FORA DE CENA


O dia saiu de cena.
Acabou a encenação.
Por hoje, fechou-se o palco
onde ao vivo fiz, serena,
o papel de aventureira.
Sobre penas, que ainda calco,
nos bastidores me deleito
por ter sido verdadeira.

Fiz uso deste meu jeito
de disfarçar, simular,
de esconder-me, de sorrir..
sendo eu mesma, sem fingir.
Não faço papel de actriz;
não recrio fantasias.
As mágoas perdurarão
no tempo, com cicatriz.

Dói-me que o meu calendário,
corra veloz num cortejo
de meses, parecendo dias.
Sinto pena que o cenário
não me tenha dado ensejo
de esconder o que me dói.
Ferida que o tempo não cura…
não desvanece… corrói.


Data da criação deste conteúdo:
2014-05-12