Maria Letra nasceu em Coimbra, a 20 de Setembro de 1938. Escreve poesia desde os 13 anos, idade em que manifestou a sua preferência por esta forma literária. Possui os cursos Comercial e Liceal, completos, tendo aperfeiçoado os seus conhecimentos das línguas Inglesa e Francesa em escolas estrangeiras. Aos 22 anos foi para Londres, onde estudou no conceituado colégio “The West London College”. Foi secretária de direcção e tradutora técnica durante 35 anos, e empresária durante 17.
Deixou Portugal para viver em Itália em 1989, por exigências de trabalho, mas três anos depois fixou residência definitiva no Reino Unido.
Lvros publicaos: “Meus Caminhos de Cristal”, em 2011, e "Meu Pequeno Grande País, em 2017.
Sou um produto do tempo, um ser com o carácter moldado pelas boas e más experiências que fui vivendo ao longo dos anos. Esse tempo modificou também o meu aspecto físico, colocando algumas rugas no meu corpo, mas nenhumas na minha alma. Esta viajará sempre jovem, silenciosamente indiferente aos riscos que vou correndo. Permanecerá ‘colada’ a mim enquanto a minha mente estiver activa. Como ‘utente’ do meu corpo, usa e abusa dele, sobretudo quando se opõe ao que decido fazer da minha vida. Provavelmente acredita no meu sentido de responsabilidade. Não sei se merecerei essa confiança, mas ela sabe que a sua permanência em mim é efémera e que a sua libertação acontecerá um dia, quando a minha mente parar de comandar-me. Desvincular-se-á, então, do meu corpo, partindo em liberdade… sabe-se lá para onde. O que hoje aceitamos como uma verdade mentirosa, amanhã poderemos concluir ter sido uma mentira verdadeira. Tem sido sempre assim, ao longo de séculos e séculos…
2013-04-16
Tendo esclarecido quem pudesse ter interesse em ler o que escrevo, sobre o que penso a meu respeito, reparei que ninguém se pronunciou. Volto, portanto — sete anos mais tarde — a este texto para referir que, sobre os outros,
Viro a pergunta ao invés: — Espero que não te desgoste… Ora diz-me lá: — Quem és? Não quero saber quem foste.
2020-07-04
Decorridos onze anos sobre a primeira parte deste texto, sinto-me perfeitamente à vontade para rematá-lo com esta reflexão extra:
Quem fui eu na vida, outrora, não me interessa, podem crer. Eu amo quem sou agora… fruto de tanto aprender.
2024-10-10
Data inicial da criação deste conteúdo: 2012-11-20 Data final: 2024-10-10
Café de Paris,
Ponto de encontro de tantos corpos.
Uns, cheios de vida, outros, quase mortos.
Nas cabeças, um mundo desconhecido de ambições.
No peito… mais dores do que corações.
A banda, repetitiva, sempre igual,
parecia tudo, menos musical.
O interior do salão era deprimente,
e o aspecto, sórdido.
Nos olhares sentia-se uma esperança
e um desejo mórbido.
Em cada par, um caso… por vezes sério,
mas na maioria, pra não recordar.
Contudo,
neste salão deprimente, de aspecto sórdido,
onde quase tudo era doentio, era mórbido...
encontrei-te a ti.
No teu doce peito senti um coração.
Na tua cabeça… uma humana ambição:
encontrares alguém que suavizasse
a vida que tens.
Dançámos. Sem falsas ilusões,
dia, após dia, um desejo crescia:
estarmos juntos os dois.
O meu corpo ansiava aprender
a lição do Amor. Ensinaste-ma tu.
Hoje, meu bem,
o meu coração sabe bem o que quer.
Aprendeu, contigo como é bom ser Mulher.
Tal qual sou, estarei aqui.
De como acordo... dependo.
Não espero me compreendam
pois nem eu mesma me entendo.
Sou muito sujeita a luas,
nunca sei o que me espera
Tenho um coração que é calmo
e um outro que acelera.
Se está um dia de sol,
faço projectos, actuo,
mas se o dia está cinzento,
viro teimosa e amuo.
Surpreendo facilmente,
porque detesto a rotina.
Já não mudo nesta idade.
Sou assim desde menina.
