Maria Letra
Posts by Maria Letra:
MEU MAR LINDO

Prometo que te amarei
- como sempre amar-te quis -
se o futuro que sonhei
e as juras que a mim fiz
quando era aventureira...
me soltarem desta amarra
que mantém-me prisioneira
da má onda que me agarra,
e que me faz marear.
É que há ventos que recuso
sua direcção tomar.
Não cederei ao abuso
de sofrer... por tanto amar.

Data da criação deste conteúdo:
2016-05-07
A MULHER E O REVERSO DO “IRREVERSÍVEL”
Admiro a Mulher decidida, que luta,
que é corajosa, ponderada, resoluta,
e que, perante um facto irreversível,
procura bem torná-lo exequível,
apelando ao poder do Universo...
Quem sabe o que estará no reverso
desse facto e da sua não aceitação?
A revolta poderá ser uma razão.

Data da criação deste conteúdo:
2021-03-08
APELO URGENTE
Aos eternos e malogrados adormecidos,
e a todos que, no tempo, vão embrutecendo
por manterem apego a tudo aquilo que brilha,
parem de fazer de conta, seus presumidos
inocentes, que sabemos não estarão vendo
que tudo o que é oco, já não maravilha.
Muitos governos estarão negligenciando
os velhos, as crianças e doentes em geral,
em consequência de má governação.
É assim que o mundo hoje está girando.
Desçam à Terra onde reina o virtual
e façamos uma bem profunda reflexão.
Está-nos fugindo dos pés a base que nos suste
equilíbrio, força e resiliência.
Unamo-nos todos contra a indiferença,
por muito que isso nos ocupe e nos custe.
O desejo de vingança e a prepotência
são cúmplices duma usura assaz intensa.
Recorramos aos nossos transparentes recursos,
captados por peritos da investigação,
porque os vícios não falecem! Adormecem!
Atentos aos autores de obductos discursos
cuja actuação não disfarça uma preocupação:
ajustarem o que parecem àquilo de que carecem.

Data da criação deste conteúdo:
2022-02-27
SOCIALIZAR, SIM OU NÃO?
O piar das andorinhas
ecoou por toda a parte!
Foi na Primavera. Há meses!
Nem as chuvas miudinhas
lavam Portugal com arte,
por causa de mil reveses.
Afastem as multidões.
Somos um povo de fé,
a revelar-se imprudente.
Pergunta que vale milhões:
Por que motivo é que o Zé,
'Povinho' já não se sente?
Porque anda assaz baralhado
com tanta coisa que dizem
cada dia da semana.
Manifesta-se entalado
com aquilo que lhe impingem
pessoas de mente insana.
Com o vírus em mutação,
gerou-se grande pressão
sobre o recurso à vacina
- que a muitos indigna.
Sigam aquilo que penso:
Confinamos - Sim ou Não?
Nada de socializar
com mais de seis e... bom senso!
Tomem cuidados, então,
que o vírus quer é matar!!!

Data da criação deste conteúdo:
2021-06-013
O MAU POLÍTICO
O seu raciocínio lógico
não passa de demagógico.
Atreve-se a discursar
e acaba mal, a boiar
na própria água que mete.
Cada palavra é um barrete.
Expele asneiras pela boca
porque a cabeça... está oca!
O que defende em política
foi sempre sujeito a crítica.
Já tenho cheio o meu saco
com inúteis bate-papo
a que assisti muitas vezes
- para mal dos Portugueses!
Eu sinto que o que ele diz
ser bom para o seu País
só empapa confusões
nas mentes que, nas votações,
ficam todas baralhadas
e fazem escolhas erradas.
O povo que não se engane!
Tudo aquilo que ele trame
pra defender o seu tacho,
segundo aquilo que eu acho,
não passa de vil cantiga.
Por muita coisa que diga
em defesa do seu nome,
nem surte nem mata a fome
de quem há muito, sentado,
espera um futuro adiado.

Data da criação deste conteúdo:
2015-09-06
A ARTE DE SURFAR
Surfar parece uma brincadeira entre as ondas e o surfista.
Implica domínio em qualquer situação imprevista.
É um desafio constante contra a ondulação.
Quanto maior for a onda, maior a emoção.
Surfar gera vontade de partilhar,
seja a onda, o tempo ou o mar.

