As algemas com que vivo, noite e dia, estrangulando vontades que sinto em mim, tornaram-me um ser cativo duma existência que abrando, alienando-me assim: trabalho com raiva e dor e bebo para esquecer o que enfrento, dia a dia. Filtro mágoas no suor, que, no meu corpo a escorrer, grita cansaço, arrepia.
Soltei-me das amarras que me prendiam à longa distância de um tempo sem contagem. Mergulhei nas entranhas do desconhecido, em busca de um saber ou de uma miragem, que desse luz a um todo abluído nas águas que o tornaram respeitado e oficialmente consagrado. Não me perdoo tudo o que perdi, durante tantos anos de inconsciência, dominada por inaceitável prepotência. Cavei um abismo no limiar do caos, sem retorno ou concebível solução. Os pesadelos eram tantos e tão maus, que quase enlouqueci de perdição. Não encontrava a saída dessa vida. Mas foi na origem deste meu poema que me encontrei comigo. Decidida, adquiri uma alternativa e uma paz serena
É tempo de fome e de guerra em muitas zonas do planeta Terra. Se ouvires gritos de inocentes, ecoando com os ruídos estridentes do detonar violento de metralhas, serás um conivente se não espalhas a denúncia da existência de opressores, déspotas, facínoras, malfeitores que, com um ódio profundo, gerem os destinos deste mundo. Escuta, irmão: tu, tal como eu, deves ajudar a levantar o véu que esconde acordos indecentes entre homens de mentes muito doentes. É tempo de reflexão, meu bom amigo. Em cada canto espreita um inimigo.
Em vez dessa escumalha interromper a vida de seres que amam viver, que busquem energúmenos defensores das suas teses erradas, de ditadores. Juntem-se a assassinos voluntários, ou mesmo experientes mercenários, e chacinem-se, entre si, sem piedade. Morram todos na sua iniquidade. Fazerem guerra como antigamente, seria muito menos abrangente. Ninguém tem o direito de impor, de qualquer jeito e seja como for, lutas em defesa de alienações que não admitem outras soluções, que não sejam as do recurso à guerra. Isso, é contra a Vida aqui na Terra.
Em mil nove e sessenta e dois
abracei-te, linda cidade,
mal sabendo que, depois,
viria uma tempestade.
Hoje dás-me o que procuro.
És o meu Porto Seguro!
Sinto que as palavras são tão importantes!
Elas sobrepõem-se às pausas de silêncio
que por vezes - mesmo que por instantes -
sentimos serem necessárias. Quando em dor
as soltamos, arbitrariamente e, em baixa voz,
num ímpeto de mágoa, e sem rancor,
aliviamos a solidão se nos sentirmos sós.
Usemos as palavras com tanto, tanto Amor.
Ofereces resistência às suas investidas... ...em jeito de brincadeira, mas atenção à insistência das batidas. Cada uma, traiçoeira, arrasta prepotência e... água mole, em pedra dura ...tanto dá até que fura!
Amo-te, Vida!
Não sei como foste concebida,
quem te gerou,
e depois te propagou
por este maravilhoso Universo,
do qual faço parte.
Tu és uma obra de arte!
Tu és perfeita!
Mas há gente que não respeita
a verdadeira aplicação
de cada elemento, de cada orgão,
com que foram concebidos:
refiro-me aos assumidos
“Reis das sua Preferência”.
Eles personificam a prepotência
do seu eu, da sua ganância...
defendida com pompa e com circunstância,
porque eles Querem e Podem
impor uma nova ordem
na vida: o malogrado fim
deste indecifrável Universo
onde já reina tanto de perverso!!!
Defenderei, até à exaustão,
o verdadeiro mistério da criação!
Mulher, tu pisas estradas
docemente agarrando
o que a vida te vai dando.
Deixas marcas bem vincadas
nos lugares por onde passas,
e nos seres que tu abraças.
Teus olhos espelham Amor,
como uma estrela cadente,
aos olhos de quem te sente.
Tu esqueces a tua dor
para ajudares quem procura
os teus segredos de cura.
Nasceste flor amando
tuas pétalas de cor rosa.
Sensível, muito ciosa
das vidas que vais criando...
mostras ao mundo, com arte,
que o amor é o teu estandarte.