Caminhava às escuras,
na última etapa
da estrada onde, um dia,
perdi o meu norte.
As noites tão duras,
sem lua, sem mapa
e sem companhia,
eram breu de morte.
Abracei-me e beijei
minhas mãos já gastas
de tanto escrever
de tanto afagar.
Não te choro. Cansei.
Foram muito nefastas
as dores de temer,
as dores de te amar.
Ao excerto do seu livro “POST-SCRIPTUM”
"Por má distribuição dos bens da Terra,
Que torna a vida dura e faz a guerra
Nos corações dos homens sem um guia,
Pergunto às solidões do ser humano
Se Deus criou o Homem por engano,
Se o Homem criou Deus por cobardia."
Permitam-me que hoje dê o meu parecer:
Por má governação dos bens da Terra,
que faz os Homens provocarem guerra
- por mentes desprovidas de valores...
Respondo sem recurso a quaisquer tretas:
Deus não criou o Homem por engano,
este é que deixou de ser humano
e mata sedes em fontes abjectas.
Portugal, fragmentado
em todo o singular lado,
no mais recôndito canto...
virou um país em pranto.
De tanto que foi traído
já pouco nele faz sentido.
Nem usando cola-tudo
se colaria, contudo,
Mesmo que desajeitado,
qualquer fadista tem fado
que cantará a seu jeito,
filtrando a dor a preceito.
Oh... País desgovernado...
Não serás silenciado!
Faz-te ouvir, sem veleidade.
Grita de dor e saudade.
Quando somos jovens, contemplamos a vida
como sendo longa, mesmo que sem medida.
Criamos sonhos, envolvendo-os num cenário
colorido pelo nosso imaginário.
No tempo, talvez por erosão da mente,
desgastada por factores a ela adjacentes,
e más experiências acumuladas...
a esperança e a fé, são alteradas.
Não canceles pendentes por organizar.
Ocupa-te do que está por acabar,
criando compromissos com sentido.
Não lamentes o que o tempo diluiu!
Valoriza o que a mente conseguiu.
O que hoje tens é o Saber Adquirido.
Leio, na transparência linda da tua alma
que amarás aquilo que ambos comungamos
mesmo quando tu, cansado e quase sem calma,
escavas paciência no que partilhamos.
São acordos de amor, laivos de atenção
na procura de algo que não sei explicar.
Busco mil tesouros que tens no teu coração,
os quais te devolvo num maroto olhar.
Um olhar apenas. Fico presa a ti.
Sentirás tu, Pai, o que vale pra mim
entregares-te assim à minha malandrice?
São poemas de amor que não vi... nem li.
Páginas de estórias que nunca terão fim...
Verdadeiros sonhos da minha meninice.
Entrai, minha gente, entrai!
Nós, portugueses, sabemos,
que já não há quem debande
gente a mais. Todos cabemos!
Entre quem veio, e quem foi,
houve quem, tão bem, dizia...
“Levo barriga de boi
e a bolsa, não vai vazia”.
Basta que sejam estrangeiros...
Mesmo sem cobrar vintém,
estamos prontos a servir-vos
pra que nos alembrem bem.
Vinde de novo, almas santas!
Estão abertas as fronteiras
pra turistas especiais,
que tenham boas maneiras.
Tão bem estiveram por cá…
Outros verões haverão!
Com uns euros bem poupados,
terão sol, vinho e bom pão.
Se, realmente,voltarem,
quiçá ‘inda cá estaremos...
Simpatia, encontrarão!
Sobreviventes… veremos!
... e o velho combatente, de corpo gasto e conturbada mente... enquanto espera pela partida, da sua malograda vida, troca o tradicional cigarro, por um ilusório charro.