Data da criação deste conteúdo:
2024-07-05
Autor da imagem: Miguel Letra
MEU NOME VIROU VICTÓRIA
Bateste na porta errada.
Meu Amor não está à venda,
nem em saldo. Podes crer.
Minhas mãos, cheias de nada,
não esperam que me arrependa.
Têm força de Mulher.
Prefiro viver sem ti
a vender-me por seres rico.
Minha opção... ser feliz!
No teu olhar eu já li
coisas das quais abdico.
Me fariam infeliz.
É curta a tua memória.
Não te esqueças que, no fundo,
não passaste duma treta.
Meu nome... virou Victória.
Nele, sinto orgulho profundo,
todo o resto… não me afecta.

Data da criação deste conteúdo:
2013-07-15
O GRITO DO INDÍGENA
Somos um povo importante,
como tantos outros são,
sejamos nós Arapasos,
Anambés, ou Aruás,
uma só coisa queremos:
vivermos todos em Paz.
Somos um povo importante,
como tantos outros são,
sejamos nós Bacairis,
Alsanos ou Aparais,
no Amor temos direito
a sermos todos iguais.
Somos um povo importante,
como tantos outros são,
sejamos nós Fulniôs,
Guatos ou Uarequenas,
vos dizemos o que somos:
seres humanos. Isso apenas.
Somos um povo importante,
como tantos outros são,
sejamos nós Xucurus,
Lecuanas ou Zorós,
uma coisa vos pedimos:
RESPEITO por todos nós!

Data da criação deste conteúdo:
2011-03-22
Autor da imagem: Alex Azabache
MAIS DO QUE DESENCONTROS
Minha alma revestiu-se de esperança
e fez, uma vez mais, outra viagem.
Acreditando possível seres mudança,
levei comigo Amor, como bagagem.
E foi num mar sereno de água clara,
que lavámos desencontros e traições.
E nesse mesmo mar, que nos separa,
deixámos, afundadas, decepções.
Deste-me liberdade e, sem rancor,
perdoei-te todo o mal que me fizeste
e as ácidas palavras que disseste.
Ligados um ao outro, por Amor,
essa amarra que o tempo não desgasta,
levou-nos a dizer: - Não! Agora... basta!

Data da criação deste conteúdo:
2016-03-09
A MISTURA
A Esperança, muito optimista,
olha para o Cepticismo,
de mau grado... Certamente!
Recusa ser pessimista.
No seu profundo altruísmo,
e devotamente crente,
não vê que, em realidade,
a crença só, não resulta.
Um plano mal calculado
e algo, sem piedade,
por uma razão oculta...
deixa tudo bloqueado.
Portanto, amigos, à Esperança,
juntemos tanta Paciência,
dura luta, muito amor,
e grande perseverança.
O resto cabe ao poder
dum nosso Deus, ou factor...
aliar à nossa luta
outros bons ingredientes
do cosmos no qual giramos.
Com uma sábia conduta,
acabará sem inconvenientes
aquilo em que acreditamos.

Data da criação deste conteúdo:
2012-06-21
DEMOCRACIA ADULTERADA
Cerca de cinquenta anos tivemos a ditadura, instalada em Portugal. Sou testemunha dos danos causados pela tortura a muita gente, em geral. A revolução de Abril libertou-nos, finalmente, dum governo à força imposto, mas, gentinha assaz servil, continua, secretamente, atraiçoando por gosto. Bailando na corda bamba, bufando e manipulando... vão, ricamente, vivendo, enquanto outros, de tanga, ...de tristeza vão chorando, de pobreza vão morrendo...

Data da criação deste conteúdo:
2023-04-25
O DESABAR DE UM IMPÉRIO
Urge uma rajada de esperança
abanar-nos o corpo, sacudir-nos a alma.
Tenhamos coragem para a mudança.
O mundo está virado do avesso
e ao que se passa, para além das teias,
pouquíssimos seres têm acesso.
Não confundamos as areias
com que era feito o cimento,
no passado.
Hoje a massa é outra,
e bem diferente.
Aguenta mais e por mais tempo,
mas quando cai,
deixa milhões de pessoas perplexas.
Acontece com outra projecção.
Quem monta cada império,
navega em áreas complexas.
Só entra lá quem tiver credencial especial
e sofre muita perseguição.
No passado, sabias onde estava o inimigo.
Hoje, ele actua em desafio.
Reina o disfarce e um compadrio
que compromete.
Será que a história, na verdade, não se repete
ou cada um nunca sabe onde se mete?