Porém... deves renunciar
a quem te aldrabando vive,
e de respeito te prive.
Recusa sempre aceitar
qualquer tipo de violência.
Foge dela com urgência.
Esse mastro sobre rochas resistentes, como eu, às tempestades da vida, marca a presença que outrora deixava rastos de amor por onde quer que passasse. Mastro de perseverança fecundada na esperança de conquistar mil batalhas. Arrojada e resiliente, cada uma que perdia gerava nova vertente. E era assim que investia pra realizar meus sonhos. Havia riscos medonhos, na luta por conseguir minhas metas atingir, mas tal como rocha dura, resisti às consequências de quem prefere arriscar, a desistir sem lutar.
Ditas assim, ao ouvido, sinto bem as tuas palavras! Não percebo é o sentido: Ou tu me queres... ou tu me aldrabas. Mas pára lá com o sussurro, antes que te cheire a esturro!
Tu foste a estrela de um sonho, que caducou numa doce esperança. Deste-me força, amor e confiança. Hoje, suporto o que me desespera em cada esquina da minha estrada. Foste agridoce nesta caminhada. Serás sempre uma estrela lembrada entre tantas outras que eu abracei. Tu és a perda maior, indesejada, que, certamente, nunca esquecerei. Caminho, ousada, buscando o fio de um confuso novelo cuja traça corroeu a imaterial essência, agora, malogradamente, escassa. Vivo a memória do nosso tempo, mas o futuro me apaixona tanto que, neste tempo de mau contentamento, até com o que foi... hoje me encanto. De Deus imploro asas para voar, que o que perdi, Ele não me pode dar.
Todos os dias são especiais. Uns... são de nada outros... são de mais! Há desejados feriados para serem festejados, por variadas razões; geram lindas reuniões. Encontrei uma solução: bastaria que o abelhudo daquele chamado de entrudo estivesse, enfim, preparado e muito bem aprontado para uma grande proeza: mascarar a multidão do que tem no coração contra o que tem na cabeça.
E no dia de São Valentim? Que treta! Eu penso assim: Uns vão jantar com a esposa, mas...traidores como a raposa... praticam o acto constante de estar depois com a amante. E viva a hipocrisia! Contudo, ainda há casais nutrindo um bem especial pela pessoa que amam e que jamais trairão! Esses… em pura verdade, prezam a sua paixão! Ai se o coração falasse... Talvez a todos contasse o que poucos saberão.
Deixem que caminhe às cegas sem saber quando parar. Ó alma minha! Se negas a viagem continuar contigo amarrada em mim, sentenciarás meu fim.
As viagens programadas, comigo já não resultam! Acabam sempre falhadas. São muitas das quais me culpam. Preferirei ir andando sem estipular como ou quando.
A alma que hoje venero deixa-me “reinar” assim: faço aquilo que bem quero e ela olha por mim. Espero que não se arrependa, e minha mente compreenda.
Carrega o meu corpo às costas com erros que cometi. Subiu mil e uma encostas, levou-me amarrada em si. Continua a estar comigo. Será prémio, ou castigo?
O meu corpo envelheceu. Já pus a zero os quilómetros. Hoje o tempo é todo meu, não preciso de cronómetros. Amo a dimensão do sonho e o tempo de que disponho.
As marcas que nunca saram
permanecem como alertas.
Os dramas que as geraram
são feridas sempre abertas.
Passaste pela minha vida
fazendo de mim refém,
porém, a tua partida,
como refém me mantém.
Vivi gelados invernos
e verões muito violentos;
primaveras... como infernos,
sessenta outonos cinzentos...
No tempo, a chaga que tenho
virou da cor de carmim.
São lembranças que mantenho.
São penas... partes de mim.
As leis devem ser cumpridas!
São duras, mas não faz mal
se com justiça criadas
e com justiça votadas
pra todo o crime, em geral.
Porém, há casos chocantes
tanto nas mal concebidas,
como nas mal aplicadas.
Vejamos só este caso...
das taxas que nós pagamos
dentro de assaz curto prazo.
Quando um pobre ser, coitado,
tem um percalço na vida
e vê-se, então, condenado
a não poder liquidar
todas as contas do mês...
Seu sossego...era uma vez!
Por qualquer valor em débito,
nem que sejam poucos euros,
penhoram-lhe a própria casa,
e o salário que tem,
em tempo record. Pois bem...
