AUSÊNCIA DE ÉTICA E DE MORAL EM CERTA IMPRENSA


Gozar com a desgraça de alguém
é sadismo que não convém.
Há perguntas inconvenientes,
feitas por inconscientes,
que chego a ficar chocada,
estupefacta e revoltada!
Vejamos só este caso,
escolhido por mero acaso.

Acaba de ser anunciado
que alguém foi assassinado.
Perguntam a um seu parente:
– Por favor... como se sente?
Se fosse eu a questionada,
responderia, perturbada:
– E você, seu atrasado?
Estaria melhor calado!

Sede mórbida de ver sofrer!
São perguntas a fazer?
Em vez de acalmar... corroem,
angustiam, não comovem.
A pessoa, magoada,
que está a ser entrevistada,
é invadida por gente
curiosa e incompetente.

Será que algumas revistas
pagam aos seus jornalistas
para explorar notícias
– eventualmente fictícias –
só para atearem chamas
em almas sedentas de dramas?
É que as perguntas que fazem
desagradam, não comprazem.

E quando um título atrai
numa notícia que sai,
falsa do princípio ao fim…
faço-me a pergunta assim:
mas que jornalismo é este?
Não haverá quem proteste?
A decência é fundamental
no jornalismo, em geral.


Data da criação deste conteúdo:
2020-01-09