Maria Letra nasceu em Coimbra, a 20 de Setembro de 1938. Escreve poesia desde os 13 anos, idade em que manifestou a sua preferência por esta forma literária. Possui os cursos Comercial e Liceal, completos, tendo aperfeiçoado os seus conhecimentos das línguas Inglesa e Francesa em escolas estrangeiras. Aos 22 anos foi para Londres, onde estudou no conceituado colégio “The West London College”. Foi secretária de direcção e tradutora técnica durante 35 anos, e empresária durante 17.
Deixou Portugal para viver em Itália em 1989, por exigências de trabalho, mas três anos depois fixou residência definitiva no Reino Unido.
Lvros publicaos: “Meus Caminhos de Cristal”, em 2011, e "Meu Pequeno Grande País, em 2017.
Estou vivendo neste mundo,
cada dia mais imundo,
com esperança e muita coragem.
Estou seguindo uma viagem.
Não sei bem de onde parti,
nem sei o que faço aqui.
Calmamente, vou tentando
nunca perder o comando
de mim e das ambições
que criei, sem condições.
Sigo amarrada a mim própria,
talvez duma forma imprópria,
mas é aquela que aguenta,
com tudo o que me atormenta.
Com Amor seguem, comigo,
quem de mim fez seu abrigo.
Amanhã, os que hoje estão,
quem sabe, já não estarão,
quando livres se sentirem.
Chorarei por eles partirem,
em busca dum seu Futuro,
menos preso, menos duro.
Farão o que fiz um dia,
quando buscava o que queria...
Libertei-me de uma amarra,
cheia de força, de garra,
e a muitas mais fiquei presa.
De nada tenho a certeza,
mas seguirei sempre em frente.
Muito há que me contente,
nesta ânsia de viver.
Eu sinto que irei vencer,
mas se não for, paciência!
Eu sou contra a desistência.
Que acelerem os meus passos
e que os meus braços se estendam.
Quero abraçar-te, amanhã.
Há que enfrentar os devassos,
se mais crianças morrerem
e a morte virar campeã.
Que se condenem traidores,
que a justiça protegeu.
Que se puna cada ser
de sistemas opressores.
Há nuvens negras no céu
e crimes a acontecer..
Vejo flores a murchar
e fontes que já secaram
porque o ódio... gera guerra.
Mal consigo caminhar...
Cansaram-me os que espalharam
a incúria aqui na Terra.
Talvez porque as minhas decisões são tomadas sem considerar que há um EU que eu devo respeitar em primeiro lugar, tenho caído algumas vezes no erro de, muito prontamente, achar por bem seguir o que um médico me aconselha ou o que uma necessidade pessoal, por qualquer outra razão, me impõe. Não é a primeira vez, portanto, que caio no ridículo de não cumprir o que, levianamente, comuniquei que faria. Mentira! Tudo mentira, porque há em mim impulsos que não consigo, efectivamente, travar. Refiro-me, por exemplo, ao que transmito, publicamente, como por exemplo, que passarei a ser mais comedida nos meus excessos de horas de trabalho… QUE NÃO RESPEITO!
a) Já teria idade, por exemplo, para não me meter em esquemas complicados como, por exemplo, trabalhar com o sistema operativo Linux, de que tanto gosto, mas que atrai o meu gosto pela boa organização dos conteúdos que fui criando ao longo dos anos, absorvendo o tempo que deveria usar para repousar, sobretudo à noite.
b) Já teria idade para interpretar apenas o papel de Avó Nhó Nhó, mas isso toca fundo no plano das emoções, plano esse que me está interdito pela minha natureza. Por essa razão, escrevo, pesquiso, ou crio, afim de manter-me numa plataforma muito particular, para que o meu coração se mantenha calmo… pois sofre de mau bater quando lhe tocam fundo.
a) O Web Master do meu site, é o meu filho Miguel Letra, que por vezes vai “aos arames” porque eu ouso penetrar em vias que me são interditas. E o que é que acontece? Há discussão acesa e acabamos por ficar de costas voltadas. Isso sim, faz-me mal, até porque eu preciso do seu apoio e, aí, achamos por bem recorrer a uma qualidade comum aos dois: em cinco minutos perdoamo-nos mutuamente.
