Mulher …
Você não é uma Mulher, apenas,
Você é graça, é arte, é beleza.
É o branco alvo de lindas açucenas,
é o melhor fruto que deu a Natureza.
Mulher …
Você nasceu com a grande missão
de dar vidas à vida, parindo na dor,
amando com garra, criando emoção,
e dando lições de força e de amor.
Mulher …
Você espalha luz em noites escuras,
em almas sofridas, carentes de beijos,
sem pena de si, passando-lhe agruras,
saciando corpos, matando desejos.
Mulher …
Você abre estradas e remove escombros,
distribui coragem, com ar de menina,
carregando a vida em cima dos ombros.
Mulher … Você é Divina!
Reinam no país grandes investigações
sobre quem serão os verdadeiros,
e quem serão os aldrabões.
Isto é... os trapaceiros!
(Vá lá alguém descobrir...)
Gerados jeitos e alguns trejeitos,
em quem responde às inquirições
feitas por sábios matreiros,
com estudadas intenções...
(... por exemplo, reflectir...)
O inquirido, com notória falta de firmeza,
claro está, busca a calma
e, tocando os lábios com subtileza,
dá provas de perturbação na alma...
(por duvidar da sua encenação.)
Adultos de sólida e provada formação,
passem aos jovens o ensinamento
que os conduz à realização
dum futuro em tudo isento.
A decepção abunda em Portugal!
Hoje vou aqui escrever
sobre uma preocupação,
que está na minha cabeça:
quero passar a comer
aquilo que me apeteça!
Vem um diz, dum alimento,
que é muito bom prà saúde,
mas passado um tempo, alguém,
diz-nos, com conhecimento,
que afinal, não nos faz bem!
Estou farta desta incerteza,
do que era e já não é,
do que é, que antes não era.
Desisto, na incerteza.
Tudo isto me exaspera.
Passarei a respeitar
a vontade que sentir
disto, ou daquilo, comer.
Afinal, se bem pensar,
todos temos que morrer.
Se bem que... melhor pensando...
se me dá uma camoeca,
e dou aos outros trabalho,
poderei ficar penando
e, por isso, me baralho.
Pode tornar-se um sarilho!
Passo a vida a confrontar-me
com coisas incompatíveis,
em tabelas que hoje empilho,
porque sei serem falíveis.
Se houver alguém que me diga,
com segurança credível,
o que faz bem à saúde,
sem me vir com a cantiga
que depende da atitude
perante cada alimento...
eu mando-a dar uma curva.
Comigo, não funciona.
Continuo sempre magra
por muita coisa que coma.
As palavras, quando as soltam,
ruam por todos os lados,
e correm de boca em boca
em muitos que, não calados,
e de cabeça assaz oca,
fazem lestos prognósticos
sobre isto, aquilo e aqueloutro,
...nem sempre com fundamento.
Sejam simples ou pernósticos,
maltrapilhas, ou letrados,
soltam palavras ao vento,
cheios de convicções...
só pra não estarem calados
e causarem reacções.
Chamemos-lhes tagarelas!
Há, porém, muitas palavras
que vivem encarceradas
em bocas que não se abrem.
São vítimas de cautelas
de pessoas previdentes.
Nas suas mentes não cabem,
nem as conversas da treta,
nem as de mentes doentes.
Outras há, mesmo de cultos,
a que não chamo palavras,
prefiro chamar insultos.
Vivem num estado perene
na boca de gente reles.
Insulto provoca insulto.
É ver quem se insulta mais!
Contudo, quando as palavras
são encerradas em livros
comprados por multidões...
passam a ser imortais.
Mais do que gerar palavras,
geram muitas emoções.
Ficam sujeitas à crítica
de quem as lê. Surdas, mudas...
estão ali. Oferecem tempo
a todo e qualquer leitor,
para que o seu pensamento
possa julgar e expor
sobre o tema que as juntou.
Não há dita por não dita.
Nenhuma dessas palavras
foi jogada para o ar.
Dispostas, na forma escrita,
a que alguém deu preferência,
passam a ser, uma a uma...
A Palavra! Sua Excelência!
Marco um encontro comigo.
Ora me atraso… ou não vou.
Tenho sempre uma razão.
É que ouvir-me - se consigo
explicar-me quem sou -
gera grande confusão.
Se pretendo analisar-me
neste quadro social
em que, confusa, estagnei…
acabo por magoar-me.
Encontro-me nele tão mal
que já nem sei quem serei.
Pergunto-me, revoltada,
como posso suportar-me
vivendo neste cenário…
Mas a resposta, aldrabada,
com que tento desculpar-me…
nem merece comentário.
Resignada, não estou.
Conivente… também não.
Gravito em torno de mim.