Data da criação deste conteúdo: 2023-11-12 Autor da imagem: Miguel Letra
Dura Lex! Sed Lex! A primeira condenação imposta a qualquer cidadão. Todavia. um mundo de interrogações paira no ar: Quem de direito a inventou? Quem de direito a aprova ou a faz aplicar? Mas ela faz-se cumprir, de modo fácil, ou não, sem lugar pra admitir a mais leve compaixão. Os parágrafos... enfim! Dão "pano pra muita manga". Por vezes a culpa anula, outras vezes acumula males maiores a cada caso. Mas... insisto eu: quem de verdade e direito está à altura de julgar cada lei? Vejo pouco de perfeito - sem medo de exagerar - em muitos que a inventam, em muitos que a aprovam, ou a fazem aplicar. Num mundo em cujos sistemas, mais corruptos que sãos, fazem pesar grandes penas nos ombros dos cidadãos a eles sujeitos... vejo leis contrárias à lei do Amor, males com muitas virtudes e bens com muitos defeitos. E, com pavor, assisto a tanta injustiça na lei imposta, submissa ao poder de cada estado, que já não sei se lutar traz benefícios de vulto a um futuro que, oculto, me parece amordaçado. Mas, pra esse mal, não sai lei. É duma injustiça tremenda. Cada um que se defenda!
Tento analisar de frente
o cenário do Poente,
que sinto ter como certo.
Ele já me ronda de perto.
Está tão próximo de mim
que consigo ver-lhe o fim.
Não sei bem qual a distância
a que estou da minha infância,
mas do poente, sei eu.
Por vezes levanta o véu
e deixa-me calcular
o quanto possa sonhar
ainda, na minha vida
- tão bela quanto sofrida.
Eu viajei neste mundo
com seres de saber profundo
e outros que, sem querer,
levaram-me a perceber
o porquê da ignorância
ter a sua relevância.
Actualmente, a cultura,
- na presente conjuntura -
prejudica-nos demais.
Não me refiro aos jornais,
revistas... e outros mais...
Notícias tendenciosas,
com verdades mentirosas
retiram, a quem é sério,
todo e qualquer desidério
de continuar no mundo.
Com efeito, eu, no fundo,
sofro por coabitar
com certa gente, na Terra,
porque promovem a guerra.
Prefiro a paz do Além.
Lá... não se lesa ninguém!
• Quando sentires que à tua volta tudo parece ruir… e que a tua revolta não te deixa reflectir;
• Quando quem tu amas não pára de magoar-te, não percas o control e silencia a dor que possa causar-te;
• Se precisares de ajuda, nesse teu drama, procura um técnico e clama;
• Verás que aquilo que parecia ser um muro a desabar sobre ti, é uma luz que te conduz;
• Abraça o que dela emana. Serás do teu destino a soberana;
• Luta pela tua vida e pelo teu bem. Retribui a graça, ajudando alguém.
Segundo apelo, sete anos depois de "Gentalha Pra Batalha"
Deixem-me gritar esta revolta que sinto em mim, por tanto mal à solta! Deixem-me com outros, em uníssono, perguntar a Deus, a Esse Altíssimo, que dizem reger tudo, lá do alto: - Quando terminará o sobressalto provocado por fortes sons, estridentes, de tantas armas que matam inocentes? Por que pagarão eles, pelos adultos seguidores de vis princípios bem ocultos? Deponham as armas! Que cesse a guerra destruidora de tudo o que há na Terra! Não deixem que paguem as crianças pelos crimes cometidos por alianças feitas entre adultos muito maus, que espalham ódio e geram tanto caos. Enquanto há gente orando na igreja, há outra gente no mundo, que pragueja! Deixem-me despertar adormecidos, cegos, imbecis e embrutecidos pelas luzes estonteantes da ribalta - onde circula tanta gente falsa… Não optem pelo recurso à guerra. Somos todos irmãos aqui na Terra!
Hoje recordo aqui uma célebre frase de José Pinheiro de Azevedo....
"Não há perigo. O povo é sereno, ouçam. É apenas fumaça…"
Quem, como eu, viveu esse momento... acredita que, novamente, seja só fumaça...
Há que seguir, tranquilamente, e com prognósticos reservados, as investigações a importantes figuras do Estado.
Só espero é que a apregoada serenidade dos portugueses gere uma verdade que, de mentirosa, não tenha NADA!
A perfeição não existe,
mas essa é a minha meta.
De tão exigente ser
não me sinto completa.
Mesmo assim, por acabar,
tenho um coração que crê
que, de amor, estou repleta.
Aos olhos de quem me vê
por vezes sou assim mesmo:
Incompleta! O que é que falta?
O problema está dentro.
Há um senão que ressalta.
Ontem, fui boa pessoa;
anteontem… já não sei;
hoje procuro tornar-me
a mistura que convém.