Após esta explicação, que claramente não evidencia qualquer vontade, da minha parte, de seguir o que me é, superiormente, aconselhado, peço o favor de não confiarem em mim quando declaro, publicamente, que irei entrar numa fase de restrição de exageros, porque pode acabar por não ser verdade. Com esta idade já não irei mudar e, portanto, apelo à benevolente aceitação dos meus amigos, no que se refere
• à minha impulsividade, quando não penso, primeiramente, em mim, e não no que me dizem para não fazer.
• à minha desobediência, quando não consigo travar o respeito que deveria ter pelo meu descanso.
Portanto, enquanto puder, continuarei a seguir a terapia de que mais gosto: ESCREVER, CRIAR, APRENDER, DESABAFAR, enfim...VIVER! Quem não estiver de acordo, que faça o favor de ignorar-me. Ficarei triste, mas continuarei a ser EU MESMA.
Não me assusta nada a Morte, mas a Vida, agora, sim! Ela avança sem saber o que bem fazer de mim. É dela que eu tenho medo. Sinto uma luta entre as duas quando, como hoje, me excedo e fico horas e horas a pensar no que inventar para não ser castigada por este meu “deixa andar”... Soluções? Não encontrei porque o caminho que sigo diz-me que olhe por mim, mas afinal... não consigo!
Hoje vou referir aqui um artigo que escrevi há cerca de nove anos. Só tive de refrescar um ou outro parágrafo… Deixei Coimbra, a minha Terra Natal, quando Salazar estava, ainda, no poder. Era muito nova, mas apercebia-me de que “o ar era pesado”. Isso não passava despercebido à minha sensibilidade. Em cada canto ouvia-se sussurrar contra o regime. Vivia-se mal. A fome andava escondida, porque se alguém fosse apanhado a pedir, na rua, corria o risco de ser preso/a. Hoje, temos como que um vidro transparente e podemos ver, ou adivinhar, o que vai acontecendo – até certo ponto! – com maior ou menor facilidade. Sim, até certo ponto por duas razões: a) porque anda muita verdade mentirosa à solta… b) porque há muitas pessoas que escondem o que se passa no seu seio familiar. Têm vergonha. Sabemos que, para uma parte da nossa sociedade, a favor e praticante das aparências, quem passa fome é como quem sofre de doença rara, contagiosa. É conveniente mantê-la afastada, ignorada até do seu círculo social. Quantas pessoas preferem o silêncio, ou eventualmente a morte, a dar a conhecer o que está a passar-se nos seus lares. Homem honrado não deve ter dívidas, mas ladrão disfarçado de qualquer coisa, do que quer que seja, pode fazer o que ele quiser, desde que lhe consintam esconder-se do roubado. Há como que uma certa protecção oferecida a quem souber roubar bem. Embora saibamos que os alertas vão surgindo e as irregularidades se vão descobrindo, o ladrão de cartola continua muito bem protegido. Sofisticado, continua a operar em vários sectores, com uma considerável desfaçatez e coragem, até porque o julgamento dos actos descobertos arrastam processos lentos e de insuficiente justiça, e “os dito cujos” continuam a operar in modo ”deixa andar”… Haverá sempre um parágrafo à lei, um disfarce, uma camuflagem de acções, etc., de tal ordem possível, que mesmo que descobertos e presos, o bom ladrão acaba por ser compensado. Ele sabe que, mais tarde ou mais cedo, vai ser libertado. Urge continuar a roubar ou terão de encontrar-lhe um tacho sedutor, trabalhando algures, num outro lugar de destaque, não importa onde, como recompensa por ter sido preso, coitadito. Não convém reduzir o número de actuantes deste calibre, até porque ele pode acabar por vir a tornar-se em mais um a sofrer da praga que só é permitida aos roubados: passar fome. Isso não pode acontecer, que será mais uma despesa para o estado.
Há uma notória revolução generalizada nos neurónios da humanidade. Estamos em presença de regressos cíclicos de crimes inconcebíveis, cometidos no passado, ou trata-se de programas demoníacos em actividade no presente?
Hoje vou aqui escrever
sobre uma preocupação,
que está na minha cabeça:
quero passar a comer
aquilo que me apeteça!
Vem um diz, dum alimento,
que é muito bom prà saúde,
mas passado um tempo, alguém,
diz-nos, com conhecimento,
que afinal, não nos faz bem!