Data da criação deste conteúdo:
2020-02-25
ESCRAVATURA
Desde os primórdios da vida
que há gente a usar os outros
como sua propriedade.
Quanta pessoa agredida
no mais fundo do seu ser!
Oh quanta brutalidade!
Tem havido tentativas
- ao longo de muitos anos -
de acabar com esse mal.
Contudo, são iniciativas
sorrateiras, prepotentes,
que mantêm tudo igual.
A lei tem processos lentos,
não é rápida a actuar.
Não vai ao fundo... ladeia...
E apesar dos lamentos,
de quem é escravizado,
a eficácia escasseia.
Na mulher, na Esposa e Mãe,
nas Filhas e nas Irmãs,
o abuso vai actuando,
e não se percebe bem,
de que lado está a lei
operando em modo brando...
Há que acabar com o abuso,
mas é tão grande a ganância
neste mundo tão cruel,
neste mundo tão confuso,
que perde qualquer substância
qualquer contrato fiel.
E, de forma camuflada,
que a muitos pode escapar,
a escravatura acontece!
Nem a criança é poupada
neste mundo a descambar...
pra algo que não merece.

Data da criação deste conteúdo:
2011-05-05
O MALMEQUER E A MULHER
Perguntas, com inocência,
… a um mal te quer, bem te quer,
o que sabe da tua vida de Mulher.
Não creias mais nessa treta,
que o malmequer não irá saber
o que poderá responder.
Se tu lhe arrancas as pétalas.
sem qualquer comiseração,
impõe-se uma reflexão!
Estás em guerra no amor?
O malmequer… nem saberá…
e se souber… silenciará.
Primeiro, ele não tem voz,
nem sabe o que o futuro trás.
Quer é que o deixem em paz.
Não te agarres a fantasias.
do tempo dos tetra-avós...
… séculos antes... e até após!
Já vivemos noutra era!
Com tanto cinzento à vista,
o futuro é muito realista.
Deixemos que o malmequer
viva feliz nos jardins,
entre flores, e tantos outros afins.

Data da criação deste conteúdo:
2024-06-25
A EXCLUSÃO ALIVIA
Para a falta de carácter,
e o uso de hipocrisia…
eu sigo esta via:
a da exclusão.
Mas, se mesmo assim,
continuar, enfim,
a provocação…
recorro a uma saída:
a da acusação,
por via legal,
para acabar com o mal.
É certo que muita gente,
estressada e muito marada,
recorre à bofetada,
mas como sou contrária
a essa opção, caro leitor,
prefiro a primeira posição,
por uma questão de honor.
Outra solução será esta:
ignorar a provocação
e praticar o desprezo.
Se, repito, não resulta,
e a ofensa subsiste,
recorre-se à lei,
não se insulta!
É uma posição que me assiste,
porventura.. .
porque este tipo de gente
não se atura...
Trata-se duma questão
de ausência de educação.
Nota especial:
A possível existência
de um caso real,
quando criei este tema,
para este poema,
é pura coincidência.
É que este tipo de gente
prolifera em Portugal…
em quantidade anormal.
É um problema social,
no estado viral.

Data da criação deste conteúdo;
2013-06-30
ÁGUA, FONTE DE VIDA
Dizem que és Fonte de Vida.
Tens movimentos simbólicos,
transportando em nós nutrientes,
restos celulares, jacentes,
de processos metabólicos.
Dizem que és Fonte de Vida,
levas contigo as hormonas,
enzimas e células tantas...
A Vida em nós tu levantas;
refrescas e accionas.
Dizem que és Fonte de Vida.
És um solvente sem sabores
e um meio de suspensões
para químicas reacções
gerarem novos valores.
Dizem que és Fonte de Vida
e, segundo a medicina,
proteges articulações,
ajudas nas excreções
e transformas-te em urina.
Dizem que és Fonte de Vida.
Regulas a temperatura
do nosso corpo. Bem hajas!
Nossas vidas encorajas
quando a sede te procura.
Dizem que és Fonte de Vida.
É nosso dever cuidar-te,
para nunca nos faltares
em fontes, lagos, mares
e rios de toda a parte.

