Maria Letra nasceu em Coimbra, a 20 de Setembro de 1938. Escreve poesia desde os 13 anos, idade em que manifestou a sua preferência por esta forma literária. Possui os cursos Comercial e Liceal, completos, tendo aperfeiçoado os seus conhecimentos das línguas Inglesa e Francesa em escolas estrangeiras. Aos 22 anos foi para Londres, onde estudou no conceituado colégio “The West London College”. Foi secretária de direcção e tradutora técnica durante 35 anos, e empresária durante 17.
Deixou Portugal para viver em Itália em 1989, por exigências de trabalho, mas três anos depois fixou residência definitiva no Reino Unido.
Lvros publicaos: “Meus Caminhos de Cristal”, em 2011, e "Meu Pequeno Grande País, em 2017.
Penso naquele tempo de mel e de vinagre, tão insensato quanto ponderado e acre, e sinto a mudança enquanto, já idosa, cada nuvem negra se tornava cor-de-rosa.
Deixei, adormecidas, memórias dum passado descrito num simples diário ocultado de alguém que gostaria de saber quanto sei. Houve muito que, ignorando, ultrapassei.
Resignada, serena e sem algum remorso, comandaria a minha vida sem esforço, se na minha alma pesar ainda houvesse.
Presentemente vivo sem mágoas, com amor, mas filtraria de novo ulterior rancor, se a resíduos cruéis ainda cedesse.
Art.º 37.º da Constituição da República Portuguesa
Até quando nos será permitido o livre pensamento e a sua divulgação pública?
Até quando poderemos usar o manifesto como um marco de uma posição pessoal, em determinado momento, sobre um assunto que consideramos da máxima importância para a sociedade em geral?
Perante uma evidente posição tendenciosa ou desprovida de fundamento positivo da parte de um governo, creio ser lícita a publicação de um manifesto – nunca com um objectivo impositivo por parte de quem o elabora, mas apenas como manifestação pessoal, traduzindo o julgamento de alguém.
É notória a existência de uma tendência para uma viragem à direita, em certos países. Consequentemente, perante essa ameaça, o panorama político desses países, onde a democracia é defendida – maioritariamente ou não – começa a alterar-se, agitando as forças antagónicas na tentativa de travar o avanço da direita. A história não me parece resultar como experiência, porque quando as “águas se agitam”, surge o desespero que gera o caos e, no auge dessa agitação, aparecem os defensores do regresso ao que consideram ter sido positivo, sem considerarem os males que causaram, em paralelo, , Conclusão pessoal:
Prevalece, na história, o saudosismo de um passado que julgo pouco tenha ensinado. Acredito que não existirá nunca um aproveitamento benéfico dos factos que a história relata… até porque dependerá sempre do seu autor e de como tais factos são relatados. Tudo isto envolve um jogo de interesses que, pessoalmente, considero ignóbil, pois gerará sempre uma competição de forças que pode dar lugar a uma guerra atroz e ao risco evidente - e consequente - de perdas de vidas humanas.
Entre pedras de um caminho, nasceu esta linda flor. Eu não sei se por amor ou por respeito e carinho, quem vai passando por lá não ousa sequer tocar-lhe, talvez para não roubar-lhe a vida que nela há.
Oh! Quem me dera ser cuidada como essa flor de rua, ser companheira da lua e do sol ser namorada! Mas o tempo da existência é efémero, sem prazo. A morte é fruto do acaso ou tem tempo de vigência?
Avanças presa a um passado que não consegues esquecer. Transpõe os teus obstáculos! Cada passo que dás em frente é para avançar. Não pares! Apoia-te em sustentáculos que revigorem a mente, para voltares a viver. Enche a alma de esperança. Quem bem luta, sempre alcança! O que para trás ficou... ...não recordes. Acabou! Esquece quem te fez mal, ousando tua vida perturbar. Para além do que é verdade, há um mundo surreal que esconde um vasto mar de hipocrisia e falsidade. Confia no futuro que te espera! Não ajas à toa; pondera.