Convém... a quem de mim espera
qualquer coisa... assaz diferente.
Acabo sendo um enigma
aos olhos de toda a gente
que me olha e vai dizendo:
- Esta aqui, não está completa!
Tem um parafuso a menos...
ou é doutro planeta.
Recordo hoje um manifesto que escrevi em 2012. Onze anos decorridos... parece que foi ontem… O panorama agravou de tal modo que começo a acreditar no estoicismo da humanidade que tenta “segurar a barra” que esperamos não vergue perante a sede de matar que têm os muitos (Des)humanos para quem a vida de milhões de pessoas nada significa.
“MAS AS CRIANÇAS, SENHOR, POR QUE LHES DAIS TANTA DOR, POR QUE PADECEM ASSIM?”
Excerto do poema “Balada da Neve”, de Augusto Gil
……………………………………….
REMANDO CONTRA A MARÉ
Gostaria de acreditar que este caos em que vivem as nações, mesmo as que se pensava mais estáveis, não permanecerá assim durante muito mais tempo, porque algo de muito bom acontecerá, inevitavelmente. Estamos a caminhar na direcção errada. A inoperância de certos programas, a indiferença e a incapacidade de certos governantes, a inflexibilidade de certos sistemas políticos, totalitaristas - e outros bem disfarçados - levam-me a admitir que o mundo está a seguir uma rota capaz de conduzir-nos a um fim indesejável. Não fosse a força de certos seres verdadeiramente interessados em levar importantes temas a discussão em inúmeras reuniões internacionais e estou convencida que já teríamos tido uma Terceira Guerra Mundial. Constitui uma constante ameaça à Paz Mundial o ódio gerado entre algumas nações, seja porque seguem ideologias políticas antagónicas, onde não há espaço para atitudes de tolerância e de aceitação do respeito que cada um merece, seja porque o facto de serem países ricos em petróleo os torna gananciosos, ou - talvez mais grave ainda - porque esse ódio é resultante de diferentes convicções religiosas. Entretanto, há nações muçulmanas, fundamentalistas, que constituem uma ameaça pela sua cada vez mais crescente aquisição de tecnologias modernas para o fabrico de armas nucleares e, portanto, porque de fundamentalistas se trata, não podemos deixar de vê-los, também, como uma ameaça à Paz, devido às suas fanáticas crenças e ambição de aumentar o seu poder através da aquisição de armas nucleares sofisticadíssimas. Tal é ocaso da Índia, Israel e Paquistão.
Paralelamente à crise mundial, que é um facto indubitável, como se sabe, assiste-se ao crescimento de potências como a China Comunista, que está a fazer tremer os alicerces económicos de certos países da Europa. Não sei até que ponto a abertura que lhe foi concedida para comercialização dos seus produtos a nível internacional e, consequentemente, o seu enriquecimento devido ao considerável aumento das suas exportações, não venha a ser irreversivelmente lamentada, sobretudo pelo ocidente. Com a entrada no mercado de produtos chineses a um baixíssimo preço, o que temos de considerar ser bastante bem aceite por quem vê as suas possibilidades financeiras cada vez mais afectadas pela crise, vimos muitas empresas acabarem na falência. Isto é um facto indiscutível e não se vê forma de isso ser evitado porque a moral da maior parte dos fabricantes só lhes permite lutar por um objectivo: atingir elevado número de vendas, com lucros exagerados. Sabemos que o preço pago pela mão-de-obra é elevado, mas também sabemos que, dificultando a importação de produtos da China e de outros países que praticam o abuso de pagarem baixíssimos valores aos operários, que vivem miseravelmente, iria pôr termo a este tipo de exploração. Esta medida, aliada à de contenção nos lucros dos fabricantes iria certamente contornar, também, o problema. Não sendo assim, gera-se um ciclo vicioso que só beneficia e fortalece esses países, capazes de recorrerem à mão-de-obra barata, pois enquanto os outros enfraquecem, eles tornam-se fortes potências mundiais, as quais passam a constituir, igualmente, uma outra ameaça quando, a par deste crescimento, sobretudo em países de governos totalitaristas, surge a sua corrida ao armamento nuclear.
