O rubicundo poente
que a minha imaginação
criou no meu horizonte,
é um factor decorrente
que a paz no meu coração
deixa que, serena, afronte.
Abaganhada em trabalho,
missão que a vida me impõe
dia, após dia, que passa,
busco homizio num baralho,
as mil coisas que se impõe
que eu, tranquilamente, faça.
Mas o poente em questão,
engoda quem lhe faz mossa,
e quando penso que sim,
que talvez, ou mesmo não,
ele acredita que eu possa
suportar seu frenesim.
Mas a idade atraiçoa
esses poentes em fogo,
frutos das nossas cabeças.
E quando o muito magoa
e o trabalho está em jogo,
viramos tudo às avessas.
Um veloz fenecimento
da força que, até então,
parecia viver em nós,
surge num dado momento
e, sem qualquer ambição,
sentimo-nos muito sós.