Num baú antigo e tosco, vejo um transparente fosco, num mar de recordações. São sombras das ilusões que pintei com o verniz da vida que tive e quis. Estão enlaçadas num todo; fazem parte do engodo de um passado que não sigo. Procuro-te e me castigo por penosas concessões às tuas violações daquilo que sempre fiz. Secaste-lhes a raiz.
Gozar com a desgraça de alguém é sadismo que não convém. Há perguntas inconvenientes, feitas por inconscientes, que chego a ficar chocada, estupefacta e revoltada! Vejamos só este caso, escolhido por mero acaso.
Acaba de ser anunciado que alguém foi assassinado. Perguntam a um seu parente: – Por favor... como se sente? Se fosse eu a questionada, responderia, perturbada: – E você, seu atrasado? Estaria melhor calado!
Sede mórbida de ver sofrer! São perguntas a fazer? Em vez de acalmar... corroem, angustiam, não comovem. A pessoa, magoada, que está a ser entrevistada, é invadida por gente curiosa e incompetente.
Será que algumas revistas pagam aos seus jornalistas para explorar notícias – eventualmente fictícias – só para atearem chamas em almas sedentas de dramas? É que as perguntas que fazem desagradam, não comprazem.
E quando um título atrai numa notícia que sai, falsa do princípio ao fim… faço-me a pergunta assim: mas que jornalismo é este? Não haverá quem proteste? A decência é fundamental no jornalismo, em geral.
Mais um ano decorreu, deixando para o próximo o pesado fardo de destruições maciças, execráveis na sua natureza, ceifando vidas e valores irrecuperáveis. Tudo porque alguém, algures, insiste em vencer, pelo uso da força, a batalha de interesses que a maioria da população mundial repudia. Esse alguém vê nas armas um trampolim para alcançar o domínio absoluto, onde só existe deferência por si próprio, ignorando o respeito pela vida. A paz que proclama é uma ilusão apodrecida, que apenas reforça o seu sentimento de invencibilidade enquanto ser humano.
Nada na vida é eterno. Tudo será efémero enquanto persistir a ganância pelo poder absoluto sobre tudo e todos. O mundo precisa de valores comuns a toda a humanidade, onde o respeito pela individualidade e pela vida de cada ser humano sejam os alicerces imprescindíveis para a construção de uma paz duradoura.
O povo grita e pragueja contra um governo impudente, que se desculpa, gagueja e não quer saber da «gente»! Da «gente»… pois! E não só! Ó meu Deus, vê lá… tem dó!
Na mente dos governantes, enfatuados senhores, nós não somos relevantes… nós somos só pagadores! O pobre está habituado a ser sempre o condenado.
Enquanto ladrões, à solta, vivem à grande, à francesa, duma forma que revolta, a «gente» vive na pobreza dum miserável ordenado, espremido e descontado.
Estamos cheios de conversas! Queremos acções diversas! Avancem com demissões, um após outro, que a «gente» quer ter, em vez de aldrabões, um governo competente!
Escrevo, apago, volto a escrever; registo no papel ecos do meu eu, do que penso hoje a meu respeito ou do que gostaria de ter pensado no passado, antes de ter assumido certas posições que marcaram o meu futuro para sempre. Não gosto de negligenciar a forma como reajo perante cada obstáculo, tal como não devo "encher de pompa e circunstância" um acto aparentemente bem-sucedido que, com o decorrer do tempo, possa vir a revelar-se um fracasso. Será por isso, talvez, que começo a sentir-me frágil em cada momento em que tenho de tomar uma decisão importante, sobretudo quando essa decisão envolve o futuro dos meus filhos.
