Libertar-me de ti quisera, um dia,
mas não tinha coragem, amarrada.
Sabia muito bem no que incorria
se tentasse escapar, subjugada.
Rendida, diariamente, ao meu desejo
de manter-me alguém que não desiste,
perdia, em cada hora, um bom ensejo
de libertar-me do mal que me infligiste.
Há um tempo lento, durante o dia,
em que nada de oportuno se conjuga.
Vendo que o bom momento não surgia,
decidi-me programar a minha fuga.
Num ímpeto de arrojo e de coragem,
propus-me renunciar ao subjugar-me,
e iniciei, sozinha, uma viagem
planeada no sentido de libertar-me.
Foi longo o tempo de espera e de incerteza;
na ânsia de rever quem me apoiou,
sentia muito bem que esta proeza
podia acabar mal, mas resultou.
Passei anos e anos numa luta
tão incessante quanto perturbante,
mas foi a solução absoluta
para viver a vida, doravante.
Data da criação deste conteúdo:
2025-01-21