Eu não acredito, portanto, que o mundo esteja a seguir o rumo que convém à construção duma política de actuação correcta por parte dos governos a qual, se conscientemente pensados e estruturados os seus fundamentos, iria permitir vivermos num mundo, senão perfeito, que contemplasse...
- acabar com o espírito do lucro excessivo,
- dar dignidade a quem está a passar por grandes dificuldades económicas no seio das suas
famílias, onde a fome e o desespero se instalaram,
- dar à Natureza o seu direito de não ser agredida por constantes gestos dum menefreguismo que
revolta,
- dar à criança o seu direito a um crescimento são e tranquilo,
- dar a cada um a tranquilidade de saber que não precisará de ser rico para ter saúde,
- dar a cada criança uma educação digna de orgulhar-se quem dela irá beneficiar, i.e., ela própria,
em todos os sentidos, quando adulta.
Para quando podermos acreditar que tudo isto possa ser possível, se continuamos a assistir à defesa de estratégias materialistas onde a avaliação de valores tende a favorecer o tacho de grandes egoístas, em vez de respeitar o bem-estar de quem sofre? Lutemos por uma resposta traduzida em actos, não em discursos que há muito nos saturam, feitos por gente que se tornou indiferente à luta de que carecemos. Não necessitamos de conversa da treta, tida para satisfazer a sede de protagonismo de muitos vendedores da Santa Banha de Gibóia, que não cura absolutamente NADA. Precisamos, URGENTEMENTE, isso sim, de Homens de Boa-Vontade para os quais o seu bem-estar pessoal está intrinsecamente ligado ao bem-estar do seu próximo.
Data do texto original do manifesto "Remando Contra a Maré":
2012-11-20
Data da recriação deste conteúdo:
2023-11-06
Cai chuva miúda,
que atropela
a graúda
que fica nas nuvens,
esperando cair.
Vem suave,
mansinha,
com ar de santinha
mas vem pra ferir.
Me enlaço
num laço,
em jeito de abraço,
em jeito de amar.
Me giro,
me viro,
e fico suspensa,
com a chuva a cansar.
Traz sabor de fel,
disfarçado de mel,
e quando desperto,
não há céu aberto,
há nuvem cinzenta.
A chuva graúda,
que já não desgruda,
cai forte, não lenta.
Então, recomeço
de novo e tropeço.
Caio, mas não esqueço
a chuva miúda
que nem me saúda.
Aquele primeiro encontro que tivemos, quando, ainda crianças, nos beijámos, foi o princípio de tudo o que fizemos para esconder o quanto nos amávamos.
Na sombra, tão inocente quanto pura, a minha alma te buscava sem que visses. Foram anos de pena, de amargura, pensando que por mim nada sentisses.
No silêncio vivemos nosso amor. Havia entre nós uma barreira. Tu nada me disseste e, por temor, nada te quis dizer a vida inteira.
Para poder ver-te, fiz longas caminhadas em troca dum instante curto e escasso, que compensasse as noites mal passadas, sem poder fechar os olhos, do cansaço.
Mas um dia, meu amor, me confessaste o forte sentimento que escondias. Tarde demais. Sofri, mas não deixaste que eu compreendesse, então, por que partias.
Nunca disseste a razão que — por culpa minha — nos manteve afastados toda a vida. Hoje és a minha estrela que, sozinha, me conduz, silenciosa, na descida.
Vivemos um amor grande e profundo, que guardei, tal como tu, no coração. Partiste para sempre deste mundo sem que eu pudesse, Amor, pedir perdão.
Gostava de ser capaz
de poder voltar atrás,
aos velhos tempos de outrora...
...sabendo o que sei agora!
Escondidos nestes meus versos,
há muitos sonhos imersos
em quadros de muitas cores.
São contos de mil amores.
Sonhos perdidos, quimeras,
mil e muitas primaveras
vividas, enquanto amei.
Oh… mas quanto me enganei!
………………
Abracei-te com saudade,
ansiando liberdade...
O amor tornou-se escasso,
tal como este meu abraço.
Cubos e Caixas,
Barracas baixas.
Robots e Peças,
Ruas, Travessas.
Máquinas, Contas,
Cabeças tontas.
Governos, Ministros,
Rostos Sinistros.
Dólares, Escudos,
Tostões miúdos.
Prisões, Tortura,
Droga, Loucura.