Presentemente, no meu dia-a-dia, faço o que posso, não o que gostaria de fazer. Vivo como posso, não como gostaria de viver. Deixo-me vaguear ao sabor do tempo e das minhas possibilidades. Para quê ordenar ou organizar ideias, quando hoje somos mais vítimas do tempo do que vencedores na corrida para alcançar um determinado objectivo? Quando pensamos que estamos quase a alcançar a vitória, cai-nos em cima mais um problema que, ao tentarmos ultrapassá-lo, acaba por nos deixar absolutamente desiludidos, levando-nos a perder a vontade de seguir a estrada da vida que escolhemos e a dar prioridade ao que é, na verdade, prioritário.
Hoje, já não sou a mulher lutadora e cheia de garra com que os outros sempre me identificaram, muito embora conserve ainda a pretensão da sua existência. Contudo, vivo-a sozinha. Sempre que posso, evito que os outros se apercebam dela, pois dura apenas umas curtas horas. Assim que percebo que se torna nefasta, encho o peito de ar e vou à rua dar uma volta, se ainda for cedo. Se não for, reduzo-me à insignificância que me foi atribuída pelo Universo. Só não danço porque teria vergonha de o fazer sozinha, não vá eu convencer-me de que estou a endoidecer. Todavia, como sempre acontece nas minhas santas noites, quando vou para a cama, durmo consciente de que tudo parecerá melhor no dia seguinte.
Desisto, por hoje, de alongar esta minha tentativa de escrever. Se insistir em continuar a procurar o fio neste novelo sem jeito, acabarei por sair desiludida. Pese embora nunca tenha sido mulher de desistências, o bom senso exige-me que tente desistir de continuar este manifesto de luta por extrair o que não encontro. Voltarei a tentar amanhã, no meu tempo livre.
Tempo livre? Quem ousará usar esta expressão quando se trata de velhos? É aquilo que lhes terá sido dado em maior quantidade, como condenação perpetuada no curto espaço daquilo a que teimam chamar existência…
As marcas infligidas na Mulher, vítima de violência doméstica, são irreversíveis, condenando-a à perpétua condição de alguém perseguida por medos permanentes, se não for convenientemente assistida após a sua libertação do agressor.
Cansei-me de esperanças sem resposta, de promessas vãs, tantas, tantas... A paciência está às avessas, exposta à dura espera sem sentido, mergulhada num sonho comprometido.
Não me venham com tretas esfarrapadas, de algum "algo" que virará o mundo. Estamos cercados por marretas, com ideias torpes e ódio profundo. Querem poder, tudo mais que poder.
Pretendem, firmes, executar um esquema que, a seu tempo, nos conduzirá, sem dó, sem pena ou piedade, à amarga verdade deste poema, se não agirmos já!
Travemos nesses cretinos hostis, corruptos, orgulhosos e servis o mal que se preparam para fazer. Querem voltar aos tempos de outrora, sem hesitação e sem demora.
Facultemos às crianças, pois, razão para serem felizes! Com bons exemplos, plantemos raízes sadias nas suas mentes. ainda sãs, como queremos.
Urge fazer uma limpeza geral em toda a Nação, sem hesitar, para que nasça um novo Portugal, onde o Amor floresça, vindo da alma e do coração, sem sombra de mal.
Que nunca mais seja aspiração imposta pelo medo ou pela repressão, como na sombra do Estado Novo, com seu rastro de miséria e consternação. Jamais tal pesar no nosso povo!
A ambição é um desejo de algo que não teremos, mas que bem queremos ter. Será justo ter o ensejo, mas sem cair nos extremos, desse algo mais obter.
Tal ambição… é demais se muitas outras virão, provocando o exagero de querer cada vez mais. Daí, então, resultarão a crise e o desespero.
Se tu não páras a tempo, tudo pode acontecer, e, portanto, eu te aconselho: antes dum mau contratempo, tenta já retroceder e olha-te bem num espelho.
Teus olhos estão esbugalhados, teus cabelos muito fracos, oleosos e sem jeito. Os teus bens estão penhorados, teus instintos são velhacos, já ninguém te tem respeito.
