre o do ano anterior.
Sou fruto do casamento entre um jovem perfeccionista, Pai a cem por cento, e uma jovem maternalista, exemplar e dedicada. Fui por eles bem educada. Amo profundamente o mundo, mas nunca o que, através dele, se transforma em algo imundo: medo, egoísmo, vil traição, materialismo, perversão. Meus mecanismos de proteção: intransigência ao obverso do que vem por bem do universo. Caráter e personalidade, moldei-os na adversidade. Foram oitenta anos de luta, marcante, feroz, mas absoluta. A forma como estou na vida tornou-me frágil, mas decidida.. Sem crenças ideológicas ou teorias filosóficas, Viso a libertação de quem vive oprimido e sem ninguém. Com quem coabito… dou-me bem, basta apenas que me respeitem e que eu os respeite também. Sigo numa estrada errada que, de certeza, não escolhi... tal como o que adveio daí. Desilusões? Oh! Tive tantas! Contudo, hoje, já não me matam. O corpo já morreu! E a alma… dependerá de como a tratam. Restam-me bem dezanove luzes com que tu, ó vida, me seduzes.
Gerou-se em Portugal – e no mundo, com outros contornos adicionais – um clima angustiante de notícias relatando a prática de crimes horrendos, que estão a perturbar até os seres menos susceptíveis a distúrbios emocionais. Mas o que estará a passar-se para que pais matem filhos e casais se matem entre si, sem qualquer respeito pela vida a que todos têm direito? Que acção têm desenvolvido as supostas instituições humanitárias existentes? Sinto-me completamente desolada e confusa. Já não me basta, como justificação, as causas mais marcantes e variadas que possam provocar tais comportamentos.
Estaremos no limiar da eclosão de uma guerra sem precedentes, cujas consequências serão catastróficas para todos os seres do mundo, ou a consciência humanitária acabará por encontrar uma forma surpreendente de evitar o caos absoluto?
Ser Mulher está para além do género a que pertence. Ela é Força, Coragem, Mérito, Excelência. Não aceita ser refém de quem a julga diferente. Repudia vassalagem a quem lhe exerce violência. Aguenta os seus defeitos porque os considera efémeros. Tem deveres e tem direitos comuns a todos os géneros. Quem não está neste padrão chama-se Mulher Excepção.
O que se passa, relativamente às sondagens sobre quem está em vantagem, politicamente, neste momento, revela bem que o quadro é preocupante. Não porque a direita está em vantagem, naturalmente, mas porque o clima geral que se tem vivido denunciava, há muito tempo, o crescente sucesso de um trabalho que tem vindo a ser levado a cabo pelas forças opostas às causas que estão na origem da relização da célebre Revolução de Abril de 1974.
Dado o grande entusiasmo da população após a Revolução, a direita sabia, de antemão, que iria precisar de muitos anos para acalmar o entusiasmo da população. Tratava-se de enfrentar a pouca cultura de um povo, os seus valores morais e a sua educação, e sabia também que seria necessário iniciar esta tarefa pegando-lhe pela ponta justa. Impunha enfrentar o árduo trabalho de “dar a volta” a mentalidades que, após a “Revolução dos Cravos”, estavam mais a favor da esquerda, na esperança de ser-lhes dado aquilo a que tinham, absolutamente, direito. O tempo é o grande mestre na execução de tarefas deste calibre.
Emoções fortes provocam reacções da parte do povo que, impulsionado pelo seu partido favorito, vai reagindo através de posições clubistas, como se de futebol se tratasse. E assim começam acções com o propósito de minar a atmosfera. Vão surgindo, lentamente, figuras de destaque político, prontas a actuar publicamente. O resto... já todos conhecemos. Uns vão-se perdendo pelo caminho, no entusiasmo daquilo que os move, mas também os denuncia. Outros, mais sólidos nos objectivos a atingir, podem acabar por permanecer neste ambiente cheio de falsos cenários durante longo tempo... até que sejam desmascarados.
O amor genuíno pelo próximo não concebe partidarismos nem jogos de interesses que visem beneficiar uns em detrimento de outros, carentes de uma justiça social transparente e equitativa. Esta é transversal a todos, se a sua raiz for saudável.
Para além do palpável, visível e perceptível, esconde-se um Mistério, onde tudo é mutável. Nesse suposto império, onde somos marionetas, parece estar alguém, atento ao que projectas. Não tomes como seguro o que possas desejar, para bem do teu futuro. Num súbito volte-face, acaba por desabar aquele teu lindo plano que contavas resultasse. Seria puro engano? Quando virás a saber? Num mês, num dia, num ano? A resposta tardará, mas surgirá, podes crer.
