Recordar-te-ei na vida... que não lidero,
mas serás sempre o meu eterno amor,
apesar de tudo ter sido “bluff” sincero.
Foste um reconhecido adulador,
contudo, os teus comportamentos mudaram
no dia em que, finalmente, te deixei.
Hoje vivo feliz este Presente gasto,
seguindo a luz da viragem que gerei.
O tempo que se queima a promover
questões de cariz estranha e obscura,
devia ser usado para suster
a população carente de cultura.
Repete-se o velho antigamente...
Mantém-se a ignorância estagnada
enquanto um grupo livre, prepotente,
vai actuando firme, à descarada.
Fabricam-se leis em vários sectores.
Inventam-se facciosas decisões
com um fim: silenciar as multidões.
As condições de vida… são bem piores.
Enchem-se vários cofres, em segredo.
Não se gera cultura, gera-se medo.
Despertei de um lindo sonho, dentro do teu coração... Batia ao ritmo do meu, sem qualquer aceleração. Não partas, fica comigo, até que chegue outro dia. Não me deixes, meu amor, careço de companhia. Hoje sou ave sem asas, já não consigo voar. Faz-me falta a tua calma, e a tua força de amar. Se ver-te não posso mais… que o sonho seja o autor dos cenários virtuais, da minha vida sem cor.
Tinha uma vontade férrea de rasgar os danos que carregava, teimosamente, há tantos anos. Eram eles que motivavam o meu enorme tédio para o qual procurava o milagre dum remédio.
Queria algo que eliminasse, que excluísse o meu sofrimento. Sim! Urgia que eu insistisse em continuar a viver, mas feliz, não penando por males adquiridos dum passado sem comando.
Mantinha-me colada a um teimoso apego, num passado remoto de desesperança e medo. Acabei por cegar e ainda não compreendo como escapei do mal que me estava fazendo.
Impus-me, realmente, uma radical mudança que repusesse em mim uma dose de perseverança. Hoje, sim, estou novamente vivendo a vida... não aquela insuportável morte adquirida.
Manter-me-ei fiel a esta premeditada conduta, recusando conselhos de gente toxica, astuta... Estou feliz com as manifestações do meu ego, que se revela forte, entusiasta, mas não cego.
Recuso-me aceitar o peso do malvado fardo do qual, felizmente, já nem a memória guardo. Regressei feliz, brindando novamente à Vida... orgulhosamente perseverante e destemida!
Esta saudade que sinto dói-me tanto quanto a resistência que perdi ao saber que partiste deste mundo. Foram muitos os anos que, entretanto, não conseguindo evitar pensar em ti, fui cavando em mim um mal profundo.
Tu eras vida e fogo, em minha vida. Vivia na esperança de que um dia passaria do sonho à realidade... Mas o tempo corria e eu... perdida na estrada mal amada em que seguia, queimava o tempo de forma inadequada.
O futuro que quis não é mais nosso. Estou farta desta vida de aquiescência contra a qual não quero mais lutar. Oh... esta dor com a qual não posso! Cada pedaço de mim é desistência, é barco abandonado, a naufragar.
Eu queria apenas ver-te, se pudesse... Não sei como... nem quando, meu amor. O tempo que tivemos... se perdeu. Aquilo que esperava que ele me desse não caberá no tempo ao meu dispor. Deixou de pertencer-me. Não é meu.
Não sei por que estou viva. Sou refém de mil pendentes esperando solução, para depois partir em liberdade. Não estás mais aqui. Estás num Além com o qual não tenho ligação e não consigo vencer esta saudade.
Era há tantos, tantos anos que vivias por teu mérito, cuidando sempre de ti... que o tempo te ofereceu tempos pra compensar contratempos que, bem nova, conheci.
Resignada e sofrida, tiveste, na tua vida, enganos e desenganos, mas esse tempo que amamos sabia tu teres a crédito milhões de afectos aqui.
Usaste esses tempos todos até ao último dia. Apesar de mil engodos, minha Mãe, foste calmia nos meus momentos de dor. Deixaste em nós tanto amor!