Deslizam como um rio de águas turvas, feridas de um passado que me corrói. No leito que as abraça, existem curvas, jacentes de tanta mágoa que me dói.
Não fora o grande amor que tenho à vida, não suportaria as dores que em mim ficaram. Foram golpes que enfrentei, desprevenida, mas segura dos lindos frutos que geraram.
Hoje, já no limiar de um patamar a que nenhum de nós, jamais, escapará, encaro a nova fase a repensar como será que minha alma reagirá.
Enfrento o mundo em franca mutação, carente de um grande bem assaz disperso: a continuidade na humanização, que gera paz e harmonia no Universo.
A involução que se verifica, no que respeita à necessidade de evitar a guerra, seja ela de que forma for, pode conduzir ao recurso atroz do uso de armamento nuclear como solução.
Na minha prespectiva, impõe-se a criação urgente de meios que conduzam a uma revolução na mentalidade dos defensores da guerra, através da qual ninguém sairá – ou sairia – vencedor.
Amo meus “minino d’ouro” como a Noite ama o Luar, o Dia, o brilho do Sol e a Natureza... o criar. São partes do meu Tesouro, pedaços do meu Amar, palpitando no meu peito com ternura e com respeito.. É um bem que não se perde, em terras de Cabo Verde. Um pé... vai para a escolinha, enquanto o outro... caminha! Pé-coxinho também anda: é a vontade que o manda!
Quando, há dias, alguém me disse que um dos meus poemas, intitulado "A Força do Trabalhador", escrito em 1985, me vincula à esquerda, politicamente, fiquei surpreendida. Naquela altura, eu já estava desligada de qualquer ideologia política que não fosse a de defender, acima de tudo, a boa formação de cada membro de um governo, para que a justiça social se tornasse uma realidade e não a pouca vergonha a que assistimos frequentemente. Estávamos - e estamos ainda - a viver a era do individualismo mais vergonhoso de que tenho memória, em que uma escandalosa maioria zela apenas pelos seus interesses pessoais, protegendo o próprio "umbigo". Esse umbigo parece estar enfiado numa redoma, como se assim fosse possível protegê-lo da usurpação de tudo o que considera ser seu e só seu. Só que, muitas vezes, esquecem-se de que a redoma é de vidro. O referido poema foi escrito em função daquilo que a minha sensibilidade me ditou… e nada mais. Haverá alguém que duvide da função importantíssima do trabalhador? Eu não mencionei no poema que defendo as opções políticas de certos — ou de todos — os operários. Tal abordagem seria um campo vastíssimo que transformaria esta simples nota num grande "calcanhar de Aquiles".
Quero, tão simplesmente, deixar claro o meu desejo de que não me sejam atribuídas tendências políticas que não defendo, apenas porque acredito que o operário tem um papel muitíssimo relevante na prosperidade económica de um país — isto para não mencionar muitíssimas outras áreas. O que seria das empresas se eles não existissem? Cada vez mais, é necessária uma boa formação profissional e cultural para que o operário possa sair do "status" em que foi colocado. A sua importância é tão grande que me parece mesmo indiscutível. Prefiro lidar com um operário competente do que ser confrontada com a incompetência de certos "doutores", enfarpelados e com gravatas ao pescoço em jeito de forca.
Causa-me náuseas ver esses indivíduos pavonearem-se pelas empresas, exibindo um ar de tamanha "importância" que chega a desagradar. E, quando os enfrentamos, humildemente, olhos nos olhos, para encontrar soluções para questões que a nossa honestidade exige resolvermos, deparamo-nos com um imbecil. Esse imbecil não exibe outra coisa senão obediência, óbvia e incontestável, às "regras do jogo" da empresa para a qual trabalha. Tais regras poderão até ser justificáveis e, consequentemente, aceitáveis por quem se submete a elas. O problema surge, porém, quando o funcionário faz o outro sentir-se miserável face à sua arrogância e excesso de prosápia, "depenando" argumentos de defesa que ofendem qualquer cidadão menos atento.