Já que não sei bem quem sou,
prefiro dar-me à paixão
de aturar-me até ao fim.
É por isso que um encontro
entre mim e eu, se afunda.
Complica-me o sistema.
Receio que um desencontro
entre as duas, nos confunda,
face a todo este dilema.
Deixa-me continuar a viver, ó Vida!
Dá-me algum desse teu drenado espaço
imune aos podres daquilo que é devasso.
Não tolero mais sentir-me comprometida
entre aquilo que realmente defendo
e o que me impingem, mas que não entendo.
Continuarei fiel ao que é correcto.
Não amo o mundo tal como ele está,
cheio de ostentação, e de gente má.
Amo o homem bom, desprezo o abjecto.
Que os anos que hão-de vir sejam de mudança,
e cesse o desrespeito pela criança.
Cai chuva miúda,
que atropela
a graúda
que fica nas nuvens,
esperando cair.
Vem suave,
mansinha,
com ar de santinha
mas vem pra ferir.
Me enlaço
num laço,
em jeito de abraço,
em jeito de amar.
Me giro,
me viro,
e fico suspensa,
com a chuva a cansar.
Traz sabor de fel,
disfarçado de mel,
e quando desperto,
não há céu aberto,
há nuvem cinzenta.
A chuva graúda,
que já não desgruda,
cai forte, não lenta.
Então, recomeço
de novo e tropeço.
Caio, mas não esqueço
a chuva miúda
que nem me saúda.
A outra que existe em mim,
por vezes é muito estranha.
Pinta os lábios com carmim
e, com uma vida tamanha,
se revolta,
me magoa,
se contravolta,
anda à toa…
quando aquilo que ela quer
eu não a deixo fazer.
Há dias em que é Mulher,
outros … nem sei que dizer.
Não me deixa sossegada.
Quando noite sinto em mim,
ela sente madrugada
e faz um grande chinfrim
dentro da minha cabeça,
até que eu lhe diga: SIM!
e faça o que lhe apeteça!
Já corre um novo ano, velozmente.
Vem com a pressa irritante de outros anos.
Enquanto muita esperança nos consente,
vai fabricando traições e desenganos.
Que corra, que tropece, que se estenda
na estrada que percorre sem comando.
Não temo qualquer pressa que transcenda
a velocidade dos passos que vou dando.
Vivo como posso e como sei,
aproveitando o tempo, que venero,
para fazer aquilo que hoje quero.
Na senda do caminho que tracei
já não há nada que me torne lesta.
Sou senhora do tempo que me resta.
Data da criação deste conteúdo:
2018-01-05
Do meu livro "Meus Caminhos de Cristal"
Hoje acordei muito tarde.
Cedi a uma preguiça
que me mantém submissa.
Nada tem de covardia,
mas tenho de ser correcta…
Eu virei assaz medrosa
desta força poderosa
que quer manter-me quieta.
Cada vez que penso dar
tempo ao tempo que ainda tenho...
acabo por perguntar
a mim mesma, com pesar,
se o tempo da minha vida
tem tempo para esperar.
É que me sinto perdida
num mar de tantos pendentes,
que tenho por resolver...
São coisas assaz urgentes
que o tempo, sempre a correr,
não quer deixar-me fazer.
Nem já posso perder tempo...
nem tenho tempo a perder.
Há folhas velhas pelo chão.
Estão secas. Perderam cor.
As que ainda ali não estão
sofrem de perdas de Amor.
A poda... já se avizinha.
Novas vidas surgirão
trazendo em cada folhinha
cores da velha geração.
É assim que o tempo faz.
Cada ciclo é uma mudança
que a Natureza nos lança.
Os velhos ficam pra trás.
Vão morrendo em prestações
que a morte cobra... em fracções!
Quando o lindo mar se agita,
por revolta no seu fundo,
há gente que, muito aflita,
teme que termine o mundo.
Não te encrespes mais, ó mar!
Apesar dos males que alastram,
iremos poder travar
o que tantos egos castram.
Que a ira não se repita!
Entranhada no teu fundo,
há um mal-estar que grita
contra um egoísmo imundo.
Elevamos nossa voz!
Vivamos todos na Terra
considerando que NÓS,
muitos EU e TU encerra.
(Dois excertos do meu livro)
.....................................
Pra terminar esta parte
da História de Portugal
e do seu nome também
(apenas porque convém),
acrescentarei, portanto,
que o nosso país de encanto,
em redor de Portus Cale,
era o Porto... tal e qual
(ou mais ou menos, digamos,
pra que não atraia enganos)!
Então como foi possível
este feito inverosímel
de termos crescido tanto?
Foram séculos de luta
com muitos filhos da mãe
que sempre nos invadiram
de causas para disputa
desse país de ninguém.
