Os anos vão avançando
e eu vou-me transformando…
Sinto-me muito carente
da força que hoje não tenho.
É um não sei quê… Algo estranho...
pois não sou quem era outrora!
Diluiu-se a inspiração.
A que tenho pouco presta...
Estou entre o caos e a acção!
É tão pobre o que me resta
do muito que já perdi,
que não ato... nem desato.
De tudo quero isolar-me.
Dizem que sou poetisa,
mas tal não se concretiza,
quando procuro escrever.
Não sou real, nem concreta,
no que escrevo... e no que digo.
Eu provo... mas não consigo.
As rimas que vou criando
se baralham, me exasperam,
se confundem, ou se fundem
se atropelam, se retraem.
São pobres letras dançando
nos versos que a mente traem.
Escondem-se dentro da rede
dum todo de fantasia
onde o que há é só sede
daquilo que tive um dia.
Os versos que agora faço,
geram-me um grande embaraço,
que não me deixa viver.
O pouco de que era abastada,
já perdi. Só resta... nada!
Minha alma quer renovar-se,
alongar-se, adaptar-se
a este barco sem remos.
Se consome neste estado
de intranquila disputa
travada comigo mesma.
É uma luta incomum,
e enquanto a coragem rasgo...
com a inspiração me engasgo,
por rimas sem jeito algum...
Em suma, compilo versos
muito meus, muito simplórios,
focando temas diversos.
Contudo…. são recorrentes
longas crises de jejum,
sem um poema escrever.
Recuso-me versejar!
Já não consigo criar!