É evidente que, muitas vezes, um funcionário com essas características é admitido propositadamente, porque o seu perfil convém aos quadros da empresa. Ele possui tudo o que é necessário em obediência a um sistema organizado num determinado sentido. Além disso, precisa de trabalhar e receber o seu ordenado. Não é isso que fazem, também, as prostitutas? Aquilo que distingue uns dos outros é, entre outras coisas, uma questão de funções, cargos, preferências, integridade moral, opções e qualidade de vida.
Quisera poder virar-me do avesso, duplicar-me... Ser mais eu! Ser urgência e ser excesso, nunca ausência. Fazer mais do que aquilo que já faço. Estar presente, frente a frente com a dor e, num abraço, juntar a Fé, a Coragem e tanto, mas tanto Amor. Urge acalmar a maré de raiva e de rancor, que ronda por todo o lado. Que mundo desnorteado, onde quase tudo errado não pode dar certo, não! Vive-se a vida morrendo, sem praticar o perdão.
Do nada, formou-se, um dia, um Todo, um Todo onde Tudo era perfeito, no seu todo, sem defeito. Mas esse Tudo passou a ser quase tudo, pois, tempos depois, verificou-se que era no "quase" do Tudo que existia um problema. Alguns dos Todos daquele Todo queriam destruir o ecossistema, desenvolvendo métodos que poderiam destruir Tudo e Todos. Entre esses todos, alguns queriam o paraíso só para si e, por isso, o Todo passou a ser um todo imperfeito. Se Todos fossem de bom jeito, no Todo, Tudo seria perfeito. Todos, naquele Todo, estariam bem. O Todo, sem o imperfeito, seria soberbo. Mas alguns de todos, naquele Todo, que diziam seguir o verbo... e outros todos, que não queriam saber do verbo, foram abalados por esses alguns, que querem dar cabo de Tudo. Isso está já a acontecer. Mas acreditem: é horrendo! Os mais velhacos, desses alguns, estão a destruir muito do que resta do Todo, pois caíram no engodo. Esses patifes, parte do Todo, ora se fazem amigos dos outros todos, para conquistar posição e dar cabo de Tudo, ora revelam-se um grupo cruel, prejudicando Tudo e Todos, fazendo um Todo amargo como fel. Malditos os todos que tentam destruir o lindo Todo, pois Tudo e Todos estão a sofrer. Se continuarem a atacar Tudo e Todos, o resultado será fatal. E, assim, os restantes Todos morrerão sem ver mais nada do Tudo, que era lindo, neste Todo.
Soltei-me das amarras que me prendiam à longa distância de um tempo sem contagem. Mergulhei nas entranhas do desconhecido, em busca de um saber ou de uma miragem, que desse luz a um todo abluído nas águas que o tornaram respeitado e oficialmente consagrado. Não me perdoo tudo o que perdi, durante tantos anos de inconsciência, dominada por inaceitável prepotência. Cavei um abismo no limiar do caos, sem retorno ou concebível solução. Os pesadelos eram tantos e tão maus, que quase enlouqueci de perdição. Não encontrava a saída dessa vida. Mas foi na origem deste meu poema que me encontrei comigo. Decidida, adquiri uma alternativa e uma paz serena
Nasci forte e destemida. Sou Mulher à Portuguesa. Doei seis filhos à vida, dos quais – que grande surpresa! – nasceram catorze netos, todos de rara beleza. São uma fonte de afectos, entre brincadeiras e mimos... Oh! Quanto nos divertimos!
Mesmo que a distância nos afaste, haverá sempre uma força que nos une, no turbilhão de actos em contraste. Enquanto alguém de errar sai sempre impune, um outro grita a vida que merece. Salvé toda a amizade que não perece!
