Não me faço perguntas escusadas sobre a escalada de violência que, diariamente, caem nas páginas dos jornais e nos noticiários - que já evito escutar. Trata-se de um conjunto de causas, cujos efeitos estão a tornar-se profundamente lamentáveis, assustadores, e indicadores de um país sem rédeas. Tudo à volta dos problemas - já para não referir tantos outros – que geram consequências nefastas a muitos níveis, agravadas pela demora das condenações que tantas vezes urge fazer. Actualmente parece não bastar ao criminoso simplesmente matar. Hoje ele consegue ser mais sádico, mais hediondo e mais perverso!
Politicamente, a população está a sentir-se desprotegida, negligenciada e altamente prejudicada, se tivermos em conta o que se passa com o final de muitos processos contra elementos do Estado e outros de tantas figuras com cargos de grande responsabilidade no País, e que se tornaram, mais do que uma GRANDE desilusão, uma GRANDE vergonha para Portugal.
Focando, paralelamente, o interesse que aos media suscita notícias mundanas que não acrescentam nada seja a quem for, assistimos a que os mesmos - preocupados com a necessidade de manterem a percentagem de audiências no topo, transmitam programas que, ao invés de gerarem cultura e bons princípios de formação, dão ao povo aquilo que a maioria dele prefere: drama, violência, e uma série de maus exemplos servidos com muito "molho", deixando a outra percentagem de pessoas limitada a uma minoria de bons canais.
Repare-se, ainda, na forma como são feitas entrevistas a pessoas vítimas de um dramático episódio nas suas vidas, como por exemplo terem matado à força de pontapés na cabeça, de forma brutal (MESMO QUE BRUTAL SEJA SEMPRE!) um familiar de alguém. Exemplo ao acaso:
- O que é que sentiu quando lhe contaram o que aconteceu?
Isto é uma pergunta que se faça? Alguém tem dúvida que o seu familiar está em sofrimento??? Porquê perguntar? Seriam muito desejadas palavras de conforto, não massacrando mais a pessoa entrevistada. É espremer o sentimento até às lágrimas, senão não gera uma atmosfera de dor... Será isso? Chega-se ao cúmulo de assistirmos à forma como alguns apresentadores orientam as perguntas que fazem aos entrevistados, e ouvimos verdadeiros disparates, até com perguntas sem qualquer interesse para o tema da conversa, o que deixa a impressão de que foi dado um tempo demasiado longo ao entrevistador, levando-o a fazer perguntas que mais parecem de natureza coscuvilheira, do que de análise de dados que teriam muito interesse para o tema a explorar. Que mediocridade!
Este meu texto reflecte uma certa decepção que tenho vindo a acumular dia, após dia, face às circunstâncias em que se vive neste País. Estes foram os temas que hoje, cansada e desgastada, ocuparam a minha manhã.