Se, no entanto, um ministro,
ou outro VIP qualquer
que tenha um certo poder,
cometer um acto-crime
que lese gente, em geral,
será também condenado,
contudo, o tempo que leva
a resolver o seu caso,
dá-lhe tempo pra girar
os seus bens pra outro nome
...ou até divorciar-se.
Esse, nunca morre à fome!
Podemos ter a certeza.
O tempo que vai levar
o seu caso a resolver...
dá pano pra muita manga
enquanto o pobre, impotente,
fica doente... e de tanga!
Este, o que tiver,
seja pouco, ou seja nada,
não precisa daquele tempo
e, com a casa penhorada,
só poderá ir pensando
onde meter a família
porque até mesmo a mobília
que comprou, sacrificado,
vendeu para ir pagando
aquilo que deve ao Estado.
Pode, bons anos depois,
o VIP vir a ser preso
mas, raramente indefeso,
terá sempre gentil oferta
duma alternativa aberta
por um qualquer “bom amigo”...
Pois é com pesar que vos digo
que há leis no nosso país,
que não cortam males pela raiz.
Adormeceram em mim vontades insaciadas
que me pediam tanto, mas gostavam de tão pouco.
Eram sedes abstractas, muito inadequadas
à minha alma imaterial, num mundo louco.
Hoje, compreendo minha luta interior.
Estava incarcerada, amando a liberdade.
Lutava, por dever, contra um imenso Amor,
entalada entre o desejo, e a saudade!
Adormecia a dor num constante rodopio.
Travei ímpetos que o dever não me consentiu,
mas não perdi a esperança, nem o amor à Vida.
Apagaram-se as luzes. É tempo de descanso!
Queria renascer, pra reviver, mas já me canso...
Há tantos compromissos de que estou arrependida.
Cubos e Caixas,
Barracas baixas.
Robots e Peças,
Ruas, Travessas.
Máquinas, Contas,
Cabeças tontas.
Governos, Ministros,
Rostos Sinistros.
Dólares, Escudos,
Tostões miúdos.
Prisões, Tortura,
Droga, Loucura.
Um mundo cão,
Sem compaixão.
Está tudo em mim.
Para quando o fim?
...E foi no teu olhar que mergulhei
um dia, procurando-me,
buscando saciar a minha sede
de amar... e de ser amada,
de libertar-me daquela dura rede
onde permanecia, encarcerada.
...E foi em ti que, descrente, constatei,
confrontando-me,
que amar era tão importante
quanto virar a página dum livro velho,
onde já nada era belo, ou relevante,
e onde me revia, como num espelho.
Amar de novo era um desejo ardente,
era uma necessidade, não uma ilusão
ou um capricho impertinente.
Ser livre, esquecer aquele diário
onde quase tudo me parecia secundário
deixou de ser uma simples ambição.
Urgia libertar-me da prisão
onde, cruelmente, estava aprisionada,
reduzida a zero, no auge do tormento...
...E foi em ti que me reencontrei,
liberta das amarras em que estive
tantos anos, nos quais não tive, um só momento,
o que me deste tu, Amor. Quanto te amei!
...E foi em ti, num lindo amanhecer,
que despertei dum pesadelo... para Viver!
Este poema que hoje publico, é uma chamada de atenção para a
assustadora escalada de violência doméstica que se verifica no
mundo. Dia, após dia, surgem notícias constrangedoras a respeito
deste tema que não encontra resposta que viabilize uma solução.
Tu e eu somos dois seres muito diferentes!
Sempre serás um oceano que me agita,
e eu... um ser assaz sereno que te irrita.
Perturbado pelos cenários que tu crias,
e alheio ao sofrimento que tu provocas,
espezinhas, maltratas, dominas e sufocas.
Disse não a esse universo que tu geres.
Não serei, nunca mais, essa mulher resignada,
que foi, durante anos, reduzida a nada.
Estou preparada para caminhar em frente!
O passado que me culpa, e que me acusa,
transformou-se em muita força e em recusa.
Desprendi-me de alguém que tanto magoaste.
Sinto hoje que a minha vida vale mais
do que as cenas que fazias… sempre iguais!
Deixei de ser a mulher que tu nunca amaste.