Quanto a mim, para gente assim, darei o meu conselho: olhem-se bem no espelho e respirem fundo. Com um olhar profundo, tentem acalmar, amigas. A falsidade não merece brigas. Encaro a hipocrisia com muita ironia, olhos nos olhos e firmeza aos molhos. Direi, sem pena e de forma serena, a quem me quiser bajular: ponha-se mas é a andar. Aquela com quem quer falar deve ter ido ao teatro, à matinée das quatro. Volte outro ano, num futuro... Com gente assim, não me misturo.
Sigo em busca dum encontro entre o meu ego e eu mesma. Por medo de um desencontro, ora corro como a lebre ora travo, e viro lesma. Não quero que a força quebre, ou que o tempo me consuma. Nas peças da minha vida não consigo ver alguma que me defina, em concreto, um valor absoluto. Desesperada me ofendo de modo um tanto indiscreto, sempre que me precipito. Hoje páro, amanhã luto contra este medo tremendo daquela que agora sou... Mas será que serei eu quem me procura, Deus meu? Algo em mim se complicou e me matou, certamente. Perdi determinação, e sempre que a minha mente se intromete fortemente, em coisas do coração... aí... fraquejo, assustada, por nunca poder prever qual a minha reacção. Neste meu desconhecer a outra que existe em mim... me perco, me precipito. Recuso viver assim! Me sinto inconformada e em constante conflito! Estou só e desencontrada…
Sou alguém vindo não sei de onde, não sei porquê, nem para quê. A vida encarregou-se de transformar-me ao ponto de não reconhecer-me, daí não poder julgar-me, por não entender-me. Aprender a adaptar-me foi a única via que encontrei para não me perder de mim.
Como cidadã consciente da realidade que vivemos em Portugal, hoje reclamo contra a inconsciência de todo aquele que, usufruindo de condições privilegiadas de vida, aceitou ter sido escolhido pelo partido que representa para candidatar-se a primeiro-ministro de um país com milhares de pessoas a viver em condições deploráveis, sabendo, de antemão, que não iria ser fácil tal tarefa.
Eleito sem ter atingido a maioria, entregou-se à tarefa de colocar “remendos” aqui ou ali, tentando criar um clima de contentamento descontente entre o povo. Contudo, é preciso uma boa dose de sangue frio para aceitar essa situação, sabendo, antecipadamente, que não irá ter soluções imediatas para “levar a carta a Garcia”. Nessa impossibilidade, permite-se calar o eco dos gritos vindos da alma de quem está em sofrimento, dando-lhe pequenas “esmolas” que vão sendo oferecidas, como se de regalias se tratasse.
Qualquer candidato que aceite assumir a chefia de um governo não deveria compactuar com incongruências que pusessem em causa a sua consciência absoluta de uma realidade que não deveria pôr em prática, tais como:
a) Uma vez única, num determinado mês, dar uma “esmola” a cada cidadão reformado, como compensação pelos escandalosos aumentos no preço de produtos alimentares, e não só:
b) Haver, neste momento, milhares de pessoas que, por vergonha, muitas vezes já só comem arroz com arroz e batatas com batatas, vivendo, portanto, no limiar da miséria;
c) Termos certos cidadãos – inadmissível! – a sobreviver com a miserável esmola de um subsídio vergonhoso e deplorável de reinserção social;
Um chefe de governo que permite estas incongruências está a candidatar-se a entrar na longa lista de todos quantos colocaram Portugal no caos em que se encontra agora. E, enquanto tudo isso ocorre, esse responsável elemento do governo cumpre o honroso dever de sorrir à população com um ar que eu sinto ser “de quem sabe, mas não diz”, pomposamente protegido pelo célebre manto diáfano de fantasia, a que faço, por vezes, referência, e que o eleva à categoria de promotor de injustiça social, se nada fizer de concreto, imediato e eficaz.