No ano mil cento e três,
um tal Henrique Borgonha
- morto nove anos mais tarde -
com uma coragem medonha
faz algo que maravilha:
Resolve ajudar Castilha
de forma não calculista
(ou calculista, talvez...)
na luta pela reconquista.
Grato por este seu gesto,
Afonso VI o que fez?
Nomeou o tal Henrique,
por vontade ou manifesto,
El Conde de Portugal.
Foi um acto excepcional,
porém, morre Afonso VI
e altera-se o contexto
em que tudo decorria.
No terminar de mais um ano controverso,
durante o qual muito foi mais, e pouco menos,
recorro ao meu livre direito de opinar
e toco no eterno drama do perverso,
e dos factos que considero mais extremos,
num país onde há um caos a criticar.
Entretanto o pobre passa fome...
Reina a desordem em diversos sectores.
Há uma onda chocante de comentários
de diferentes culturas, sem formação.
Deparamos com supostos senhores doutores
que, enfatuados, organizam plenários,
mas de boas soluções... pouco saberão.
Entretanto o pobre se consome
Os media, tendo em mente as audiências
e a distracção, bem “saudável”, do seu povo,
exibem novidades muito eclatantes,
tendenciosas, conforme as conveniências...
...com as quais já nem me movo nem me comovo,
nem me perco em ver programas degradantes.
Entretanto o pobre venceu a fome ...
E eis que o povo se transforma em gente
que já não quer saber do que Ronaldo tem
ou daquilo que Cristina lhes irá propor.
Tem agora bem cuidada a sua mente,
capaz de discernir o que é que lhe convém...
... isto é, matar a fome e gerar Amor!
Meus genitores já partiram.
Deixaram-me ensinamentos
que nem sempre pratiquei,
ou porque não me serviram
em específicos momentos...
- mais de recusa, direi -
ou, talvez, por ocasião
de rejeição e discórdia
sobre os nossos ideais...
... Ou seria uma questão
de teimosa monocórdia
nas suas ordens de pais???
Hoje, porém, reconheço,
que eles até tinham razão!
Por isso, principiantes,
uma coisa só vos peço:
invistam na Instrução.
Deixem de ser petulantes!
Há muito por aprenderem
sobre este mundo assaz louco
e que tanto surpreende.
Vale a pena compreenderem
que, afinal, sabem tão pouco,
que até petulância... ofende!
Quando a emoção te cala
porque uma imagem te fala...
Quando, no silêncio, impera
dentro de ti uma fera…
Quando, cansado da vida,
anseias a despedida.
Não deixes que te governe
o ódio, esse vil germe
capaz de corroer
o que de bom possas fazer.
Deixa que essa onda,
envergonhada, se esconda
no teu coração, que bate,
esperando que o tempo a mate.
Verás nascer novos dias
que, de cego, tu não vias.
Não esqueças que há crianças
que precisam de mudanças
feitas de paz, de querer,
para poderem crescer...
...um crescer em que o amor
encha este mundo de cor.
Mas quem foi a derrotista
que escreveu, mas não aceita,
“Quem ao nascer já vem torto,
tarde ou nunca se endireita?”
É possível a mudança
e luto por conseguir
testemunhar o progresso
e o que daí advir.
Conseguiremos por certo...
se todos nós propusermos
uns aos outros, cooperar
naquilo que bem pudermos.
Tenhamos, pois, a coragem
de entrar na luta alvitrando
tudo o que possa servir
p’ra que o mundo vá mudando.
Não será de imediato.
Pouco a pouco, no entanto,
é possível construir
um mundo cheio de encanto.
Contudo… neste meu crer,
há dias em que acredito…
com a melhor confiança,
mas há outros... em que hesito.
De quem é, então, a culpa?
Do culpado, ou de quem julga?
Puxo aqui o tema AMBIENTE,
que, ultimamente, se sente
em todo o mundo, alterado.
Tem sido negligenciado.
Portanto, decidi acrescentar,
ou direi mesmo, mudar
palavras neste poema,
para focar o dilema
que estamos vivendo já
no mundo, tal como está.
Há que tentarmos pôr fim,
por todos e até por mim,
no caos que está a gerar-se.
Quem estiver a marimbar-se
fugindo a regras impostas,
a que muitos viram costas,
deve sofrer um castigo.
Isso é acto de inimigo.
A mim também caberá,
apesar de idosa... vá,
fazer tudo o que puder
pra mudança acontecer.
Daí eu ter decidido
escrever aqui um pedido
de empenhamento geral.
E que ninguém leve a mal...
O que é vida vira morte,
(e não se trata de sorte!)
se este planeta, em risco,
não for protegido... Insisto:
Nós deixaremos cadilhos
aos netos dos nossos filhos,
se mantivermos estagnada
a questão de fazer... nada!