Estou farta desta incerteza,
do que era e já não é,
do que é, que antes não era.
Desisto, na incerteza.
Tudo isto me exaspera.
Passarei a respeitar
a vontade que sentir
disto, ou daquilo, comer.
Afinal, se bem pensar,
todos temos que morrer.
Se bem que... melhor pensando...
se me dá uma camoeca,
e dou aos outros trabalho,
poderei ficar penando
e, por isso, me baralho.
Pode tornar-se um sarilho!
Passo a vida a confrontar-me
com coisas incompatíveis,
em tabelas que hoje empilho,
porque sei serem falíveis.
Se houver alguém que me diga,
com segurança credível,
o que faz bem à saúde,
sem me vir com a cantiga
que depende da atitude
perante cada alimento...
eu mando-a dar uma curva.
Comigo, não funciona.
Continuo sempre magra
por muita coisa que coma.
Queria ser perfeita. Não consigo.
Sou reflexo de dor, por um castigo
vindo não sei de quem. Quiçá do Além
que desconheço, que teve - ou ainda tem -
algum ressentimento contra mim.
Será por isso que me mantém assim.
Escondo sentimentos que este mundo
não iria compreender mas que, no fundo,
controlo como posso ou como sei.
São fruto do rumo que tomei
e do qual hoje me sinto assaz culpada.
Porém, de malvadez, não teve nada.
Na vida amei - eu sei...- amei demais!
Não tenho, a definir-me, muito mais...
A palavra... já não basta!
A oração... não resulta!
Tanta coisa que contrasta...
Tanta coisa sinto oculta...
Intenções de vária ordem,
ligadas à vil ganância,
colocaram em desordem,
Amor, Paz e Tolerância.
Os sonhos morrem de velhos, um a um.
Não se ouve o voo dos pássaros coloridos
que aqueciam a alma e semeavam vida.
Neste lúgubre mundo já não há nenhum.
Nunca mais se viram. Estão desaparecidos.
São silêncio, dor e esperança traída.
No passado foram montes de paródia.
Tão pequeninos! Eram aves sedentas de Amor
que quem ama não nega. Estimula!
E o chilrear recrudescia, virava rapsódia
à Lagardère. Sem sentido… mas com tanto valor!
Sabia a felicidade que o tempo mata, anula.
Ele, que desgasta, gera alterações
na essência das coisas que brilhavam em nós
… e deixam-nos restos do que não esquecemos.
Acumulam-se, então, invernos, verões,
primaveras, outonos, que geram avós…
ficando a memória do que já não temos.
Há folhas velhas pelo chão.
Estão secas. Perderam cor.
As que ainda ali não estão
sofrem de perdas de Amor.
A poda... já se avizinha.
Novas vidas surgirão
trazendo em cada folhinha
cores da velha geração.
É assim que o tempo faz.
Cada ciclo é uma mudança
que a Natureza nos lança.
Os velhos ficam pra trás.
Vão morrendo em prestações
que a morte cobra... em fracções!
Vou abrir uma janela,
espreitar a Vida lá fora;
Cá dentro o ar me sufoca,
desde que tu foste embora.
Janela aberta prà Vida,
vigora a Vida de quem
abre o coração de novo,
e dá Vida a outro alguém.
Data da criação deste conteúdo:
2011-04-11
Autora do poema: Susana Letra
Vou abrir uma porta nova,
Onde a Vida nunca esteve.
Urge que o Sol possa entrar.
Adiei anos e anos,
Belos projetos que tinha,
Reservados para um dia…
Indiferente a que o tempo,
Rival da Vida, corria.
Uni-me à força que tinha,
Marcada por muitos sonhos
Aos quais tinha renunciado.
Parti, então, na aventura,
O que até então não fiz,
Receosa de que o sonho,
Tombasse pela raiz,
Acabando em desventura.
Data da criação deste conteúdo:
2011-04-25
Poema acróstico
Os anos vão avançando
e eu vou-me transformando…
Sinto-me muito carente
da força que hoje não tenho.
É um não sei quê… Algo estranho...
pois não sou quem era outrora!
Diluiu-se a inspiração.
A que tenho pouco presta...
Estou entre o caos e a acção!
É tão pobre o que me resta
do muito que já perdi,
que não ato... nem desato.
De tudo quero isolar-me.