Relativamente a uma considerável camada da população portuguesa, que vive deambulando pelas ruas “in mode” zombie, gostaria que fossem encontradas soluções para essa gente, vítimas directas de desamor e espelhos do que acontece a quem abusa do recurso ao uso permanente de substâncias psicotrópicas, maldição que lhes permite perder a consciência da verdadeira realidade de um mundo em transformação continuada, onde a ofensa à dignidade humana tem lugar de destaque.
Seria bom, também, que terminasse, de vez, a atribuição de culpas a governos anteriores. Essa desculpa já perdeu o prazo de validade. Ao assumir uma posição, há que arregaçar as mangas e provar competência. A incompetência de quem governou anteriormente faz parte do passado. Ou o novo substituto aceita o cargo ou o recusa. A elaboração de um programa concebido com o objectivo efectivo de renovação deste lindo país terá de dar provas do que há a fazer, e não do que poderia ter sido feito. Esse argumento já não "cola" como alibi para futuros erros imperdoáveis.
Ninguém poria em causa a vida privilegiada a que cada cidadão possa, meritoriamente, ter direito. O que deve ser posto em causa, a quem governa um país numa situação deplorável como a que se vive, actualmente, em Portugal, é não permitir-se governar mal, ou “governar-se bem”, sabendo perfeitamente que muita gente está a sucumbir devido à fome ou à ingestão de alimentos prejudiciais à sua saúde, porque não tem condições económicas para comprar melhor. Muita gente morre de fome e de vergonha, e o Estado fecha os olhos a essa realidade. Tais condições incitam, malogradamente, à violência de todo o género. Lugares de elevada responsabilidade, como o de primeiro-ministro – e não só – deveriam ser preenchidos por pessoas que não permitissem a esmola, em detrimento da elaboração de um claro programa de mudança radical, justo e transparente. “Dar esmola” ofende, mais ainda se o que se pretende é, tão-somente, apaziguar a revolta.
A concluir este manifesto de preocupação e de desagrado:
"A história parece repetir-se, e na Assembleia da República paira uma impávida expectativa de um “dois mil e qualquer coisa” que, forçosamente, recorda aos mais atentos e conhecedores de causa, o ano de mil novecentos e vinte e seis, em que a ditadura nacional se impôs. Isso é uma das coisas que a maioria não gostaria que voltasse a acontecer...”
Inicio este meu manifesto esclarecendo, primeiramente, que não tenho qualquer vantagem comercial com a publicação deste post. Desde a criação do meu site, em 2020, que tenho enfrentado um problema cada vez mais incómodo: o permanente aparecimento de spam nos comentários do que publico. O administrador do meu site tentou, permanentemente. quase todas as maneiras de lidar com este massacrante problema. Utilizou vários plugins e, por fim, no desespero, acabou desabilitando a opção de permitir comentários, medida que não é aconselhável mas, como referi, já estava desesperada. Até que, milagrosamente, descobriu o Anti-Spam do CleanTalk. Sinceramente, inicialmente, pensei que seria apenas mais um daqueles tantos plugins que instalaria no meu WordPress com poucas esperanças de livrar-me dessa praga -como muito bem sabe quem usa a plataforma. O facto é que, durante o período de teste, os malditos comentários de spam foram completamente neutralizados. Espantada, afirmo feliz ter decidido comprar a licença. Nunca mais tive estresse ou dores de cabeça por causa dessa verdadeira praga! Quem usa WordPress sabe, exactamente, a que me estou referindo. Conclusão: instale e experimente! Veja você mesmo os resultados e tire as suas próprias conclusões! Aqui está o respectivo link: https://cleantalk.org/ Muito grata, CleanTalk!
Esta saudade que sinto dói-me tanto quanto a resistência que perdi ao saber que partiste deste mundo. Foram muitos os anos que, entretanto, não conseguindo evitar pensar em ti, fui cavando em mim um mal profundo.