Vento que bate, insistente, em frágeis corpos sem norte. Leva tudo à sua frente, na sua fúria de morte. Ninguém sabe o que fazer. Desistir, não são capazes. Acreditam que vencer é o prémio dos audazes. Os que preferem ponderar, estudam o mal na raiz, buscando como travar os ventos do seu país.
Ventos loucos, sem control, que sopram todos os anos, anos escuros, sem sol, que causam penas e danos. Uns esperando a calmia, vão recolhendo a folhagem; outros, mais em sintonia, lutam juntos com coragem. Procuram travar a dor. Têm esperança no bom senso e na força do amor, cujo poder é imenso.
Fartos dum presente duro, fogem de ventos e lodos. Têm esperança no futuro. Todos por um, um por todos! E, nesse esperar sem fim, sentindo a força do vento que sopra, dentro de mim, fui-me esquecendo do tempo, esse factor meu rival, que sei ser muito importante nesta luta desigual contra um mau tempo constante.
Admiro a Mulher decidida, que luta, que é corajosa, ponderada, resoluta, e que, perante um facto irreversível, procura bem torná-lo exequível, apelando ao poder do Universo... Quem sabe o que estará no reverso desse facto e da sua não aceitação? A revolta poderá ser uma razão.
Para além do palpável, visível e perceptível, esconde-se um Mistério, onde tudo é mutável. Nesse suposto império, onde somos marionetas, parece estar alguém, atento ao que projectas. Não tomes como seguro o que possas desejar, para bem do teu futuro. Num súbito volte-face, acaba por desabar aquele teu lindo plano que contavas resultasse. Seria puro engano? Quando virás a saber? Num mês, num dia, num ano? A resposta tardará, mas surgirá, podes crer.
Enquanto, à segunda-feira,
és da preguiça, uma herdeira.
Enquanto, nos outros dias,
tu tens muitas arrelias
- ou mesmo um fim de semana
com muita coisa sacana.
Enquanto tu te revoltas
por males viajando à solta.
Enquanto no teu ofício,
o trabalho virou vício
_porque a família que tens
são os teus mais puros bens.
Enquanto buscas, em vão,
um amor, uma paixão.
Enquanto, do que semeias,
colhes menos do que anseias...
outros há esperando a morte.
Isso sim, é que é “má sorte”!
Enquanto uns, desgastando
o que ainda vai sobrando
dum corpo já quase ausente
deste mundo deprimente...
há ainda os que se lamentam
de coisas que os atormentam.
E enquanto o corpo gastam
e sua alma desgastam...
há os que dariam tudo
pelo passado. Contudo,
estão velhos e a enfrentar
o que lhes resta: esperar!
És habitante com prazo.
Não deixes que aquele atraso
que tu sentes, no que esperas,
te desespere deveras.
Aceita o que tens sabendo
que, mal ou bem, tu estás vivendo!
Discursos, de acrimónia impregnados,
retratam teu carácter hediondo.
Vê-se um brutal ódio escancarado
em tudo o que, habilmente, vais expondo.
Sem tergiversar, vais revelando
de que lado te encontras, no cenário.
O povo, ignorante, vais fraudando
com opróbias atitudes de vigário.
Vai longo o teu exórdio! Que pereça
na alma de pessoas desumanas,
isentas de valores, pragas humanas.
Desmascarar-te, urge que aconteça!
De gente como tu, está cheia a Terra.
Geras o ódio que conduz à guerra.
Jazem em mim amordaçadas esperanças
gélidas, sem cor. Passaram a lembranças
no dia em que partiste, feito orgulho,
mas é nelas que, por vezes, eu mergulho.
Eu sei que é doentia esta recordação
dum passado tanto vida quanto solidão...
Sobrepõe-se a tudo quanto me corrói,
um grande Amor que o tempo não destrói.
Eu sei que a minha frágil resistência
já pouco poderá, em realidade,
contra o desgaste recôndito da idade.
Mas prefiro abraçar-me à tua ausência,
do que anular em mim todo um passado!
Não estás... mas imagino-te ao meu lado.
Ouço o chilrear dum pássaro, aturdido.
Minha alma desperta ao som dum novo dia.
A noite despediu-se escapando do ruído
de seres indignados, gritando de agonia.
Começa o movimento dum vaivém que cansa.