Não quero saber em que País está a razão! A guerra nunca foi justa, nem foi solução. Não quero saber quem ateou as acendalhas, porque acredito tenham sido vis canalhas. Não quero saber a verdade do que nos contam. Habituei-me às mil mentiras que se montam. Será que essa gentalha pensa na criança quando projecta a guerra na sua liderança? Quero saber quem irá pagar aqui na terra o ressuscitar dos mil despojos duma guerra. E quereria saber ainda, bem no meu fundo, quando se instalará a Paz aqui no mundo!
Data da criação deste conteúdo: 2022-03-11 Imagema: Dmitri Ganin
Urge que eu respeite a minha realidade
ou deverei começar, suavemente,
a dar mais atenção à indiscutível verdade
da não resistência aos grandes danos
que o tempo inflige em cada sana mente?
Sei que não sou imune ao avançar dos anos...
Deverei procurar serenar a minha agitação,
que me tem escrava do que falta acabar,
ou deverei moderar a minha tentação
deste meu fazer de conta, rumar a norte,
esquecendo que a sul, depressa ou devagar,
caminha, em minha direcção, a morte?
Por aqueles que sempre, fielmente, amei,
eu quero continuar a viver, a amar,
desprezando a tua chegada, que sempre ignorei!
A confiança que, de ninguém, mereces,
ofereço-a à Vida, que sabe criar e recriar!
Maldita sejas tu, que não desapareces!!!
O dia estava fresco, acinzentado.
A pobre da gaivota esvoaçava
em busca de alguns restos de pescado.
E enquanto sobrevoava... grasnava...
À ninhada, acabada de nascer,
não importava saber por que gritava.
Prosseguia, pipilrando por comer...
e a fome, entretanto, não passava.
Cansada de os ouvir, a gaivotinha,
solta um forte grasnar, tão estridente,
que acabou dorida numa asinha
e não pode voar mais. Ficou doente.
Arrastando-se, e bem contrariado,
surge o gaivoto, pai da pequenada.
Enfrenta a situação, desajeitado,
e decide, resoluto, fazer... nada!
Alguém da vizinhança, vendo a cena,
decidiu ir socorrer os pequenotes,
oferecendo à mãe, que lhe fez pena,
pescado muito fresquinho... aos magotes!
O gaivoto nunca mais apareceu,
não sei se por enorme humilhação.
Isto foi o que vi dum sítio meu,
com realismo em alta dimensão.
2023-04-14
Imagens: Olga Lioncat e Théo Lê
Montagem: Maria Letra
Um peso enorme nos ombros,
e um doce encanto que adoro,
parecem saír de escombros
de quando em quando… e choro
por elos de tanto Amor,
nascidos de muita dor.
Prisioneira neste mundo
em conflito, não me sinto
capaz de saír do fundo
dum Passado, mais que extinto.
Barulhos fortes, constantes,
me despertam por instantes…
Meus pés doem ao puxá-los
para que sigam em frente,
mas já não sei libertá-los
deste sofrido Presente.
Sinto-os como que amarrados,
teimosamente parados.
Há folhas velhas pelo chão.
Estão secas. Perderam cor.
As que ainda ali não estão
sofrem de perdas de Amor.
A poda... já se avizinha.
Novas vidas surgirão
trazendo em cada folhinha
cores da velha geração.
É assim que o tempo faz.
Cada ciclo é uma mudança
que a Natureza nos lança.
Os velhos ficam pra trás.
Vão morrendo em prestações
que a morte cobra... em fracções!
Tu urdes teias com mil cuidados.
Teces teus actos, em cada fio,
bem disfarçados, camuflados
nas tuas veias, de sangue frio!
Nesse tecer, tu não me aturdes.
É de meu jeito ver causa-efeito,
ir mais no fundo, ir mais além.
Não fantasio, enquanto urdes.
E, nesses dias, em que tu teces,
com tua mente geras suspeitas.
Por alguns dias, não apareces,
até que as teias estejam feitas.
