AQUELE NOSSO GRANDE AMOR

Aquele primeiro encontro que tivemos,
quando, ainda crianças, nos beijámos,
foi o princípio de tudo o que fizemos
para esconder o quanto nos amávamos.
Na sombra, tão inocente quanto pura,
a minha alma te buscava sem que visses.
Foram anos de pena, de amargura,
pensando que por mim nada sentisses.
No silêncio vivemos nosso amor.
Havia entre nós uma barreira.
Tu nada me disseste e, por temor,
nada te quis dizer a vida inteira.
Para poder ver-te, fiz longas caminhadas
em troca dum instante curto e escasso,
que compensasse as noites mal passadas,
sem poder fechar os olhos, do cansaço.
Mas um dia, meu amor, me confessaste
o forte sentimento que escondias.
Tarde demais. Sofri, mas não deixaste
que eu compreendesse, então, por que partias.
Nunca disseste a razão que — por culpa minha —
nos manteve afastados toda a vida.
Hoje és a minha estrela que, sozinha,
me conduz, silenciosa, na descida.
Vivemos um amor grande e profundo,
que guardei, tal como tu, no coração.
Partiste para sempre deste mundo
sem que eu pudesse, Amor, pedir perdão.

Data da croação deste conteúdo:
2009-08-06