Solto a minha cansada mente
e deixo que me lembre
daquele tempo em que brincava
... e ria feliz, e muito contente
por tudo… e por nada.
Chegava a ser insensata.
Eram tempos de prata.
Fazia rir toda a gente,
ora imitando, ora dançando,
ora falando com as paredes,
minhas amigas que, pacientes,
deixavam - surdas -
que lhes dissesse o que eu quisesse.
“Amiga, a fruta estava caríssima,
e o mercado… cheio de gente!”
Naquele trajecto que a minha mente,
lesta, consente,
ia recordando
e derramando gotas de sal,
porque a saudade… faz muito mal!
Busco defesas. Recordo, em fila,
aqueles momentos, ano, após ano.
Seis filhos tive. Tive os que quis…
Daí em diante… é pra esquecer!
Contudo, neste meu fado
que guardo, muda… houve episódios
de grande luz, que iluminavam
a minha mente. Virei a página.
E aquela dor que a minha alma
ainda sente, muito pesada,
não vale nada. Foi a herança
que me deu força e tanta esperança.
Os meus bons filhos foram sarilhos,
muitos cadilhos, mas são tesouros.
Deles nasceram meus treze netos,
e outra que brilha, como uma filha.
Ponto final! São todos netos!
Com eles partilho grandes projectos
para o futuro que será deles.
Sim, porque do meu... o que sei eu?!?