Mas não sou presa. Sou combativa.
O teu tecer já não me engana.
Pára de urdir. Estou na ofensiva.
Da minha vida sou soberana.
Um movimento de gente atarefada
invade lojas, ruas e até calçadas.
Os multi-bancos, de forma inusitada,
esvaziam-se de notas... Que maçada!
A despeito de poderes, ou não, cobrir
uma listagem de presentes de Natal,
interessa-te é comprar e, a seguir,
“a ver vamos!”, dirás então... mas ficas mal.
Fazes a lista dos créditos a pagar, verificas o valor da tua receita,
e passarás esse Natal... insatisfeita!
Enfrentarás esta dura realidade:
Se o Dever for superior ao Haver,
há um saldo negativo… a inverter!
Pior do que estar falido é não termos consciência da nossa maledicência ao julgarmos mal alguém... quando passamos a vida com a alma impedernida pelos podres que contém.
Prometi amar-te eternamente, sim! Eu desejava que fosse mesmo assim. Reduziste-me a nada. Acreditei que tu ainda mudarias. Me enganei. Contudo, de loucura não irei morrer a despeito do quanto sei vir a sofrer.
Tudo farei para queimar esta paixão que subsiste, ainda, no meu coração. Hoje estou diferente. Nem sei quem sou. Só reconheço o mal que em mim ficou, paralisado os meus sonhos de criança. Perdi em ti, toda a minha confiança.
Silencia o que possas querer dizer-me. Não irias, seguramente, convencer-me.
Panteísmo, Pampsiquismo, Imanência e Transcendência coexistem, porque existem. São teorisas que exulto não precisar de abraçar. São temas com problemas de entendimento tão lento que desisto, sem ter visto factos concretos, objetos da minha entrega, que nega ir além do que convém. São meras linhas, não minhas, de pensamentos que tento, não ousar aprofundar. Nesta ignorância e ânsia de procurar saber mais, jamais terei, ou tentarei, uma resposta, pois exposta a cada teoria que as diferencia, perco a razão e, então... por ignorante passarei. Entre a verdade e a realidade do muito que tem sido dito gerar-se-á sempre um conflito.
Há ondas fortes nos mares do Oriente. Testam confrontos, tentando a sua sorte. Põem à prova o saber quem é mais forte, mas, entretanto… cai por terra muita gente!
O mundo está temendo os dois autores das guerras declaradas em pronta acção. Pergunto-me, revoltada, por que razão não lutam entre si, os temidos infractores?
Cessem as ondas nos mares, porque na Terra, há ventos rodopiando, em alvoroço. De paz não há sequer o mais leve esboço.
Carecemos de tratados contra a guerra. O mundo clama alto! Implora clemência. Salvemos a humanidade com urgência.
Nesta sua condição deveras muito importante, ela não nasceu em vão, foi-lhe dado um “ser” constante. Gerar amor, emoções, dar vidas aqui no mundo e perpetuar lições de teor muito profundo.
Ser Mulher não será nunca um “ser” qualquer...
Excluindo aberrações e caracteres mal formados, que encontrará aos montões em gente de muitos lados... ela preza o que lhe serve em modos bem ponderados para de exemplo servir aos grupos de mal formados..
Ser Mulher não será nunca um “ser” qualquer..
Filtra mágoas amarradas em erros por redimir para ter forças lavadas num presente a corrigir. Gerando e gerindo vidas adoça-se de ternura e vai sanando feridas na alma de gente pura.
Ser Mulher não será nunca um “ser” qualquer..
Solteira ou mesmo casada, vive com grande prazer e assaz bem preparada, prà missão de conceber. Exige ser respeitada da forma como convém. Ela ama e é amada pelos seres de quem é Mãe!
Programa bem o futuro,
para não teres dissabores.
Na vida, nada é seguro!
São aos milhares os traidores.
Ama tudo o que criares
e quem sempre te apoiar.
Se, por acaso, falhares,
impõe-te recomeçar.
Busca valores que se ajustem
às tuas aspirações,
e que as falhas não te assustem
causando-te frustrações.
