Mais um ano passou sem ver as tuas águas.
Mais um ano passou sem ver as tuas areias.
Ai quantas vezes lavaste as minhas mágoas
e quantas vezes, meu bem, mudei de ideias.
Mais um verão marcado pelo desgaste
sorrateiro e louco, que tanto me sufoca.
Esperei-te, meu amor, mas tu nunca chegaste.
Sou retrato fiel do que o esperar provoca.
O mar e tu, meu bem, são tudo o que me resta
dum passado remoto que me tem cativa
dum amor imenso, que não irá deixar-me.
Um vil cansaço em mim se manifesta.
São rugas de que o tempo não me priva...
Amar-te-ei, amor, até cessar de amar-me.