Data da criação deste conteúdo:
2011-03-22
O PALAVRÃO – SIM OU NÃO?
Como é possível calar
bocas que lançam prò ar
calúnias e palavrões
ditos sem qualquer respeito,
por quem não tem outro jeito
de aliviar frustrações?
Seja política ou bola,
só ganhar… não os consola.
Têm mesmo que ofender!
Provocam, gritam, insultam,
não desistem, nem entendem,
que tais coisas não resultam,
nem os vão enaltecer.
E se no disse e não disse
vierem com a patetice
de afirmar, não é assim…
Desistam! Eu não sou surda.
Há gente muito absurda
e muito oca. Quanto a mim...
contra o palavrão reclamo!
Eu evito o que não chamo
nem a um meu inimigo,
muito embora até pareça,
que dá alívio à revolta...
… Que o palavrão desapareça!
É ofensa! Vai... e volta.

Data da criação deste conteúdo:
2014-05-28
DEPOIS DO NOSSO AMOR
Prometi amar-te eternamente, sim!
Eu desejava que fosse mesmo assim.
Reduziste-me a nada. Acreditei
que tu ainda mudarias. Me enganei.
Contudo, de loucura não irei morrer
a despeito do quanto sei vir a sofrer.
Tudo farei para queimar esta paixão
que subsiste, ainda, no meu coração.
Hoje estou diferente. Nem sei quem sou.
Só reconheço o mal que em mim ficou,
paralisado os meus sonhos de criança.
Perdi em ti, toda a minha confiança.
Silencia o que possas querer dizer-me.
Não irias, seguramente, convencer-me.

Data da criação deste conteúdo:
1056-11-24
LIBERDADE CONQUISTADA
No tempo e nos espaços
que tive, ao meu dispor,
eu fiz e desfiz mil laços
criados com muito AMOR.
No desespero, fui esperança;
no pecado, compaixão;
no conflito, temperança;
na ofensa, fui perdão.
Nos desvios da minha estrada
prometi-me ser mudança.
Não queria ser culpada
de falhas de insegurança.
Nem sempre, enfim, consegui
preencher os meus vazios,
mas uma coisa aprendi:
a corrigir meus desvios.
Os anos foram passando.
Não me permito abusada.
Sou alguém que vive amando
sou livre, livre e mais nada.

Data da criação deste conteúdo:
2016-06-11
ALMA ESCRAVA
Tal como um mar em tumulto, galgando rochas e areias
em dias de marés cheias, em noites de tempo instável...
assim estou, face ao insulto de ver que há gente que trava
a paz que urge implantar neste mundo, a desabar
para um caos insuportável…
Minha alma virou escrava duma luta sem dar tréguas
a cada ladrão herói. Sim, porque este disfarce dói!
É fruto da corrupção de quem está a muitas léguas
de pensar com o coração.
Reina a guerra e a vida insana
… por culpa de tanto sacana!!

Data da criação deste conteúdo:
2013-06-23
EM BUSCA DE OBJECTIVOS
Mesmo com a idade avançando, não me cansarei, jamais,
de ir procurando o que tanta falta me faz:
puros valores vitais, e tanta, tanta paz.
Busco novos objectivos, entre os quais ressalta
o de como justificar esta minha sede de amar, de satisfazer a alma,
de conseguir reparar aquilo que mina e que me traz o tédio
causado pela rotina.
Amarei, entretanto, todos os que, como eu, acreditam na vida…
mas não na do presente, profundamente agredida
por tanta loucura, para a qual não vejo cura.
Como podem certos homens convencerem jovens
a lutar por uma fé em que a maioria não crê?
Não importa como ou até quando, mas continuarei procurando
bons e novos objectivos que tornem os fracos activos
na recuperação do amor e de um mundo melhor.