Um mundo cão,
Sem compaixão.
Está tudo em mim.
Para quando o fim?
Procura os porquês desta confusa vida,
sem grande ambição. Lê no teu coração.
Dentro dele há verdade, nunca ficção.
Procura os porquês desta confusa vida,
com muita simplicidade. Amigo, acredita,
vive tranquilo, sê feliz e medita.
Procura os porquês desta confusa vida,
olhando uma criança. Nela reside o segredo.
Vive a sua inocência! Rejeita esse teu medo.
Abandona os porquês desta confusa vida.
porque só o tempo poderá dar-te respostas,
através de sinais... com verdades expostas.
Num baú já muito antigo, repleto de recordações, reencontrei-me com as tuas cartas. Estavam todas juntas, já sem cor, muito em jeito de terem sido amarradas na tua infinita dor. Tu não conseguiste perdoar-te todo o mal que me fizeste, tal como eu não soube ultrapassar ainda o que, ao longo do tempo, tu me disseste.
Procuro-te dentro de mim, mas de ti já pouco tenho. Só resta um sentimento que mantenho: o da Superação, mas culpo-me das penosas concessões que, consciente, me fiz, e das quais tu, meu eleito no passado, te sentiste culpado.
Não rasgarei as cartas que hoje li e reli. Elas são o meu único testemunho, ainda presente, do que significa “Não Esquecer”, mas “Perdoar”. Sim, porque houve entre nós um passado a respeitar.
… e quando sentires que à tua volta,
tudo soa falso e tudo te cansa,
busca um ser pequeno.
Nada mais doce do que um amor pleno
reflectido no olhar duma criança.
Sim, porque no tempo, esse olhar muda.
Que ninguém duvide. Que ninguém se iluda.
A vida embaciará aquele espelho
que, pouco a pouco, irá ficando velho,
queimado pelo fogo de paixões
e do álgido efeito de muitas decepções.
Vivo ao sabor das marés.
Poucas vazas, muitas cheias.
Se o mar não acalma as ondas...
se agitarão as areias.
Sofro as loucuras da Vida!
De tanto sofrer... estou louca.
Gritando passo meus dias...
de tanto gritar... estou rouca.
Estou farta da confusão
de um vai e vem que me cansa
e me deixa perturbada.
Com tanto golpe à traição,
trairam-me a confiança
e já não creio em mais nada!
A Nação está afundando numa onde de
• supostas verdades, comprovadamente mentirosas;
• ganância incontrolável dos ladrões de alto gabarito, cujos actos provocam situações dramáticas em muitos
sectores;
• maus valores, nos quais o pudor e o respeito pelos outros são quase inexistentes;
• ausência absoluta de humanidade em pessoas julgadas como sendo, supostamente, competentes para
assumir o comando de cargos importantes ;
• consumismo compulsivo, em detrimento de uma cuidadosa análise para ver se o que se compra é mesmo
necessário;
• conflitos sociais generalizados, os quais afectam a mente e, consequentemente, a vida de cada um;
Lamentavelmente, se estávamos muito mal em 1974, estamos consideravelmente pior hoje, e sem perspectivas de soluções aceitáveis que possam pôr fim ao drama existente em muitos lares. Estamos de tal forma que nem o tão precário turismo que temos poderá salvar o deplorável estado em que o país se encontra.
Mil nove e cinquenta e um.
O dia... já não me lembro,
mas foi no mês de Setembro.
Naquela tarde precisa
entraste na minha Vida.
De repente, fui atraída
por não sei quê fascinante,
que actuou naquele instante.
Passei a sentir magia
num viver que simboliza
a importância e o valor
que tem a força do Amor.
A minha mente me acusa de mil difíceis estradas que percorri sem pensar no possível contratempo de não poder recuar. Mas, apesar de confusa por essas encruzilhadas onde sempre fui parar durante este espaço de tempo, nunca desisti de Amar! Sou filha da Temperança. A minha mente é imprudente, mas a minha alma, não. Em vez de lutar com asco, luto com o coração! E nesta luta, com Esperança, vive uma coisa envolvente, contrária à resignação: tentar vencer o fiasco de Acreditar... sem Razão!
