Cai a noite, serena, na cidade,
adormecendo em mim vontades loucas.
A minha alma não sabe o que é idade,
mas as forças me traem, porque poucas...
Dentro de mim um rio vai deslizando
deixando-me resíduos do seu fundo.
Minha mente, cansada, irá tentando
libertar-se desse peso tão imundo.
Caminho a passos largos para um mar
do qual nada conheço, mas respeito
tudo o que dele, enfim... ouço contar.
Que o rio da minha vida lá me pouse
esperando, nesse mar, ter o direito
de que o meu corpo morto, nele repouse.