Segue a via mais correcta.
Não te enganes no caminho.
Corre em direcção à meta,
nem que tu corras sozinho.
Data da criação deste conteúdo:
2013-01-28
Imagem: Cottonbro Studio
Revolução!?! Mas o que é revolução?
É passares o tempo de jornal na mão,
condenares partidos, criares confusão?
É chamares aos outros nomes sem perdão?
É clamares por algo que não cultivaste,
e quando tu erras, não veres que falhaste?
Não! Revolução é pôres no que fazes, paixão,
repudiando o mal... dando nova razão
à existência humana, sem sede de fama.
Revolução, é amares todo o ser desprezado,
ou diferente, a que chamam coitado.
É sentires as dores daqueles que anseiam
condições melhores. Sim, amigo, Revolução
é jamais permitires a exploração;
é dares realidade à palavra "amigo".
É criares um mundo sem desunião.
Revolução, é não revelares qualquer distinção
entre ti e um ser que nasceu mais pobre;
é abrires caminhos para a Paz no mundo.
Meu irmão, Revolução... é algo mais nobre,
não a falsa paz, com fins abjectos,
mas a paz de espírito, com fins bem concretos,
sem as guerras frias, inúteis, cruéis,
onde opera gente nem a si fiéis.
Revolução... é fazeres sempre o bem;
é reinvindicares uma nobre condição:
a de haver compaixão e um abnegado AMOR,
que exclui o que seja traição e rancor.
Depois... conserva os valores que geras,
e praticas, porque acreditas que a vida
deverá ser dignamente vivida.
Reconhecerás, então, que a tua consistência
serviu à Nação, por serem valores reais.
Pratica lealdade, fidelidade e decência;
Exige justiça e condições sociais,
geradas numa base bem definida.
Dá-te a esta luta, de alma e coração!
Verás que isso, amigo, foi uma dura lida,
mas poderás gritar... FUI REVOLUÇÃO!!!
Amiga, tu, como eu,
foste jovem, no Passado.
Hoje... estamos na descida
dum tempo quase esgotado.
Não penso, porém, no fim.
Tenho muita Vida, ainda, em mim.
Amiga, fala-me do tempo,
dos teus desamores,
dos teus desencantos
e dos teus dissabores.
Fala-me da tua má sorte...
...mas nunca me fales de Morte.
Amiga, fala-me da lua,
das tuas fraquezas,
das tuas paixões
e até das tristezas,
quando foste traída...
...mas deixa que eu te fale de Vida!
Recuso temer a Morte
mesmo que esteja a sofrer.
Antes de mim, morre a esperança!
Quero ser a última a perecer.
Tenho mil projectos em suspenso.
Enquanto o tempo corre...
é neles que penso.
Vivo ao sabor das marés.
Poucas vazas, muitas cheias.
Se o mar não acalma as ondas...
se agitarão as areias.
Sofro as loucuras da Vida!
De tanto sofrer... estou louca.
Gritando passo meus dias...
de tanto gritar... estou rouca.
Estou farta da confusão
de um vai e vem que me cansa
e me deixa perturbada.
Com tanto golpe à traição,
trairam-me a confiança
e já não creio em mais nada!
Não me perguntem quem sou,
pois não sei se me conheço.
O pouco que de mim resta
está virado do avesso.
Dentro... já pouco presta.
Há quem veja um coração.
Sim, na verdade… palpita!
Por muitos? Decerto não!
Haverá quem admita
que, em tempos, fui furacão.
Fico contente por isso,
mas não me revejo assim.
Que bati recordes... Sim!
Minha mente só esqueceu
quem é que, hoje, serei eu.
Sentia o coração fechar-se no meu peito.
Não aceitava a minha vida tão sem jeito,
porque enquanto a minha alma se despia,
revelava-me ao mundo, muito só… vazia!
Estava cercada de tudo, porém, de nada.
Não vivia mais em mim! Estava magoada…
O ser humano deixou de ver. Tornou-se cego,
pensando apenas na defesa do seu EGO.
