Nasci carente de palavras, na minha frágil mente.
Envolta nove meses numa grande escuridão,
e encolhida num espaço curto... pacientemente
esperava, esperava, sem pressa ou ambição.
Movia-me nesse espaço curto, mês após mês
com maior dificuldade. Havia disparidade
entre o meu crescimento e o daquele espaço
onde, sem eu saber porquê, esperava não sei o quê.
Comecei a mover-me para sair da situação.
Com a força que me foi dada, busquei uma estrada
que pudesse conduzir-me à minha libertação.
Urgia que eu mudasse. Sentia-me sufocada.
Nove meses bastaram para tornar-me ansiosa.
Fui crescendo gerando em mim um modo de actuar,
e cheguei mesmo a esta convicção, assaz teimosa,
de que, se não estivesse bem... deveria mudar.
Contudo, ao longo dos anos estive mal inúmeras vezes,
e mudei de localização muito amiúde,
mas apesar da minha eupatia, pelos reveses,
digo ainda, a quem não estiver bem... que se mude!