A direcção que alguns seres seguem na esperança de, um dia, pôr fim ao que de mau tem o mundo, está cravejada de estradas, precipícios, contra-curvas, cheias d’almas atrofiadas de formação bem ruim. Corruptos, parasitas, têm bem no fundo uma só ambição: poder dominar, para roubar meu irmão!
São gente a quem vil cegueira, quiçá das piores que haverá. Só conhecem seus direitos. Esses seres vis e egoístas desconhecem a miséria. É malta zero altruista. É gentalha muito má! E… os que padecem, estão contrafeitos, cansados, sem fé, sem esperança, porque esperar já lhes cansa. Ah… pois é!
Partilhar o que sinto através da poesia foi, sem dúvida, a melhor forma que encontrei, aos 13 anos, para sentir tranquilidade espiritual. Não sei é se, com isso, arranjei “lenha para queimar-me” ou se, bem pelo contrário, fui ao encontro de tantas pessoas que se identificam com o que escrevo.
O facto de escrever não faria de mim uma escritora, se se tratasse de uma circunstância ocasional. Bem pelo contrário, eu sinto um permanente comprometimento com a prática da escrita, até para manter a minha sanidade mental. Lamento só que esta minha vocação reflicta, frequentemente, os dramas que vivi ao longo da minha vida pessoal, na minha tentativa de neutralizar os efeitos que provocaram em mim. Tranquiliza-me, porém, o facto de haver sempre a possibilidade do leitor ignorar-me.
E foi a explosão na minha mente
- que me mantinha presa e amordaçada -
a causa que matou, naquele Presente,
a praga duma Vida mascarada.
Mudei a direcção que, então, seguia.
Rumei a um Futuro que, não nego,
mudou completamente, nesse dia,
o lado distorcido do meu ego.
Apraz-me constatar que sou feliz.
Assim... a minha alma nua,
nunca mais se mascarou de actriz.
Vestiu-se de verdade, não actua.
Hoje recordo um texto que escrevi em 2014-01-27, depois de ter lido um artigo sobre “TDAH-Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperactividade”, artigo esse que representou mais um escândalo de grande envergadura e que nos leva a questionar como será possível que sejamos tão ingénuos que não nos apercebamos que estão constantemente a enfiarem-nos no cérebro teorias inventadas, muitas vezes através duma arte manhosa, a que chamamos “artimanhas para engordar o património financeiro de mal intencionados que não têm nem pudor, nem respeito pelo próximo”. O referido artigo referia-se a um assunto muito delicado, i.e., o comportamento dos nossos pequeninos, artigo este que veio de encontro às dúvidas que sempre tive neste campo.
A educação da criança exige tanto de nós! Muito sacrifício e muita entrega mas, sobretudo, muita atenção. Quando o mau comportamento duma criança ultrapassa, de longe, a nossa capacidade de control do mesmo, deveremos reflectir, em primeiro lugar, sobre eventuais razões para que tal aconteça e perguntarmo-nos se a educação que estamos a dar-lhe será a correcta. É necessária, da parte dos pais, muita firmeza, paralelamente a tanto amor, quando educam os seus filhos. O Amor e a Firmeza devem interligar-se constantemente, na educação a dar à criança, acabando esta por compreender o significado das duas, aceitando-as.
Nem tudo o que nos parece ser, é-o, realmente, e muitas vezes vêm com teorias que me assustam por chegarem mesmo, não só a agravar o problema da criança, por procedimentos inadequados, como também a 'desviar' uma correcta posição dos pais, comprometendo a sua adequada actuação, no momento próprio. E depois, na grande maioria dos casos, são os pais os directíssimos responsáveis pelos maus comportamentos dos filhos, que tantos dizem - ou diziam - serem esses comportamentos devidos a um "distúrbio" a que chamam - ou chamavam - *TDAH (ou ADHD), quiçá para desculpabilizarem-se...
A nossa culpa não estará, eventualmente,
1. no quanto estaremos a exagerar ao satisfazermos todos os caprichos das nossas crianças, oferecendo-lhes
os mais sofisticados meios de diversão, tais como jogos para computador, play station, Wii, Nintendo, etc.?
2. no quanto as prejudicamos quando não damos a devida importância à correcta organização dos seus
tempos livres?
3. no quanto estaremos a prejudicar o seu equilíbrio emocional, pelo excessivo tempo que perdem em jogos
de competição os quais, na sua maioria, incitam à violência?