Lutava, desejando que não fosse em vão
a força que ia mantendo, na esperança
de que iria acontecer qualquer mudança.
Impus-me dar uma volta à situação.
Se as soluções, falham todas, uma a uma,
O peso que já carregamos se avoluma!
Desvirtuadas virtudes estão hoje muito na moda. É um misto de atitudes, uma moral que incomoda... Não consigo lidar bem com um certo amar de cobra, mal amando quem não tem o que outros têm de sobra. Um molhe de gente egoísta, com uma mente assaz sacana e muito materialista... tornou-nos a Vida insana.
Não posso crer na mudança quando a sede é de vingança.
Somos um povo importante, como tantos outros são, sejamos nós Arapasos, Anambés, ou Aruás, uma só coisa queremos: vivermos todos em Paz. Somos um povo importante, como tantos outros são, sejamos nós Bacairis, Alsanos ou Aparais, no Amor temos direito a sermos todos iguais. Somos um povo importante, como tantos outros são, sejamos nós Fulniôs, Guatos ou Uarequenas, vos dizemos o que somos: seres humanos. Isso apenas. Somos um povo importante, como tantos outros são, sejamos nós Xucurus, Lecuanas ou Zorós, uma coisa vos pedimos: RESPEITO por todos nós!
Data da criação deste conteúdo: 2011-03-22 Autor da imagem: Alex Azabache
Nuvens choraram de pena, lágrimas envenenadas caindo em cima da vida. A noite estava serena, e as almas, adormentadas, não deram pela investida. Aqui não impera a sorte; trava-se uma grande luta entre gente resoluta tentando vingar a morte.
Me atrai a sua graça, me enlaça, me abraça, deixa-me feliz. Atento, Cupido, atrevido, assaz seduzido pelo meu lado de actriz, deixa-me sem jeito e aproveita o ensejo para conquistar-me … e, quem sabe, enganar-me. Mas fico na minha, entre fofa e fofinha, feliz… mas sozinha.
No limiar do trajecto
que me conduz à partida
da minha confusa vida,
faço da mente objecto
de criteriosa análise,
com perguntas e respostas
que me ponho, interpostas
em "modo psicanálise"...
Gostava de concluir
se nesta minha existência,
falhei por incompetência,
ou por meu ego servir.
Atribuo "mea culpa"
a muitos maus resultados
de passos que dei, mal dados.
Não merecerei desculpa.
Voltar atrás... já não posso!
Mais vale, então, perdoar-me,
seguir em frente e amar-me,
pois com a dor... não me adoço.
Foram milhares os quilómetros que fiz caminhando com calçado que magoa. Ganhei bolhas nos pés, apenas porque quis provar-me que a minha alma... perdoa.
Falhei em muitas direcções que programei mas que, por tantos imprevistos, não segui. Foram erros meus que, de culpas, só eu sei, e caminhadas das quais me arrependi.
Quis sentir-me capaz de evoluir no conceito de perdão que reinventei. Hoje estou descalça e a resistir. Sem bolhas e sem dores, aguentarei.
Data da criação deste conteúdo: 2021-09-16 Autor da imagem: Rennan Oliveira
Hoje a Ti clamo, Deus do Universo imenso!
Ignorante das razões que teriam motivado
tanta morte neste mundo a que pertenço,
eu não consigo entender, o que terá gerado
a perda de tantas vidas inocentes, tão a eito...
Estou profundamente chocada e muito desiludida!
Como mataste tão sem pena e tão sem jeito?
Uma a uma, tu deixaste que morresse tanta vida...
Já me confundiam as leis por que te reges, a qual gera
gritantes contrastes entre a abastança e a penúria.
Mas isto agora é o caos que sobre o mundo está caindo.
Enquanto milhares não verão mais a doce Primavera,
outros seguirão navegando no desprezo e na incúria
que devotam aos que lutando, irão também sucumbindo.
Como Tu foste veloz neste cenário contrastante,
revelando a coexistência de tanto sentimento...