Dizem que sou poetisa,
mas tal não se concretiza,
quando procuro escrever.
Não sou real, nem concreta,
no que escrevo... e no que digo.
Eu provo... mas não consigo.
As rimas que vou criando
se baralham, me exasperam,
se confundem, ou se fundem
se atropelam, se retraem.
São pobres letras dançando
nos versos que a mente traem.
Escondem-se dentro da rede
dum todo de fantasia
onde o que há é só sede
daquilo que tive um dia.
Os versos que agora faço,
geram-me um grande embaraço,
que não me deixa viver.
O pouco de que era abastada,
já perdi. Só resta... nada!
Minha alma quer renovar-se,
alongar-se, adaptar-se
a este barco sem remos.
Se consome neste estado
de intranquila disputa
travada comigo mesma.
É uma luta incomum,
e enquanto a coragem rasgo...
com a inspiração me engasgo,
por rimas sem jeito algum...
Em suma, compilo versos
muito meus, muito simplórios,
focando temas diversos.
Contudo…. são recorrentes
longas crises de jejum,
sem um poema escrever.
Recuso-me versejar!
Já não consigo criar!
Os elementos básicos duma fotografia,
trabalhados pelo artista que os recria,
podem retratar uma transformação
que os desvia da realidade para a ficção.
Data da criação deste conteúdo:
2023-09-30
Autor da imagem: Miguel Letra
Queria ter força, fugir, mesmo sem saber de quê. Deixar o mundo, partir em busca dum tal “por quê” que nunca me dá descanso e não deixa de seguir-me. Quando me enervo, me amanso. Já não quero mais trair-me. Enroscada no meu “EU”, continuo a procurar-me, mas não me encontro Deus meu!
Que o estado não tome uma posição contra o abuso da violência de títulos e de imagens a que V. Ex.ªs recorrem para venderem a Vossa revista, já sabemos. Continuarei, porém, a bater na mesma tecla, a da inconveniência de tal abuso o qual, através de uma posição mediadora, entre o Governo e os Directores da revista, talvez pudesse levar a um consenso sobre essa matéria. Ainda acredito, piamente, que haverá muitos Pais, Avós e até pessoas que não têm filhos nem netos, que defenderão a posição que, pessoalmente, desejaria fosse tomada. Já temos tanta violência na nossa sociedade, para quê exacerbar ainda mais essa realidade? Em prol de um aumento de audiências? Escolham outra táctica. Somos um País de gente com muita inspiração, consequentemente, não será impossível criar uma outra forma de chamar a atenção do público.
Quero deixar aqui bem claro que esta minha posição NÃO TEM NADA A VER COM AS PESSOAS QUE APRECIAM TELENOVELAS. Tem, tão somente, a ver com o facto de ser prudente estarmos continuamente a insistir na necessidade de fazermos tudo para travar a barbaridade de tantas mortes, algumas das quais tão violentas, que é insuportável descrever, ler ou ver vídeos relativos à mesma.
Peço, portanto, humildemente, aos responsáveis pela criação das páginas desta revista e de outras que possam ser publicadas, uma atenção muito especial a ser dada a este assunto para que seja feito o máximo para pôr termo à escalada de violência que se pratica em Portugal. Pessoalmente, continuarei a insistir na conveniência de travar esta recorrência ao uso de violência como solução de conflitos de todo e qualquer tipo. Obviamente que o que se publica na capa da revista Tele Novelas, não representa, só por si, a causa da violência, mas seria bom actuar em tudo o que possa, eventualmente, agudizar a incitação ao crime e à violência.
Data da Criação deste conteúdo:
2023-09-24
Imagem da Revista Tele Novelas
Minha mente não está calma…
Sinto um grande desconforto
no seu todo - que é tão meu...
porque quem o gere, sou eu!
Quero encontrar a maneira
que – espero! - seja eficaz,
de acabar com a hipocrisia,
que gera ira… e azia.
Há uma certa caridade,
- em forma de ocupação -
que causa mal-estar profundo
em qualquer recanto do mundo.
Incomodam-me as pessoas,
com um egoísmo gigante,
a quem chamam "gente do bem",
mas que deste... bem pouco tem.
Espalhados por toda a parte
confundem muito inocente,
por seus movimentos balofos
e sorrisos… “bué de” fôfos.
Actuam por conveniência,
em pontos muito sociais,
onde brilham com esplendor.