4. no quanto as prejudicamos deixando que usem o seu computador (tantas vezes para verem ou jogarem o
que não devem, por ausência de vigilância) ou que alimentem a sua vontade de serem sempre vencedores
em jogos de competição tão agressivos, quanto impróprios, em vez de as acompanharmos em salutares
brincadeiras ao ar livre?
5. no facto de muitos educadores permitirem que os seus filhos comam as suas refeições em frente do
computador, ou a jogarem os referidos jogos, o que - como é natural - prejudica-os altamente?
etc.
Gostaria de saber se os herdeiros de Leon Eisenberg, psiquiatra e educador infantil que inventou o TDAH, (ou ADHD), Transtorno de Deficit de Atenção com Hiperactividade, serão dignos merecedores da fortuna que, eventualmente, ter-lhes-ão deixado, herança essa que ele teria "engordado" ao longo dos anos em que a sua teoria não passou duma "invenção" com esse fim: enriquecer à custa dessa mesma falsa teoria (e quem sabe de outras do mesmo calibre), que levou inocentes pais a acreditarem nele. Essa fortuna não seria suficiente, SEM DÚVIDA NENHUMA, para compensar, moralmente, aqueles que ele prejudicou psicológica e fisicamente.
São homens como Leon Eisenberg e uma fila enormíssima de outros - que não caberia aqui referir - que levam tantas pessoas a acreditarem neles sem reflectirem, primeiro, sobre a veracidade das suas teorias, por desconhecimento óbvio.
Para quê mais palavras? A minha família saberá bem que sempre me opus à teoria dele, quando conversávamos sobre determinados comportamentos de crianças. Amo-as demasiado, para confiar cegamente em algumas das afirmações tão peremptórias quanto maléficas.
Deixo mais duas simples perguntas no ar:
a) Será que todos os jovens que programam virem a ser pais, alguma vez se perguntam se estarão dispostos a
sacrificar o seu tempo, dando à criança a atenção que lhes será exigida por dever? Não menosprezem este
ponto importantíssimo!
b) Será que estarão preparados para proporcionarem aos seus filhos ar livre, em vez de, por comodismo ou
franca falta de tempo, preferirem manterem-se em casa, alimentando neles o hábito, que passará a vício
como qualquer droga, de fazer aquilo que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por exigir se lhes forem
recusadas... gritando e massacrando, até que essas mesmas vontades sejam satisfeitas?
De que servirá a alguns pais irem ao gabinete dum psicólogo para receberem conselhos, se eles mesmos desconhecerem o que são regras nas suas próprias casas?
(Carta de um filho homosexual, a seu Pai)
Quando, muito jovem, não tinha a percepção do que me esperava no espaço em que, tímido, manifestava grande sensibilidade e sede de amor. No tempo, percebi que a distância entre nós silenciava-me a voz, mas travava-me o rancor. Entre mim e ti um mundo obtuso nos separava. Tudo me parecia muito confuso. Buscava conhecer-me através de ti, Pai, mas tu eras impenetrável. Queria emancipar-me, mas sentia-me preso e inadaptável àquele espaço frio, entre nós. O tempo correu veloz, e nunca adquiriu a função de mestre. Continuou a silenciar-me a voz. Hoje não culpo a vida nem este espaço terrestre onde muita gente é oca e assaz presumida. Partiste dum universo que te comandava a vida. Entretanto, esperava que neste mundo adverso encontrasse o espaço que tanto ambicionei, para poder gritar... PAI… EU SEMPRE TE AMEI!
IMPLORO AO PODER MÁXIMO QUE REGE A VIDA AQUI NA TERRA
- A QUEM UNS CHAMAM DEUS, E OUTROS CHAMAM UNIVERSO -
QUE SEJA FEITA JUSTIÇA E QUE ACABE COM A GUERRA!
Aprendemos que matar é contra as leis da Vida. Cada criança que morre, é uma Esperança traída.
A Inocência pura, intrínseca a cada criança que é gerada... não deveria nunca ser dilacerada.
O mundo está carregado de seres demolidores da Confiança no futuro, que se prevẽ tão inseguro.
Abracemos todos, uma importante intervenção: Contrariar os defensores da guerra, como solução.