Tu eras vida e fogo, em minha vida. Vivia na esperança de que um dia passaria do sonho à realidade... Mas o tempo corria e eu... perdida na estrada mal amada em que seguia, queimava o tempo de forma inadequada.
O futuro que quis não é mais nosso. Estou farta desta vida de aquiescência contra a qual não quero mais lutar. Oh... esta dor com a qual não posso! Cada pedaço de mim é desistência, é barco abandonado, a naufragar.
Eu queria apenas ver-te, se pudesse... Não sei como... nem quando, meu amor. O tempo que tivemos... se perdeu. Aquilo que esperava que ele me desse não caberá no tempo ao meu dispor. Deixou de pertencer-me. Não é meu.
Não sei por que estou viva. Sou refém de mil pendentes esperando solução, para depois partir em liberdade. Não estás mais aqui. Estás num Além com o qual não tenho ligação e não consigo vencer esta saudade.
Quando existe uma situação de candidatura para a eleição de um novo chefe de governo, durante aquele período ando numa azáfama, na tentativa de perceber quem tem as melhores propostas de actuação. Tenho o cuidado de ouvir todas as acusações que cada candidato faz aos parceiros de campanha. Tento percepcionar bem os argumentos de cada um, contudo, geralmente acabo frustrada porque todos tentam iludir-me, e nenhum me convence. Cada um julga-se melhor do que os outros e, no geral, sinto que todos se consideram muito bem preparados para enfrentar o futuro.
É sabido que cada candidato a chefe de governo dá o melhor de si para vencer, mas normalmente sem convencer quem está de olhos bem abertos. No meu caso, e depois de reflectir cuidadosamente sobre a posição a assumir, acabo por fazer sempre o mesmo: voto no que foi eleito!
Após a eleição do escolhido pelo povo, faço sempre o mesmo: sento-me numa cadeira muito bem refestelada e espero que comece a onda de acusações ao governo anterior, à guisa de pré-justificação dos erros que, eventualmente, venha a cometer. E não tenho de me preocupar com o cenário, pois uso sempre o do ano anterior.
Sou fruto do casamento entre um jovem perfeccionista, Pai a cem por cento, e uma jovem maternalista, exemplar e dedicada. Fui por eles bem educada. Amo profundamente o mundo, mas nunca o que, através dele, se transforma em algo imundo: medo, egoísmo, vil traição, materialismo, perversão. Meus mecanismos de proteção: intransigência ao obverso do que vem por bem do universo. Caráter e personalidade, moldei-os na adversidade. Foram oitenta anos de luta, marcante, feroz, mas absoluta. A forma como estou na vida tornou-me frágil, mas decidida.. Sem crenças ideológicas ou teorias filosóficas, Viso a libertação de quem vive oprimido e sem ninguém. Com quem coabito… dou-me bem, basta apenas que me respeitem e que eu os respeite também. Sigo numa estrada errada que, de certeza, não escolhi... tal como o que adveio daí. Desilusões? Oh! Tive tantas! Contudo, hoje, já não me matam. O corpo já morreu! E a alma… dependerá de como a tratam. Restam-me bem dezanove luzes com que tu, ó vida, me seduzes.
Gerou-se em Portugal – e no mundo, com outros contornos adicionais – um clima angustiante de notícias relatando a prática de crimes horrendos, que estão a perturbar até os seres menos susceptíveis a distúrbios emocionais. Mas o que estará a passar-se para que pais matem filhos e casais se matem entre si, sem qualquer respeito pela vida a que todos têm direito? Que acção têm desenvolvido as supostas instituições humanitárias existentes? Sinto-me completamente desolada e confusa. Já não me basta, como justificação, as causas mais marcantes e variadas que possam provocar tais comportamentos.
Estaremos no limiar da eclosão de uma guerra sem precedentes, cujas consequências serão catastróficas para todos os seres do mundo, ou a consciência humanitária acabará por encontrar uma forma surpreendente de evitar o caos absoluto?