Data da criação deste conteúdo:
2015-03-15
BACK TO LONDON
Às 09h:50m, tinha aterrado em Londres, vinda de Portugal. Estava de regresso a minha casa, com um tempo de arrepiar qualquer frágil pardalito que ousasse voar nesta típica atmosfera húmida e fria. Feita pardalita-mor, tive coragem suficiente para, depois de tomar um reconfortante pequeno almoço, no aeroporto, meter pés ao caminho, enfrentando um nevoeiro pestilento, e partir para a segunda etapa da minha viagem, em direcção ao meu ninho de prata.
Deixei as duas malas, maiores e mais pesadas do que eu, e fui direitinha para o supermercado Sainsbury's, comprar aquilo que não havia na despensa para alimentar este corpinho que, em silêncio e com um sorriso nos lábios, teve a distinta arrogância de recusar o que a sua cabecinha pensadora disse, de si para si: " Vai mas é dormir um pouco, que o teu mal é sono!
Enganei-me redondamente. Ainda arrumei um trolley de mercearia e mais cinco sacos que não sei como consegui levar até casa, sob o olhar espantado do condutor do autocarro, que me observava pensando: "Esta aqui deve ser passada dos carretos"!...
Como boa fadinha do meu lar, enchi a máquina de lavar roupa, pus-me a limpar o interior do frigorífico, para colocar nele o que comprei, e fui preparar qualquer coisa para o almoço. Estava exausta! Tentava em vão combater este meu teimoso carácter virginiano, mas era superior a mim disfarçar o desconforto de estar sozinha em casa. Submeter-me ao repouso não fazia parte dos meus planos, quando a casa implorava limpeza. Tive de antecipar o meu regresso a Londres, por compromissos de trabalho, e sentia que a solidão estaria a corroer-me a mente. Sempre foi difícil para mim ir descansar sem que tudo à minha volta estivesse como eu desejava. Prossegui, portanto, nesta desnecessária pressa de restabelecer a ordem em casa, mas fui sentindo que valeria a pena ir descansar... e desvinculei-me da missão que, desta vez, não consegui terminar.
A avaliar pela minha confortável posição, na minha querida caminha, não me pareceu que iria dormir. Pensava, de mim para mim: - Não te ponhas a contactar seja quem for em Portugal pois a esta hora, estará toda a gente a ver as fastidiosas telenovelas da tarde. Pensarão, então, que estarei a escrever mais um poema ou a sonhar com uns deliciosos bolinhos de bacalhau que, tão cedo, não voltarei a comer. Será melhor ficar por aqui...
IMPÕE-SE DORMIR!

Data da criação deste conteúdo:
2011-11-08
DISCREPÂNCIAS
Texto inspirado nos actos de um desonesto
gestor que tinha uma grande ambição:
continuar corrupto ininterrupto.
Aquela cor vermelha
no semblante de quem vai rebentar em qualquer instante,
pareciam indiciar que não conseguia saír
do pesado labirinto em que se meteu…
Dir-se-ia ser da “telha” com que viu deslizar, por uma malvada grelha,
aquilo que ambicionou, mas que uma “busca” não lhe possibilitou…
... E tudo o vento levou!
Prémio da discrepância entre a ganância,
a honestidade e outros afins:
um bom par de patins!

Data da criação deste conteúdo:
2014-07-22
INDIFERENÇA
Será muito complicado
pôr a igreja de lado
neste espaço português,
quando um caso, como a fome,
magoa, desgasta, consome…
Milagres? Quem os espera
nesta má atmosfera
de injustiças, de ladrões,
de oportunistas e de vilões?
Oferecemos, à juventude,
muito defeito, pouca virtude.
Quem deveria resolver
tudo o que estamos a ver...
em vez de promover paz,
gera guerra. Nada faz!
Pedir milagres, Senhor,
em preces ditas de cor?
Somos nós, apenas nós,
e certamente nós sós,
quem deverá “milagrar”,
mudar o mundo, lutar
por tudo o que mais convém...
para irmos muito além
duma esmolinha qualquer
dada ao pobre, que o que quer,
é limpar o que é imundo;
fazer lavagens no mundo.
Há um bom número de gente,
de mente suja e doente,
que vive muito enfunada,
vaidosa e cheia de nada
nas suas cabeças ocas.
Em verdade tudo vêm,
mas se fecham, porque têm
mais brio na ostentação,
do que amor no coração.
Não lhes é difícil viverem
indiferentes, sem sofrerem
ao verem tanta miséria.
São temas de cariz séria
que, em parte, queimam com droga
muito usada, muito em voga.
Amigos, se nada fizermos,
em prol do que nós quisermos...
viveremos contrafeitos,
num país cheio de defeitos.
Nesta sociedade gasta…
comovermo-nos... não basta!

Data da criação deste conteúdo:
2013-03-03
CORAGEM DE SER
(Inspirado no poema de Fernando Pessoa,
Intitulado “Tudo o que Sou não é mais do
que Abismo)
Nesse abismo que referes,
giram outros seres, também.
Estão nele bastantes mulheres
que quem são... não sabem bem...
Buscam no Ser ou Não Ser
feliz encontro entre as duas...
mas carecem de um haver:
as almas despidas... nuas!
E se assumem, com coragem,
quem foram ou, hoje, são,
há que aceitar a imagem
que ao mundo revelarão.
A ti, Fernando Pessoa,
declaro, desempoeirada,
que o meu Ser viaja à proa
e de Não Ser... sobrou nada!