O povo não se cuida, afunda na rotina...
e neste afundamento pesa o da criança
entregue a vigilâncias às quais se subordina.
Vives esmagado por normas sociais
onde impera a força de grandes aldrabões.
Queimam a tua esperança e as tuas ilusões.
Vives numa era de forças virtuais.
Deixaste de ser livre! Tu és um seu refém!
Não vales pelo que és, mas sim pelo que tens.
Faço parte desse teu imaginário. Para ti, não sou um ser... Eu sou um vulto bem escondido atrás dum cenário onde, covardemente, o manténs, oculto. Tu nunca consideraste o meu direito à liberdade. Ignoras o respeito que me deves. Sou Mulher e sou pessoa. Tu não planeaste tudo isto, à toa...
Não tolero a tua covardia, tanto insuportável, quanto infame! Tu geres sempre o meu dia-a-dia tentando protegeres-te do vexame de poderes vir a ser reconhecido. Tu és um ser que vive comprometido entre fazer bem e fazer muito mal. Tu és.... subtilmente... um anormal.
Divides-te entre o bem que aparentas, e o insuportável mal que praticas. Satisfazes velhas ânsias sedentas de vingança e guerra, que exercitas provocando no meu ser um medo atroz. Impedida de erguer a minha voz. fizeste de mim a escrava desejada que amordaças, para manteres calada.
E eu... - Deus meu! - não posso fazer-te frente. És demasiado musculoso... forte! A minha grande fraqueza não consente arrojos, porque vive temendo a morte. Até quando segue a lei, compactuante com este horror que continua actuante? Até ser tarde demais e deixar que eu sinta a liberdade morrer em mim... faminta?
Caminhava às escuras,
na última etapa
da estrada onde, um dia,
perdi o meu norte.
As noites tão duras,
sem lua, sem mapa
e sem companhia,
eram breu de morte.
Abracei-me e beijei
minhas mãos já gastas
de tanto escrever
de tanto afagar.
Não te choro. Cansei.
Foram muito nefastas
as dores de temer,
as dores de te amar.
Pergunta a Fé à Esperança:
- Por que andas sempre a meu lado?
- Porque sou brisa que amansa
todo o ser abandonado.
Quando a ausência desespera
um sofrido coração,
sou eu a que, nessa espera,
acalma a situação.
Segura do teu valor,
não gostas de companhia,
mas eu sou Esperança e Amor,
e no tempo... Terapia.
Minha alma... irresoluta, quando se observa ao espelho, faz sempre a mesma pergunta: - Quem foi a filha da mãe, que te pôs rugas no rosto? Não te ficam nada bem. Respondo triste e calada: - Foram dores. Deixaram traços fingindo serem abraços. Não reajo… mas eu sei: - Foi o tempo que me tirou aquilo que mais amei!
Tristonha, não me rebelo. Nem tudo na vida é belo, e um dia... partiremos belas ou não - não importa. Quando a morte bate à porta, como estivermos… iremos. Na campa, um camafeu em vez de fotografia, não mostra que seja eu naquela imagem esculpida. Repousarei, de alma fria, com tudo o que fui na vida.
Sentimos aumentar a fragilidade do que pensávamos ser bastante forte e tememos perder o nosso norte. O chão que pisamos perde estabilidade. Passamos a sentir o peso de longos anos vividos entre sonhos e desenganos, numa luta constante em busca de Amor, de Saúde, de um desejado bem-estar... em que exigimos demais, sem pensar. É o desgaste. O tempo não perdoa. Tudo aquilo que ambicionávamos, que tanto idealizávamos… encalha como um barco que abalroa. Desintegra-se. Deixa de interessar porque sabemos ser impossível realizar. E choramos o passado, com saudade. Mas... durante o tempo que perdemos, houve uma lição que não aprendemos: a de vivermos com muita simplicidade sem desejar sequer, transpor limitações que exigem bom senso e tantas precauções.
Quisera poder virar-me do avesso, duplicar-me... Ser mais eu! Ser urgência e ser excesso, nunca ausência. Fazer mais do que aquilo que já faço. Estar presente, frente a frente com a dor e, num abraço, juntar a Fé, a Coragem e tanto, mas tanto Amor. Urge acalmar a maré de raiva e de rancor, que ronda por todo o lado. Que mundo desnorteado, onde quase tudo errado não pode dar certo, não! Vive-se a vida morrendo, sem praticar o perdão.