Dão ”esmolas”, não dão Amor.
Contrastam com os cidadãos
que nasceram iluminados.
São desprovidos de vaidade,
e espalham humanidade.
Esses amo! São almas boas...
Aos pobres carentes de tudo,
dão Amor muito genuíno,
assaz doce, assaz Divino.
2014-02-10
Data da recriação deste conteúdo:
2023-10-04
Ao mar, que toda a tua vida tanto amaste, estarás a oferecer o que de ti sobrou. Estampado, no teu tronco, há o desgaste que o tempo, impiedoso, lhe deixou. Desejarás perpetuares-te na coragem, de mergulhares onde nunca ousaste entrar. Jazerás só, despido e sem qualquer bagagem, eternamente esquecido nesse mar.
Faço parte desse teu imaginário. Para ti, não sou um ser... Eu sou um vulto bem escondido atrás dum cenário onde, covardemente, o manténs, oculto. Tu nunca consideraste o meu direito à liberdade. Ignoras o respeito que me deves. Sou Mulher e sou pessoa. Tu não planeaste tudo isto, à toa...
Não tolero a tua covardia, tanto insuportável, quanto infame! Tu geres sempre o meu dia-a-dia tentando protegeres-te do vexame de poderes vir a ser reconhecido. Tu és um ser que vive comprometido entre fazer bem e fazer muito mal. Tu és.... subtilmente... um anormal.
Divides-te entre o bem que aparentas, e o insuportável mal que praticas. Satisfazes velhas ânsias sedentas de vingança e guerra, que exercitas provocando no meu ser um medo atroz. Impedida de erguer a minha voz. fizeste de mim a escrava desejada que amordaças, para manteres calada.
E eu... - Deus meu! - não posso fazer-te frente. És demasiado musculoso... forte! A minha grande fraqueza não consente arrojos, porque vive temendo a morte. Até quando segue a lei, compactuante com este horror que continua actuante? Até ser tarde demais e deixar que eu sinta a liberdade morrer em mim... faminta?
As bases duma cultura que poderá vir a distinguir-nos, residem na nossa entrega ao estudo e na nossa humildade em reconhecermos que sabemos apenas um pouco do muito que temos ainda para aprender. Pretendermos passar por “professores”, quando tanto precisamos de acreditar que ainda somos meros “alunos”, é pura enfatuação.
Só porque aprendeste já,
a dizer “Yes”, “Oui” e “Ya”,
não faz de ti um poliglota...
Isso é uma pretensão idiota!
Mocho lindo, sabichão,
lê este poema todo
e responde, com prontidão:
serei do mal, um engodo?
Nasci no mês de Setembro,
e gostava de saber
porque será que não lembro,
noutro mês me acontecer
tanto azar em 30 dias…
Já pensei em recolher-me,
mas... como tenho manias,
não consigo resolver-me.
Não suporto estar fechada
dentro dum pequeno espaço...
Como sou amedrontada,
não confio no que faço.
Temo que em qualquer momento
me ataque qualquer fobia,
e, com este meu sofrimento,
eu morra duma histeria.
Estive oculta três estações
na minha Mãe, que me teve;
quando saí, sem pressões,
nem Outono me deteve...
Daí em diante, então,
ano após ano, em Setembro,
cada minha decisão...
foi um desastre que lembro.
Há provas do que escrevi.
De cada caso... um tratado!
Foi Karma que contraí,
ou destino programado?
Fazendo uma busca na internet sobre poesia orfã *, encontrei uma que senti ser mais uma lindíssima reflexão, do que outra coisa. Portanto, reflecti - como aliás o texto aconselha – sobre a impressionante velocidade do tempo durante as diferentes etapas da minha vida, velocidade essa que, na minha idade actual, relembrou-me uma série de projectos que tinha em mente executar sem pressas, sem grandes preocupações.
Depois da leitura de “Dança Lenta”, passei a temer a morte que se aproxima a grande velocidade. E passei, também depois desta leitura reflexiva, a meditar sobre o meu desejo de completar tudo aquilo que tenho, ainda, por fazer, sentindo, intensamente, que a minha ansiedade foi agravada. Desacelerar como, se eu sinto o vento que essa velocidade gera, bater-me de frente?