E pensei, de mim pra mim,
pôr este poema assim,
porque aquele, antes escrito,
pecava por ser restrito,
no tema aqui em questão.
Ora vamos lá então...
Quando o sol, luz irradia,
no começo de cada dia,
a Natureza implora,
estarmos atentos, na hora,
com rigor, e de bom jeito,
à dupla: Causa-Efeito.
Muda e cega, muita gente,
age de forma imprudente,
deixando subentender,
que não quer mesmo saber
do que se passa no mundo.
Claro que, enfim, no fundo,
não faz o que lhe compete,
e o futuro compromete!
Deixo a coisa neste pé:
Quem avisa… amigo é!
Procuro-me onde estava e como era
no tempo em que te amava loucamente
e duma forma transparente, tão sincera,
que eras presença mesmo estando ausente.
Se no espaço etéreo que te envolve,
adivinhar-te pudesse... eu te diria
que a lucidez que tenho não me devolve
aquilo que fui perdendo, dia após dia.
Pergunto-me, por vezes, onde estará
aquela outra que não sinto mais em mim.
Será que o nosso amor chegou ao fim?
Que se perca o tempo que não voltará,
mas que não se apague a recordação
daquilo que perdura no meu coração.
Se julgares-me te diverte, continua,
mas só eu sei quem sou e o que pretendo
quando tomo posições que tu condenas.
A tua convicção, na mentira flutua,
até que se dissolva em erros que não entendo.
Estás cheio de rancores que tu não drenas.
Liberta-te do peso que carregas
quando me julgas, carecendo de certeza.
Teus fundamentos nascem por incúria,
e por falsas convicções que sempre negas.
Acabas por cair em vil tristeza,
exactamente porque partem duma injúria.
Antes de me julgares, medita bem.
Sou eu a detentora das minhas razões
e da forma como quero conduzi-las.
Evita magoar-te. Não convém.
Perdes a força que têm as tuas opiniões
e o quanto te esforçaste, ao produzi-las.
Reencontrei-me num mar de exclusões.
Nada do que tivera, me seduzia,
e o que restou está nu do que era seu.
Em redor fala o silêncio. Não há recordações
daquilo que não era, mas parecia,
enquanto bajulavam o meu EU.
Se houve quem me amasse, eu não sabia.
Não foi perito na arte de se expor...
...ou sentiria remorsos se paz me desse?
O futuro? Que importa? Eu já sabia
que iria continuar sem ter amor,
contudo, tudo fiz pra que o tivesse.
Resta porém, feliz, a minha alma
serena, e inexoravelmente... calma.
Deixa-me ser Primavera
no Outono que em ti caiu.
Deixa-me ser a chama
que desperta a fera
que ainda não sucumbiu,
no teu corpo.
Não quero acreditar
que o que sentiste está morto.
Foste rei nos meus sonhos,
na minha paixão,
e no tanto que faz palpitar,
ainda, o meu coração.
Deixa que baile contigo.
Minha alma grita
por aquele Amor
tão vivo, outrora,
mas que não sinto, agora.
Deixa-me dar-me a ti.
Deixa-me recordar
o belo sonho que vivi.
E, se algo em ti mudou,
deixa-me continuar a amar
o que de bom, ficou.
Entrai, minha gente, entrai!
Nós, portugueses, sabemos,
que já não há quem debande
gente a mais. Todos cabemos!
Entre quem veio, e quem foi,
houve quem, tão bem, dizia...
“Levo barriga de boi
e a bolsa, não vai vazia”.
Basta que sejam estrangeiros...
Mesmo sem cobrar vintém,
estamos prontos a servir-vos
pra que nos alembrem bem.
Vinde de novo, almas santas!
Estão abertas as fronteiras
pra turistas especiais,
que tenham boas maneiras.
Tão bem estiveram por cá…
Outros verões haverão!
Com uns euros bem poupados,
terão sol, vinho e bom pão.
Se, realmente,voltarem,
quiçá ‘inda cá estaremos...
Simpatia, encontrarão!
Sobreviventes… veremos!
Se muitas preocupações te manifestam
presenças que originam desapego
a valores que, do passado, ainda restam...
procura o que na vida gera aconchego.
Liberta-te de penas que ainda sintas,
e que turvam a tua mente já cansada.
Luz e desaire são forças bem distintas.
Entrelaçam-se e confundem. Valem nada.
A luz em demasia ofusca a alma
que o desaire não deixa iluminar.
São duas forças diferentes a actuar.
Desamarra-te de tudo e busca calma.
Serás exemplo de força e de coragem,
e encherás de cores a tua imagem!
Sinto que as palavras são tão importantes!