Procuro na tua mente, rica de bons elementos de informação adquirida e muito bem trabalhada... aquilo de que careço. Faço-o, tranquilamente, naqueles momentos de conversa bem contida, por mim tão apreciada. E o meu saber abasteço, como qualquer viatura, numa estação de serviço. Há muito tema oriundo de coisas já diluídas que prefiro explorar da tua enorme cultura. Procuro o que tenho omisso de algum tema assaz profundo. São essências extraídas de uma fonte a transbordar.
Com respeito eu entro e saio
nas(das) igrejas do mundo,
mas não preciso de ensaio
pra dizer o que, no fundo,
sinto ser uma agressão
à moral de um bom Cristão.
Não tem nada a ver com crenças.
Tem a ver com atitudes
notoriamente perversas
...disfarçadas de virtudes
por homens que as defendem.
São desumanos! Ofendem!
Conquistam os seus “rebanhos”
usando uma má doutrina,
e dogmas assaz estranhos
que actuam como morfina
na alma de muitos crentes.
São ordinários e doentes!
Por grandes portas eu entro...
saindo isenta de tanto!
Há manchas negras no centro
do meu grande desencanto.
Em jeito de espiroqueta
vai fermosa e bem segura,
Leonor… pela verdura,
mas ouve uma obsoleta
piada de garanhão,
e dispara-lhe a tensão.
Renuindo e avançando
achou ser um impropério
piropear-lhe um galdério!
Pior ainda... cantando!
O que disse aquele machão,
implicava uma reacção.
Leonor, perante as tretas
que a incitavam a agir,
teve mesmo de intervir.
Desferiu-lhe duas galhetas,
em jeito de punição,
e acabou-se a questão.
Teria a alma do poeta
- lá do sítio onde ela está -
visto o que se passou cá?
Não estará ela inquieta?
É que as Lianores de agora
não são como as de outrora.
Como vivi a pandemia?
No global, o que sinto,
é que a vivi, dia-a-dia,
metida num labirinto
de coisas que não suporto.
Se discordam, não me importo!
Em tempo de frustração
por um vírus vagabundo
ter vindo para matar,
eu senti, bem no meu fundo,
asco da vil ignorância
que causa tanto mal-estar.
E... talvez pela minha idade,
uma enorme discrepância
entre a mentira e a verdade,
gerou em mim implicância.
De olhos cheios de poeira,
perdi qualquer esperança
de ser-nos dada maneira
de promover confiança.
Já ninguém crê no que contam
os grão-mestres da ciência.
Hoje dizem uma coisa,
amanhã... haja paciência!!!
Depois do que vi... e vejo,
nos meios de informação,
sei que há pessoas sem pejo
de iludir a multidão
com programas inconvenientes.
A justiça, sempre lerda,
não é posta a funcionar
contra quem defende a tese
de as audiências salvar
mesmo que o que passe lese
os interesses da criança.
Um, ou outro, programador,
fiéis a uma velha herança...
vão recorrendo a programas
com violência... no amor.
O resultado final?
As audiências... são salvas
e grita-se: Menos mal!!
MAS QUE FALTA DE PUDOR!
Não me assusta nada a Morte, mas a Vida, agora, sim! Ela avança sem saber o que bem fazer de mim. É dela que eu tenho medo. Sinto uma luta entre as duas quando, como hoje, me excedo e fico horas e horas a pensar no que inventar para não ser castigada por este meu “deixa andar”... Soluções? Não encontrei porque o caminho que sigo diz-me que olhe por mim, mas afinal... não consigo!
Cinco dias de vida para a despedida
de dois mil e vinte e três. Quem sabe, talvez,
parta humilhado, e com tanta vergonha...
Muito mais do que aquilo que se suponha!
Foram inúmeras as malogradas vidas,
certa e inexoravelmente perdidas;
umas foram causas brutais e desumanas,
praticadas por pessoas muito sacanas;
outras ligadas a ódios e a ganância,
nas quais se luta por tudo... em abundância;
restam ainda as de causas naturais...
pelas quais não foi possível fazer-se mais,
e outras, também, de causas a descobrir
as quais, quiçá, ocultam metas a atingir.