Existe uma considerável polémica sobre quem é – ou quem teria sido - o autor desta reflexão. Não tendo eu “ferramentas” que me permitam concluir seja o que for sobre este assunto, limito-me a transcrever o que li, com o devido respeito por quem, tão sabiamente, controlava a sua existência.
* Poesia que, por qualquer contingência, perdeu o pai ao nascer, e foi adoptada, ou perfilhada mais tarde, por um pai verdadeiro, ou por um ou mais meros interessados em usá-la.
DANÇA LENTA
Alguma vez você já viu crianças brincando de roda?
Ou ouviu o som da chuva batendo no chão?
Já seguiu o vôo errático de uma borboleta?
Ou olhou para o sol dando lugar à noite?
É melhor desacelerar; não dance tão rápido.
O tempo é curto e a música acaba.
Você passa batido por cada dia?
Quando você pergunta: como vai você?, ouve a resposta?
Quando acaba o dia, você se deita em sua cama
Com a próxima centena de tarefas percorrendo sua cabeça?
É melhor desacelerar; não dance tão rápido.
O tempo é curto e a música acaba.
Alguma vez disse a seu filho, pode ser amanhã?
E, na sua pressa, percebeu a tristeza em seu rosto?
Já perdeu contato e deixou morrer um amigo
Porque nunca teve tempo de ligar e dizer “oi"?
É melhor desacelerar; não dance tão rápido.
O tempo é curto e a música acaba.
Quando você corre para chegar a algum lugar
Perde metade da graça em chegar lá.
Quando se preocupa e atropela seu dia
É como um presente que vai pro lixo sem ser aberto.
A vida não é uma corrida. Vá devagar.
Ouça a música antes que ela acabe.
O meu conselho:
1. Se ainda é novo, desacelere agora. Respeite a preciosa oportunidade que lhe deram de viver. Tranquilamente, procure realizar sonhos ao ritmo do correr de um rio limpo de impurezas. Ele irá, sem dúvida, terminar num mar abundante, para o qual o passado de cada rio não é importante.
2. Se já não é jovem, interiorize a necessidade de respeitar o facto de estar vivo e, sem agitações, vá fazendo o que puder, pois poderá não ter quem saiba o que tinha programado executar no tempo e, consequentemente, não haja quem queira assumir, por si, o acabamento seja do que for.
Data da criação deste conteúdo:
2023-09-14
Autor da poesia: desconhecido
Foram anos passados numa luta
com vitórias e derrotas que enfrentei.
Fui vítima de gente muito astuta,
treinada para contornar a lei.
Foram anos passados que vivi
ora magoada, ora bem feliz.
Há erros dos quais já me esqueci.
Outros, porém, deixaram cicatriz.
Sempre preferi o risco ao ócio
de ver passar o tempo conformada
com a desdita de saber-me derrotada.
Nada do que fiz foi por “negócio”.
Sinto-me orgulhosa de saber
que tudo quanto fiz foi por prazer.
Há mentalidades sujas
que se contam aos milhões!
Ora parecem corujas,
ora mochos sabichões.
Vivem tramando quem calha,
com grande sabedoria.
São estrigiformes! Maralha
do mesmo saco. Sabia?
Saudade é um mal que se sente,
Saudade é uma dor ingrata.
É uma ausência presente,
É uma presença que mata.
Saudade de quem partiu,
de quem não está, que não volta.
Saudade é ferida que abriu,
é um mal-estar que revolta.
É negra a cor da saudade,
negra sem réstia de luz.
Sem pena, sem piedade,
põe-nos ao peito uma cruz.
A Saudade não se cura,
enquanto presença for.
A minha saudade é dura,
há muitos anos, amor.
Atrás, não sei bem de quê,
corre o Tempo assaz veloz.
Leva um pouco de você,
de mim… de todos nós.
Criemos uma barragem
no trajecto que ele seguir
para aumentar a coragem
de quem já quis desistir.
Tempo que vai mas não volta,
tem calma… vai devagar.
A tua pressa revolta
quem quer tempo para Amar.
Confirmam-se actos surpreendentes,
que não sabemos porque se geram,
nem com que fim são praticados.
Perturbam crentes e até descrentes.
Há mil respostas que nada alteram
se os seus autores são questionados.
Silêncios estranhos, perturbadores,
derrubam sonhos, queimam projectos,
ferem pessoas, destroem vidas...