Elas sobrepõem-se às pausas de silêncio
que por vezes - mesmo que por instantes -
sentimos serem necessárias. Quando em dor
as soltamos, arbitrariamente e, em baixa voz,
num ímpeto de mágoa, e sem rancor,
aliviamos a solidão se nos sentirmos sós.
Usemos as palavras com tanto, tanto Amor.
SE sentes que nos outros
tu já não crês,
porque alguém te feriu,
atraiçoando uma jura
que te fez…
SE estás a sentir que o mundo
desabou a teus pés,
porque a pessoa que amas
e a quem te confessavas
não te aceita como és.
SE sentes não seres capaz
de voltar a amar,
ferida no teu amor próprio
e sem qualquer vontade
de perdoar...
Olha o teu passo em frente.
Ele anseia prosseguir,
não importa por qual estrada
e a despeito dessa dor
que possas estar a sentir.
É no caminhar consciente
do que possas enfrentar,
que aumentarás a força
que tu não sabias ter,
nem precisar.
Não queiras olhar pra trás,
pra tudo o que tu deixaste.
Faz parte do teu passado,
dum tempo para esquecer.
Foi nele que te magoaste.
É no Futuro que deves acreditar,
criando Esperança.
Agarra a Vida com muito amor,
sentindo a força e o valor
do olhar duma criança.
Os sonhos morrem de velhos, um a um.
Não se ouve o voo dos pássaros coloridos
que aqueciam a alma e semeavam vida.
Neste lúgubre mundo já não há nenhum.
Nunca mais se viram. Estão desaparecidos.
São silêncio, dor e esperança traída.
No passado foram montes de paródia.
Tão pequeninos! Eram aves sedentas de Amor
que quem ama não nega. Estimula!
E o chilrear recrudescia, virava rapsódia
à Lagardère. Sem sentido… mas com tanto valor!
Sabia a felicidade que o tempo mata, anula.
Ele, que desgasta, gera alterações
na essência das coisas que brilhavam em nós
… e deixam-nos restos do que não esquecemos.
Acumulam-se, então, invernos, verões,
primaveras, outonos, que geram avós…
ficando a memória do que já não temos.
Aqui jaz
alguém que já nada faz,
nem, provavelmente,
o fez alguma vez.
Na caixa que o encerra,
deixa que a terra
o reduza à sua origem,
à sua expressão mais virgem.
Para ele, o Deve e o Haver
já não têm Razão de ser.
Para muitos,
a Contabilidade
é uma necessidade,
uma afirmação
da sua situação
na vida.
O seu valor humano,
é directamente proporcional
ao valor
do seu Capital.
É um conceito desumano.
Mas é assim.
Contudo,
esse valor não é tudo.
É nada!
É a tua essência mascarada.
É um cálculo errado,
que te fará passar
à categoria de condenado
se nada tiveres.
A vida tem um valor
de dimensão maior
e mais profunda,
nesta sociedade
moribunda.
Eu tento ignorar
estes valores mesquinhos,
em que abunda,
Perversidade,
Corrupção
e Traição.
Vida ...
é um coração que bate,
que vibra,
que agita,
que sente
um amor ausente,
que não está mais presente.
Eu sei onde está o valor
de cada um de nós,
mesmo sem Contabilidade.
Está no amor
pelos que sofrem.
Essa é que é a verdade!
Parte tranquilo, dois mil e vinte e dois.
Leva contigo o mal que nos fizeste
e deixa ficar o que de bom trouxeste.
Tivemos esperança em ti. Pouco depois...
com o decorrer dos dias e dos meses,
perdemos a ilusão de tu seres diferente.
Seguiste a linha do ano precedente,
e começou uma escalada de reveses.
Sentia-se uma certa baralhação
na questão da saúde e também da vida.
Favoreceste a morte, essa bandida!
Fizeste do tempo uma péssima gestão!
Quero ver-te partir em boa ordem!
Que venha, pois, dois mil e vinte e três
e que seja feita, finalmente, desta vez,
a cessação do tempo da desordem.
Carecemos duma mudança radical
no sector da saúde e do bem viver,
com alimentos de confiança pra comer.
Há gente a sucumbir, por viver mal.
Data da criação deste conteúdo:
2022-12-31
Imagem: Javon Swaby
Balanço no balancear
dos anos que já lá vão.
Já deixei de os contar
de tantos anos que são.
Dei de mim até estourar.
Rebentei como um balão.
Espalhei-me toda no ar,
só me resta o coração.
É ele o que balanceia...
Não sabe quando parar.
Espalha Amor sem ter ideia
do quanto me faz chorar.
Meu corpo já não existe,
não sei onde foi parar.
Só o coração resiste
a tanta sede de Amar.
Vivo ao sabor das marés.