Data da criação deste conteúdo:
2017-04-09
ESSE MUNDO QUE É VOSSO
Deixa-me juntar a vós,
mesmo que em sonho.
Deixa-me conhecer
o seu rosto risonho,
as suas mãos que brincam
e as suas pernas que correm,
quando as ondas se agitam.
Deixa-me ouvir, contigo,
a sua voz te chamar
quando, por momentos,
te esqueças de brincar.
Deixa-me penetrar
nesse mundo que é vosso
e ao qual gostaria
tu chamasses “nosso”.

Data da criação deste conteúdo:
1986-08-21
DOS FRACOS…
Dos fracos nunca rezou a História, mas não nos deveremos esquecer
que para podermos cantar vitória, houve muita gente a combater...
Quantos haverá hoje, ignorados, vivendo, tristemente, na penúria,
esquecidos e negligenciados! Pura crueldade... ou vil incúria?

Data da criação deste conteúdo:
2019-11-17
AI SE O DINHEIRO SENTISSE
Ai se o dinheiro sentisse! Coitado...
Que pensaria ele dessa avidez
que, por tão desejado, quanto usado,
tem de mudar de destino tanta vez!
Ai se o dinheiro perdesse valor!
Como tudo seria assaz diverso!
Será que existiria mais amor?
Findaria tudo o que é perverso?
Esteja ele guardado em alçapões,
de banco em banco, viajando louco
ou numa correria, quando roubado…
Será sempre um motivo de traições,
ódios, invejas, de tudo um pouco…
mas sempre, eternamente, cobiçado.

Data da criação deste conteúdo:
2011-05-22
DUOMO DE MILÃO
Projectando sobre ti intensa luz,
à arte do passado o Sol fez jus...
Quase me cegou de encantamento,
mas pude captar aquele momento.
Em séculos de história, Duomo belo,
- do gótico clássico a “neos” saltar...
foste salvo do enorme flagelo
que qualquer guerra pode provocar.
Foram séculos de inúmeras batalhas
perpretadas por seres muito canalhas...
Tanta obra de arte arruinaram...
mas tanto de sublime, ainda deixaram.

Data da criação deste conteúdo:
2016-02-14
NOS BRAÇOS DE UM SONHO
Despertei de um lindo sonho,
dentro do teu coração...
Batia ao ritmo do meu,
sem qualquer aceleração.
Não partas, fica comigo,
até que chegue outro dia.
Não me deixes, meu amor,
careço de companhia.
Hoje sou ave sem asas,
já não consigo voar.
Faz-me falta a tua calma,
e a tua força de amar.
Se ver-te não posso mais…
que o sonho seja o autor
dos cenários virtuais,
da minha vida sem cor.

Data da criação deste conteúdo:
2013-08-26
VOOS ALTOS
Hoje o mar está agitado.
O vento, forte, ameaça
cortar as asas às aves
que voam alto demais.
Muita gente anda assustada.
Cada pássaro que passa,
mesmo que em voos suaves,
instala o pavor no cais...
Agita-se a passarada
de grandes voos sedenta,
porque a força atroz do vento
pode trazer guerra e morte.
Sem asas, e depenada,
a ave não aguenta...
Perde a força e o alento
e também perde o seu norte.

Data da criação deste conteúdo:
2016-05-15
APOTEOSE NO AREAL
Entrou pelo mar adentro
a rede dos pescadores,
em busca de peixe fresco.
O mar deu o que queriam,
sem querer saber pra quê.
No regresso, triunfante,
esperava-os um maranhal
de gente muito ansiosa,
curiosa e coisa e tal.
Com lenços brancos de neve
o mar acenou, contente,
ao povo, em grupo, na costa,
esperando ansiosamente.
- Até à volta! Até breve!
Não teve qualquer resposta.
Mercadores e usurários,
esperavam no areal.
Afastaram as pessoas,
naquele momento crucial,
para evitar muitas baixas
no conteúdo geral
das redes com pescaria.
Santo Deus! Virgem Maria!
O cenário se adensava,
atacado por gaivotas
que buscavam as marmotas
e o resto do cardume.
Palavra de ordem: - Matar!
Saí de cena... desfeita,
sem assistir à colheita.

Data da criação deste conteùdo:
2020-06-27