Não conhecemos os vis traidores.
Hediondos monstros, seres abjectos,
que silenciam... com fins suicidas?
Caminham juntos, na mesma estrada,
seres que te amam, seres que te odeiam,
seres que te iludem, seres que te traem..
Porém... amigo, na caminhada,
há outras almas, de mil formatos,
que com ruídos... não se distraem.
Fica em silêncio, e põe-te à escuta
para aprenderes quem fala a quem,
e o que combinam de muito imundo...
Esquece os ruídos! Há gente em luta,
que quer salvar quem está refém
dessa gentalha, que trai o mundo.
Senhores Directores de jornais, de revistas, de televisão, de sites de comunicação, etc., etc., etc.. Volto à desagradável forma como pretendem convencer os destinatários daquilo que anunciam, a aderir de imediato ao que pretendem com a V/ publicidade. As expressões a que V. Ex.ªs recorrem todos os dias, quer seja como promotores de vendas, quer seja como promotores de conhecimento ou mesmo para aumento de audiências, não me parece sejam elegantes, a despeito do quanto possamos estar-lhes gratos pelos conhecimentos, mais ou menos úteis, que possam proporcionar-nos, Trata-se de um intercâmbio de interesses e, até aí... quem não estiver satisfeito saberá muito bem o que deverá fazer: muda de fonte de transmissão ou busca qualquer outra forma de lidar com a publicidade. Considero que há uma coisa a ponderar no Vosso trabalho: os transmissores dos variadíssimos conhecimentos que quererão sejam aceites pelo público, não devem, de forma alguma, tratar as pessoas a quem se dirijam, como se fossem peças de submissão às vossas ordens. Seria de toda a conveniência acabarem de uma vez por todas com as expressões:
Enfim! É um bombardear de exclamações irritantes, que só merecem uma resposta:
É JÁ A SEGUIR!
Seria mais gentil, e até cativante, cancelarem o impasse que o uso do termo “JÁ” confere à frase, isto é, prepotência com sabor a comando... e passassem a uma forma mais de sujestão, ou de convite. Sabemos que os prazos para obtenção de vantagens deverão ser respeitados, mas mesmo assim, seria muito mais agradável usar uma forma mais suave de alertar o público para esse facto. Não devem negligenciar que as pessoas já vivem pressionadas pelo tempo todos dias da semana, e a forma como se dirigem a elas, repito, depois de um dia inteiro de pressão, torna-se verdadeiramente desagradável.
O povo português é massacrado diariamente com longos períodos de publicidade durante os programas de televisão, noticiários, sites de convívio social, etc., etc.; publicidade essa absolutamente imprescindível como fonte de receita de quase todas as empresas de comunicação. Representa, porém, um “ataque massivo” à resistência psicológica de cada um. Naturalmente, os importunados poderão sempre, naqueles quinze, vinte minutos – ou o que quer que seja – aproveitar esse período para fazer quaisquer tarefas pendentes de atenção. Contudo, os interessados em promover as suas marcas só beneficiam, eventualmente, dessa publicidade com as pessoas que estiverem permanentemente dependentes da televisão ou de qualquer outro transmissor de publicidade.
E se a publicidade – fastidiosa, maçadora – fosse transformada em curtos vídeos humorísticos, de diversão, sobre o produto a promover, acabando por produzir um efeito positivo em vez de instantes de verdadeiro repúdio? Seria uma forma cativante de transformar “um grande peso” em “uns minutos de boa disposição.” Conheço esse sistema, praticado em Itália, por exemplo, há muitos anos – e até em Portugal, muito esporadicamente. Todos ficariam a lucrar com isso, certamente. Ou não? Imagino que esta sugestão ficaria mais cara, mas num tempo necessariamente curto, é provável que se sentissem bons resultados. O povo português já está demasiadamente massacrado pela vida.
Não tenho medo da chuva,
nem mesmo quando troveja.
Não me assusta a vida dura,
por mais dura que ela seja.
Contudo, amigos, vos digo,
que me faz um mal profundo
ver pessoas sem abrigo
por culpa de leis no mundo.
Teremos sempre um por quê,
difícil de ser julgado...
que passa a ser cliché,
usado pelo culpado.
Haverá maior tristeza
do que passar a estar só
na rua, onde a frieza
transita, sem sentir dó?