QUANDO UM ESTILO SE TRANSFORMA EM EPIDEMIA


Que ninguém se sinta ofendido com o desabafo que trago hoje. Há modas que não são modas: são autênticas epidemias estéticas que me desgastam a paciência e me fazem duvidar da imaginação humana. Parece que basta algo ficar “tendência” para se desligarem cérebros e ligarem o modo “imitar até cair”.
Falo, concretamente, de duas pragas contemporâneas: certos penteados e certos bailados televisivos.
A primeira praga é o penteado da risca ao meio, aquele em que os cabelos são esticados com tal violência que, se a moda continuar, qualquer dia vemos testas a ir da sobrancelha ao pescoço. Fortemente colados ao couro cabeludo, lá seguem eles — favoreça ou não, pouco importa; a ordem é obedecer à moda.
A segunda praga habita os palcos dos cantores pimba: uma coreografia sempre igual, sempre abanada, sempre no mesmo registo… duas ou três bailarinas a fazer exactamente o mesmo, dia após dia, programa após programa. Chega a ser quase hipnótico, não fosse tão pobre, tão repetitivo e tão profundamente enjoativo.
E pior: quando se tropeça em certos canais que insistem em injectar estes programas repetidos até à náusea, os telespectadores ficam com duas opções — desistir… ou aceitar o risco de ficarem meio chonés.
Antigamente via pouca televisão por falta de tempo; agora vejo ainda menos, mas por sanidade mental. Descobri um antídoto infalível: escolher apenas canais que não me dêem cabo do sistema nervoso. Chamo-lhe “OPÇÕES” — e digo-vos que, para quem não aprecia epidemias estilísticas, é a cura perfeita.


Data da criação deste conteúdo:
2025-11-19