Poucas vazas, muitas cheias.
Se o mar não acalma as ondas...
se agitarão as areias.
Sofro as loucuras da Vida!
De tanto sofrer... estou louca.
Gritando passo meus dias...
de tanto gritar... estou rouca.
Estou farta da confusão
de um vai e vem que me cansa
e me deixa perturbada.
Com tanto golpe à traição,
trairam-me a confiança
e já não creio em mais nada!
Sou folha colorida... num Outono frio,
oscilando num ramo onde já fui vida.
Permaneço ocupante de um espaço vazio
recusando tornar-me uma folha caída.
O meu balançar é balanço morto.
Perdi toda a força que a vida me deu.
Meu pecíolo preso àquele ramo torto
ameaça soltar-se desde que nasceu.
Contudo, acusando um carácter teimoso
no espaço vazio que agora é ventoso,
oscilo agarrando-me àquilo que eu amo.
Vai longe a beleza que tem cada Maio.
Mantenho-me assim... nem desisto, nem caio...
e enquanto suspensa, meus versos declamo.
Foram anos e anos de grande trovoada.
Não havia sossego no meu lindo país,
nem uma forma de alguém sentir-se feliz.
Minha mão tremendo, estava cheia de nada,
afagando a alma de quem queria mais,
mas faltava paz e liberdade de acção,
para que as crianças... nessa vil condição,
recebessem conforto e bem estar reais.
..........
Foram anos e anos de vidas sem sentido.
Os sonhos morreram... mas ficou a ilusão
de que tudo mudaria. E porque não
se a trovoada tinha desaparecido?
Mas outras tempestades, ainda mais pesadas,
fizeram-se ecoar, dia e noite adentro...
O factor idade era, agora, o epicentro
da minha memória, onde estão bem gravadas
velhas recordações que me mantêm cativa.
Oh meu perseguidor e cruel mês de Setembro...
Tu voltaste à carga! Sim, porque bem me lembro
de cada um dos teus anos, enquanto for viva.
Cativa serei, mas não me sentirei vencida.
Seguirei lutando. SIM... PORQUE EU AMO A VIDA!
Foram lindos os meus tempos de criança
alegre, aventureira, destemida.
À palavra de ordem, "Vai, Avança!",
pulava de contente para a vida.
Qualquer cenário era colorido.
Desconhecia o preto, ou o cinzento...
Tinha conselhos guardados no ouvido
mas só ouvia deles... uns dois por cento.
Quisera fosse assim eternamente...
sem cristais, nem lobos pelos meus caminhos,
e estes... nunca atacaram sozinhos.
As lições que retenho na minha mente
recordam-me sempre os tanto por cento
que, em pequenina, usava a meu contento.
Duas pestes coabitam
no meio da multidão.
Perturbam, maçam, agitam,
são um mal sem solução.
A primeira, a Ignorância
- crassa e até desordeira -
se persiste sem “substância”
arrisca a gerar cegueira.
Depois, há a Petulância.
latente nos sabichões.
Ostentam muita arrogância.
Provocam indigestões.
Os dois grupos são perigosos
quando reais opressores.
São os dois capciosos,
a que chamo... “os professores”.
Urge curar este todo
de gente assaz convencida.
Só de ouvi-los me incomodo.
São os pobres desta vida.
O dinheiro não distingue
graus de conhecimentos.
Quanto valerás se extingue
em tristes comportamentos..
Ignorantes, ou cultos,
fundem-se na actuação
se ambos geram tumulto,
perturbando a multidão.
Estranho costume o daquele
que faz do "meu", "seu" também.
Sem ter respeito ou pudor,
vai aumentando o que é dele,
sem a ética que convém.
Para eles, sem excepções,
Esta é a vida melhor
e, nesta luta de bens,
a condição dos ladrões,
passa de má... a pior.
Há três tipos de rapinas,
que o desonesto consome:
Uns... só roubam por doença,
outros... por serem sovinas,
outros roubam pela fome.
Por doença, há que curá-la
com um método eficaz.
Por ganância, há que vencê-la.
Pela fome, há que matá-la,
senão, não se vive em Paz.
À mistura com a rapina,
há mais formas de conduta,
que incomodam tanta gente
que a exalta e amotina,
e a faz partir prá luta.
Nesta guerra imaterial,
há que pegar pela ponta,
começando pelo imbecil
que, indiferente à moral,
alimenta o faz de conta.
Com discursos de fachada,
- sem nada a ver com o que sentem -
deixam muitos convencidos
que a razão arquitectada,
está do lado dos que mentem,
e há outros, aos milhões,
que vivem em sintonia,
querendo fazer um cerco
a esta corja de ladrões,
que cresce dia, após dia.