Ficarão no ar mil perguntas sem respostas
credíveis, esclarecedoras e compostas
das causas de alguns efeitos secundários...
mas só nos são explicados dados primários.
Assumem-se inúmeros procedimentos,
contra os quais não são admitidos argumentos.
E já asseguram que os vindouros anos
carregarão mares de vários desenganos.
Deixemos correr as prenunciadas águas!
Quem sabe lavarão todas as nossas mágoas...
A Mulher Portuguesa
é força todos os dias.
Acorda em posição “pino”,
para dar volta ao que enfrenta,
e aos cadilhos que aguenta.
Não confia no destino.
Vai à luta pelo que quer.
Para tanto... ela é MULHER!
Nasceu símbolo de Força
na sua forma mais casta.
Vive o Amor verdadeiro.
Nem se entrega por dinheiro,
nem qualquer coisa lhe basta.
Sabe bem qual o valor
de dar... recebendo Amor
na sua maior pureza.
É só isso que ela espera
da sua entrega sincera.
Esta é a Mulher Portuguesa!
Data da criação deste conteúdo:
2018-09-20
Imagem de Jo Kassis
Do mundo, sou cidadã. Da vida, sou sua amante. Moro onde me sinto bem. Sou, por norma, viajante. Para onde quer que vá, segue comigo, também, esta minha mente sã, quanto basta de esperança, uma mão cheia de amor, e tanta perseverança. Tenho perfeita consciência de fazer o meu melhor, ao opor-me à desistência a que os fracos dão valor.
Malmequer te elejo, A flor da noite. Ladina, sem pejo, Mergulhas na dor Errantes, amantes. Que queres tu tecer? Um romance em flor, Em alguém a querer Respostas de Amor?
Data da criação deste conteùdo: 2012-11-05 Autor da imagem: José Prada
Desgasto-me de raiva por não vencer o medo, causado pela fraqueza que sinto em mim, agora. Oh! Quem me dera travar este arremedo da mulher forte que eu encarnava outrora.
Quisera conseguir ultrapassar o tempo, chegar a vencedora de tudo o que criei, mas as pernas cedem perante o contratempo de ser tarde demais pra tanto que almejei.
As dores vão aumentando enquanto as folhas secam, e perdem-se vontades geradas com amor durante tantas fases, tão densas de fulgor.
Enquanto fui gerando sonhos que obcecam, não dei pelo desgaste da alma consumida por tudo o que, então, fiz sem respeitar a vida.
Impõe-se actuar. Amanhã será tarde.
Rodopia no ar, desaire e loucura.
Urge que apaguemos a chama que arde,
antes que outras pestes surjam já sem cura.
Misturam-se as forças do bem, e do mal.
Uma estranha nuvem é vista no céu
pelos olhos de luz de um jovem zagal…
mas foge encoberta por um turvo véu.
Milhões de imbecis estão bailando na estrada.
São gente que grita, que canta, que clama.
Filmam-se em poses de glória frustrada,
vivendo em ribalta, sedentos de fama.
Mas há um outro grupo, sereno e culto,
de seres inteligentes, e assaz calados,
que ama escutar o Universo oculto,
onde ecoa o silêncio dos iluminados.
Meus Caminhos de Cristal
percorro com ambições,
lado-a-lado com camelos,
águias, mochos, camaleões.
Por vezes lhes faço frente,
outras há que os ignoro.
Depende do que consente
a minha vida, que adoro.
Aos camelos tiro espaço;
às águias apalpo o pulso;
aos mochos abro um abraço
e os camaleões... expulso!
Neste caminhar que mudo
- porque a vida mo consente -
tenho encontrado de tudo,
e tanto que me atormente.
Vejo males noutros caminhos
muito piores do que os meus;
bichos perversos, daninhos,
‘ávis raras’, camafeus.
Magoa fundo esta dor
de ver o velho e a criança,
sem defesa, sem amor,
morrer de desesperança.
E não se enganem aqueles
que pensam remediar
erros velhos... quando neles
há vícios a degradar.
Não se cancela num dia
condutas velhas, caducas,
e o remendo só adia
a regra que nos educa.
É preciso fazer mais.
Defenderei, com fervor,
actuações globais
em prol dum mundo melhor.
Data da transcrição deste excerto do livro: 2011-05-03 Capa do Livro: Miguel Letra