Em apenas uns segundos, em apenas um momento,
deixaste escancarada uma panóplia de situações,
cheias de grande agoiro e de tantas aberrações.
Actuaste com tanta crueldade e tanto acirramento!
Não saberei dizer, nem saberá alguém,
quantas almas boas se vão perdendo pelo mundo,
olhando a vida com tolerância e fé, como convém.
Cravaste em nossa alma um espinho assaz profundo!
Oh se eu pudesse recuar àquele tempo em que sentia
que a vontade gera força! O que eu não faria!
Cai a noite, serena, na cidade,
adormecendo em mim vontades loucas.
A minha alma não sabe o que é idade,
mas as forças me traem, porque poucas...
Dentro de mim um rio vai deslizando
deixando-me resíduos do seu fundo.
Minha mente, cansada, irá tentando
libertar-se desse peso tão imundo.
Caminho a passos largos para um mar
do qual nada conheço, mas respeito
tudo o que dele, enfim... ouço contar.
Que o rio da minha vida lá me pouse
esperando, nesse mar, ter o direito
de que o meu corpo morto, nele repouse.
Entrai, minha gente, entrai!
Nós, portugueses, sabemos,
que já não há quem debande
gente a mais. Todos cabemos!
Entre quem veio, e quem foi,
houve quem, tão bem, dizia...
“Levo barriga de boi
e a bolsa, não vai vazia”.
Basta que sejam estrangeiros...
Mesmo sem cobrar vintém,
estamos prontos a servir-vos
pra que nos alembrem bem.
Vinde de novo, almas santas!
Estão abertas as fronteiras
pra turistas especiais,
que tenham boas maneiras.
Tão bem estiveram por cá…
Outros verões haverão!
Com uns euros bem poupados,
terão sol, vinho e bom pão.
Se, realmente,voltarem,
quiçá ‘inda cá estaremos...
Simpatia, encontrarão!
Sobreviventes… veremos!
Sinto um aperto no beco
onde morei toda a vida.
Lá fui grito, não fez eco,
preparei-me prà partida.
Mil sonhos, mil esperanças
se tornaram pesadelos.
Foram pesadas heranças
deixadas por vis camelos.
Deixei meu País, sofrendo...
Rompi laços, à partida.
Ainda hoje não entendo,
por que mudou minha vida.
Na estrada que vou pisando
doem-me os pés. Não reclamo.
Caminho sempre sonhando,
voltar ao País que eu amo.
Outrora, houve um tempo muito longo
em que era fácil saber o que fazer
perante inesperadas situações.
Cada uma que surgia, íamos pondo
em lista que se impunha resolver
- antes que causasse depressões.
Nada desse tempo resta agora…
e nada do que vem, pode esperar.
Vivemos amarrados na incerteza.
Milhares de seres partiram, muito embora
a Ciência não pare de inventar...
Carece de respostas com sageza!
Nós fomos apanhados por vil surto
de um vírus em contínua mutação,
cuja vacina nem sempre é eficaz.
Lutamos contra um tempo muito curto.
Urge esclarecer muita questão
num mundo onde há de tudo, menos Paz.
Semeei de asas partidas, batidas por fortes ventos... mas não quebrei, nem torci! Vivo o tempo que escolhi. Na alma jazem, perdidas, esperanças, não sentimentos. Recolhi-me em solidões. Sentia-me surda e muda. Reguei campos que secaram e almas que nunca amaram. Quem não vive de ilusões não há nada que as iluda.
Sigo em busca dum encontro entre o meu ego e eu mesma. Por medo de um desencontro, ora corro como a lebre ora travo, e viro lesma. Não quero que a força quebre, ou que o tempo me consuma. Nas peças da minha vida não consigo ver alguma que me defina, em concreto, um valor absoluto. Desesperada me ofendo de modo um tanto indiscreto, sempre que me precipito. Hoje páro, amanhã luto contra este medo tremendo daquela que agora sou... Mas será que serei eu quem me procura, Deus meu? Algo em mim se complicou e me matou, certamente. Perdi determinação, e sempre que a minha mente se intromete fortemente, em coisas do coração... aí... fraquejo, assustada, por nunca poder prever qual a minha reacção. Neste meu desconhecer a outra que existe em mim... me perco, me precipito. Recuso viver assim! Me sinto inconformada e em constante conflito! Estou só e desencontrada…
Que não te impeça o mal que estás vivendo entre gente diversa, e assaz devassa, de aceitar tranquilamente o que vais tendo esquecendo aquele "por quê" que te ultrapassa.