Leio, na transparência linda da tua alma
que amarás aquilo que ambos comungamos
mesmo quando tu, cansado e quase sem calma,
escavas paciência no que partilhamos.
São acordos de amor, laivos de atenção
na procura de algo que não sei explicar.
Busco mil tesouros que tens no teu coração,
os quais te devolvo num maroto olhar.
Um olhar apenas. Fico presa a ti.
Sentirás tu, Pai, o que vale pra mim
entregares-te assim à minha malandrice?
São poemas de amor que não vi... nem li.
Páginas de estórias que nunca terão fim...
Verdadeiros sonhos da minha meninice.
Tipologia: Embrião,
quer seja esperado, ou não.
Sua condição: Gerado.
Tem Vida, não tem Passado.
Posto na fila de “Espera”,
espera... mas não desespera!
Espera alimento e conforto,
senão, pode nascer torto.
Na sua espera, assaz calma,
não tem conflitos de alma.
Nove meses, como ser,
dão-lhe a honra de nascer.
Um certo aperto no espaço,
fá-lo sair do embaraço.
Natus Sum! Aqui começa
uma reacção expressa
de várias formas. A espera,
- que antes de ser, já o era
no ventre de sua Mãe -
grita, mas não ouve... Amén!
E continua esperando
sem dela ter o comando...
porque “Veni, Vedi, Vici”
nem sempre funciona aqui.
É que a espera, essa raínha,
é lenta quando caminha.
Esperar... palavra assaz dura,
vira doença sem cura,
se quem de esperar se cansa
e o que quer... não alcança!
Estado normal: Esperar!
Entretanto... vimos passar
o tempo que nos foi dado
pra viver cá deste lado.
Não sei se lá, no Além,
iremos esperar também.
Esperámos para nascer.
Esperamos melhor viver.
Esperamos tudo, afinal.
Maldita praga geral!
Data da criação deste conteúdo:
2016-01-28
Imagem: David Bartus
Se o lôbrego cenário em que te fechas,
recrudesce e amodorra a tua vida,
não quero mais ouvir as tuas queixas,
fundadas na tua mente empedernida.
Cada vez que, rangendo ao meu ouvido,
me vens falar da tua fé e crença,
afadigas o meu ser que, consumido,
acredita que em ti... é já doença.
Aurindo uma doutrina em que não creio,
coleias, devagar, e adivinho
não perceberes que eu, não serpenteio…
Se aquilo em que acredito, tu não crês,
prefiro mudar meu rumo, meu caminho,
ao remansar da tua insensatez.
Em jeito de espiroqueta
vai fermosa e bem segura,
Leonor… pela verdura,
mas ouve uma obsoleta
piada de garanhão,
e dispara-lhe a tensão.
Renuindo e avançando
achou ser um impropério
piropear-lhe um galdério!
Pior ainda... cantando!
O que disse aquele machão,
implicava uma reacção.
Leonor, perante as tretas
que a incitavam a agir,
teve mesmo de intervir.
Desferiu-lhe duas galhetas,
em jeito de punição,
e acabou-se a questão.
Teria a alma do poeta
- lá do sítio onde ela está -
visto o que se passou cá?
Não estará ela inquieta?
É que as Lianores de agora
não são como as de outrora.
Ofereces resistência
às suas investidas...
...em jeito de brincadeira,
mas atenção à insistência
das batidas.
Cada uma, traiçoeira,
arrasta prepotência
e... água mole, em pedra dura
...tanto dá até que fura!
Queria ser perfeita. Não consigo.
Sou reflexo de dor, por um castigo
vindo não sei de quem. Quiçá do Além
que desconheço, que teve - ou ainda tem -
algum ressentimento contra mim.
Será por isso que me mantém assim.
Escondo sentimentos que este mundo
não iria compreender mas que, no fundo,
controlo como posso ou como sei.
São fruto do rumo que tomei
e do qual hoje me sinto assaz culpada.
Porém, de malvadez, não teve nada.
Na vida amei - eu sei...- amei demais!
Não tenho, a definir-me, muito mais...
… e que ninguém se convença
que esta podridão... não vença.
Habilmente protegida
por gente para quem a vida
dos outros, nada lhes diz,
não chegamos à raiz...
Essa, está forte e segura,
a avaliar pela procura
de muita gente de nome
que nunca passará fome
enquanto o dinheiro dura.
Haja drogas com fartura
e traficantes da mesma!
Seu fim, tem passo de lesma.
Enquanto muitos vão “dentro”,
muitos outros, os do centro
desta maralha de gente
muito rica e indecente,
vivem da morte. Que importa?
Entraram por uma porta
que parece sempre aberta
.... apesar de tanto alerta!