Avizinhei-me do local onde, um dia, me beijaste. Sabia que não te encontraria. O farol que outrora me levou ali fez-se guia de tudo o que sonhaste. Transformava cada amanhã num breve agora. Irradiava tristeza, uma tristeza sombria, densa... Já nada me prendia àquela praia, como antigamente. Abraçava-me somente a saudade da tua presença. Procurei algo que iluminasse a minha mente e me convidasse a estar, a reviver, a recordar, mas a minha alma nada reconhecia. Faltavas tu. Imaginei o cenário que vivi ali: o sol, o mar, o odor a maresia... Um todo errado, rígido, cru, porque faltavas tu. Quanto daria, Amor, por um minuto apenas, abraçada a ti. Quanto mal me faz não ver-te, não sentir-te, não reviver aquelas noites serenas em que gerei mil sonhos... mas nunca o de perder-te.
“Dei alpiste ao passarinho, senão morria de fome. Há três dias que não come.” ......
Se tem alguma beleza este curtinho poema que fiz de improviso, quando era pequena... é bom que sirva de aviso este seu tema, porque de grão a grão nutrimos um coração de forma plena.
Onde quer que tu estejas, meu amor, faz-me sentir-te... e que tu me escutas quando o breu da noite se avizinha. Tira-me deste inferno, desta dor de não te ter, das verdades absolutas que nos afastaram. Foi escolha minha. Espero que tu consigas entender. Peço perdão. Está para além de mim a decisão que tomei, sem te dizer.
Faz-me acreditar que estás aqui. Que não fui condenada a viver sem ti. Que o teu silêncio, amor, não perdure, e que este meu querer-te jamais finda. Regressa a mim e perdoa-me se puderes. Tu não pertences a esse além, ainda. Preciso que minha alma sofrida cure. Tu foste a luz da minha vida triste. Morri para sempre quando tu partiste.
Mas se nada, meu bem, te trouxer de volta, Já nada, também, me prenderá aqui. Não quererei sustentar esta revolta. Embalarei nos meus braços a coragem e iniciarei a tão desejada viagem. Começará, então, uma nova fase que, defendo, de alma e coração. O meu corpo poderia viver sem ti, mas a minha alma, certamente, não!
No silêncio, exorcizo males que sofri na vida. Se não me sinto vencida, continuo vencedora. Uma coisa só preciso: calar as penas que sinto, e, enquanto assim, calada, grito as penas que tenho dentro de mim, expostas... comparo qual o tamanho das minhas, com tantas mais, que outros levam às costas... Acalmo. As minhas penas podem matar-me de dores, mas, mesmo assim, são pequenas. Há outras muito maiores, causadas, principalmente, por tanta falta de AMOR!
"Viver com liberdade é melhor do que viver com repressão." [sic]
Estou integralmente de acordo com esta reflexão de V. Ex.ª, mas muita coisa terá de mudar no nosso país para que sintamos a liberdade implícita nesta expressão. Não sei até que ponto o que está a passar-se em Portugal, relativamente à prática de crimes hediondos e outras formas de violência, quase generalizada e assustadora, não será o reflexo de uma repressão camuflada, daí limitar-me a referir a frase acima. 1. Quem quiser alimentar-se bem em Portugal — considerando o salário mínimo nacional e o subsídio de reintegração vergonhosos — tem de dispor de rendimento suficiente para o fazer; caso contrário, estará a candidatar-se a doente.
2. Quem precisar de assistência médica e não tiver rendimento suficiente para recorrer ao privado, fica entregue ao SNS, que está paupérrimo, como todos sabemos.
3. Os pais que, obviamente, precisam de trabalhar, fazem-no em condições absolutamente desajustadas àquilo que exige a educação de uma criança. Consequentemente, assistimos a situações de causa-efeito inadmissíveis, porque geram conflitos nas escolas, por exemplo, onde o professor sofre as respectivas consequências.
Estes três pontos fulcrais bastarão para exemplificar algo muito básico, mas de primordial importância, que compete aos governantes gerir com conhecimento profundo e muita determinação. Mas não! O povo continua a escolher um seu representante no governo segundo a escolha feita pelo seu partido preferido, como se se tratasse do seu clube desportivo favorito, e não a competência e o bom nome do candidato em proposta.
São inúmeras as averiguações ainda em curso, relativas a muitos elementos que fizeram parte do governo ou foram responsáveis por importantes cargos em grandes empresas deste país, alguns dos quais estão/serão até eleitos para ocupar altos cargos no estrangeiro, que exigem elevada competência e honestidade. Eu sei que o praticante de um crime é inocente até que seja provado o contrário, mas não deveria candidatar-se a fosse o que fosse antes de ser provada a sua inocência.
Defendo a democracia veementemente, mas, por favor, Senhor Presidente, permita-me questionar a afirmação de V. Ex.ª perante o cenário que temos diante dos nossos olhos neste momento em Portugal, porque a repressão pode sentir-se de várias formas. Tal reflexão carece de ajuste adequado.
"O cidadão que é obrigado a viver em condições reprováveis sofre a repressão de não lhe ser consentido usufruir de uma vida digna, no verdadeiro sentido das palavras."