Procura admirar todos os pôr do sol, através de espaços que tens na tua vida. Em cada dia que nasce, há um farol, que guiará teus passos, na descida.
A tua vida faz parte de um processo que se multiplicou. Em cada episódio haverá actos de amor, azar e ódio.
Terias enfrentado muitos retrocessos, avanços, e mais aquilo que se não vê. Portanto, vive e esquece os teus: - POR QUÊ?
Nasci carente de palavras, na minha frágil mente.
Envolta nove meses numa grande escuridão,
e encolhida num espaço curto... pacientemente
esperava, esperava, sem pressa ou ambição.
Movia-me nesse espaço curto, mês após mês
com maior dificuldade. Havia disparidade
entre o meu crescimento e o daquele espaço
onde, sem eu saber porquê, esperava não sei o quê.
Comecei a mover-me para sair da situação.
Com a força que me foi dada, busquei uma estrada
que pudesse conduzir-me à minha libertação.
Urgia que eu mudasse. Sentia-me sufocada.
Nove meses bastaram para tornar-me ansiosa.
Fui crescendo gerando em mim um modo de actuar,
e cheguei mesmo a esta convicção, assaz teimosa,
de que, se não estivesse bem... deveria mudar.
Contudo, ao longo dos anos estive mal inúmeras vezes,
e mudei de localização muito amiúde,
mas apesar da minha eupatia, pelos reveses,
digo ainda, a quem não estiver bem... que se mude!
Rodopiando na vida,
num rodopiar constante,
muitas vezes fui traída
de forma muito chocante.
Vivi anos assustada
numa escola onde a maldade
duma “doninha” frustada...
não gerou em mim saudade.
Adolescente inquieta,
amante de viajar,
decidida, e muito directa,
minha vida quis mudar.
Depois de ter posto fim
a um passado assaz duro,
escolhi Londres e, enfim,
programei o meu futuro.
Casei-me mal, fui sofrida,
mas meus filhos, meus amores,
ensinaram-me que a vida
é feita de muitas cores.
Numa luta sem descanso,
mil perdas quis esquecer,
e enfiei-me num campo
de mais ganhar que perder.
Serena e muito confiante,
faço provas, em escritos,
de ser da vida uma amante,
e de odiar conflitos.
Cada vez que penso dar
tempo ao tempo que ainda tenho...
acabo por perguntar
a mim mesma, com pesar,
se o tempo da minha vida
tem tempo para esperar.
É que me sinto perdida
num mar de tantos pendentes,
que tenho por resolver...
São coisas assaz urgentes
que o tempo, sempre a correr,
não quer deixar-me fazer.
Nem já posso perder tempo...
nem tenho tempo a perder.
Os sonhos morrem de velhos, um a um.
Não se ouve o voo dos pássaros coloridos
que aqueciam a alma e semeavam vida.
Neste lúgubre mundo já não há nenhum.
Nunca mais se viram. Estão desaparecidos.
São silêncio, dor e esperança traída.
No passado foram montes de paródia.
Tão pequeninos! Eram aves sedentas de Amor
que quem ama não nega. Estimula!
E o chilrear recrudescia, virava rapsódia
à Lagardère. Sem sentido… mas com tanto valor!
Sabia a felicidade que o tempo mata, anula.
Ele, que desgasta, gera alterações
na essência das coisas que brilhavam em nós
… e deixam-nos restos do que não esquecemos.
Acumulam-se, então, invernos, verões,
primaveras, outonos, que geram avós…
ficando a memória do que já não temos.