Drogas leves, ou pesadas,
fumadas ou snifadas
por muita, mesmo muita gente
com a mente já doente...
estão condenados à morte,
se não fizerem um corte
no consumo que os destrói.
Até dói vê-los sofrer! Oh se dói!
Enquanto isso, traficantes,
por seus actos revoltantes,
deixam num caos bem profundo,
famílias de todo o mundo.
Data da criação do conteúdo:
2016-06-10
Imagem: Kindel Media
Questiona-se o futuro que daremos
a cada jovem, no auge da ambição.
Nós, adultos, perante o que hoje vemos,
sentimos o nosso esforço ser em vão.
Não se vislumbram sinais fortes e reais,
de gente vocacionada prà mudança,
quando os governos não vêem que há chacais,
que conduzem o país à insegurança.
É todo o jovem, esperançado e crente,
que dos adultos espera a solução
...mas não conseguem remar contra a corrente!
Deixemos que sorriam os que acreditam
numa réstia de luz na escuridão.
Os velhos...já não se envolvem, só meditam!
O tempo gasta-se,
tal como a nossa paciência,
mas é um segredo do tempo
a grande conveniência
de saber esperar.
O tempo aflige,
tal como o sofrer duma criança,
mas é um segredo do tempo
pesar, numa balança,
o possível e o desejável.
Dar tempo ao tempo
pode ser o mais aconselhável.
O tempo corre veloz,
mas é um segredo do tempo
podermos dar corpo à voz
de todos nós, pelos que sofrem.
O tempo é professor.
Deixemos que ele nos dê
mais lições onde o amor
seja a palavra de ordem,
para que o mundo não acabe
numa grande desordem.
O tempo não é nosso,
foi-nos cedido
por um ano, um mês, um dia...
Ele não deve ser perdido.
Saibamos amá-lo
com sabedoria,
senão corremos o risco
de não chegarmos a aproveitá-lo.
As leis devem ser cumpridas!
São duras, mas não faz mal
se com justiça criadas
e com justiça votadas
pra todo o crime, em geral.
Porém, há casos chocantes
tanto nas mal concebidas,
como nas mal aplicadas.
Vejamos só este caso...
das taxas que nós pagamos
dentro de assaz curto prazo.
Quando um pobre ser, coitado,
tem um percalço na vida
e vê-se, então, condenado
a não poder liquidar
todas as contas do mês...
Seu sossego...era uma vez!
Por qualquer valor em débito,
nem que sejam poucos euros,
penhoram-lhe a própria casa,
e o salário que tem,
em tempo record. Pois bem...
Se, no entanto, um ministro,
ou outro VIP qualquer
que tenha um certo poder,
cometer um acto-crime
que lese gente, em geral,
será também condenado,
contudo, o tempo que leva
a resolver o seu caso,
dá-lhe tempo pra girar
os seus bens pra outro nome
...ou até divorciar-se.
Esse, nunca morre à fome!
Podemos ter a certeza.
O tempo que vai levar
o seu caso a resolver...
dá pano pra muita manga
enquanto o pobre, impotente,
fica doente... e de tanga!
Este, o que tiver,
seja pouco, ou seja nada,
não precisa daquele tempo
e, com a casa penhorada,
só poderá ir pensando
onde meter a família
porque até mesmo a mobília
que comprou, sacrificado,
vendeu para ir pagando
aquilo que deve ao Estado.
Pode, bons anos depois,
o VIP vir a ser preso
mas, raramente indefeso,
terá sempre gentil oferta
duma alternativa aberta
por um qualquer “bom amigo”...
Pois é com pesar que vos digo
que há leis no nosso país,
que não cortam males pela raiz.
Adormeceram em mim vontades insaciadas
que me pediam tanto, mas gostavam de tão pouco.
Eram sedes abstractas, muito inadequadas
à minha alma imaterial, num mundo louco.
Hoje, compreendo minha luta interior.
Estava incarcerada, amando a liberdade.
Lutava, por dever, contra um imenso Amor,
entalada entre o desejo, e a saudade!
Adormecia a dor num constante rodopio.
Travei ímpetos que o dever não me consentiu,
mas não perdi a esperança, nem o amor à Vida.
Apagaram-se as luzes. É tempo de descanso!
Queria renascer, pra reviver, mas já me canso...
Há tantos compromissos de que estou arrependida.
… e quando sentires que à tua volta,
tudo soa falso e tudo te cansa,
busca um ser pequeno.
Nada mais doce do que um amor pleno
reflectido no olhar duma criança.
Sim, porque no tempo, esse olhar muda.
Que ninguém duvide. Que ninguém se iluda.
A vida embaciará aquele espelho
que, pouco a pouco, irá ficando velho,
queimado pelo fogo de paixões
e do álgido efeito de muitas decepções.