"Viver com liberdade é melhor do que viver com repressão." [sic]
Estou integralmente de acordo com esta reflexão de V. Ex.ª, mas muita coisa terá de mudar no nosso país para que sintamos a liberdade implícita nesta expressão. Não sei até que ponto o que está a passar-se em Portugal, relativamente à prática de crimes hediondos e outras formas de violência, quase generalizada e assustadora, não será o reflexo de uma repressão camuflada, daí limitar-me a referir a frase acima. 1. Quem quiser alimentar-se bem em Portugal — considerando o salário mínimo nacional e o subsídio de reintegração vergonhosos — tem de dispor de rendimento suficiente para o fazer; caso contrário, estará a candidatar-se a doente.
2. Quem precisar de assistência médica e não tiver rendimento suficiente para recorrer ao privado, fica entregue ao SNS, que está paupérrimo, como todos sabemos.
3. Os pais que, obviamente, precisam de trabalhar, fazem-no em condições absolutamente desajustadas àquilo que exige a educação de uma criança. Consequentemente, assistimos a situações de causa-efeito inadmissíveis, porque geram conflitos nas escolas, por exemplo, onde o professor sofre as respectivas consequências.
Estes três pontos fulcrais bastarão para exemplificar algo muito básico, mas de primordial importância, que compete aos governantes gerir com conhecimento profundo e muita determinação. Mas não! O povo continua a escolher um seu representante no governo segundo a escolha feita pelo seu partido preferido, como se se tratasse do seu clube desportivo favorito, e não a competência e o bom nome do candidato em proposta.
São inúmeras as averiguações ainda em curso, relativas a muitos elementos que fizeram parte do governo ou foram responsáveis por importantes cargos em grandes empresas deste país, alguns dos quais estão/serão até eleitos para ocupar altos cargos no estrangeiro, que exigem elevada competência e honestidade. Eu sei que o praticante de um crime é inocente até que seja provado o contrário, mas não deveria candidatar-se a fosse o que fosse antes de ser provada a sua inocência.
Defendo a democracia veementemente, mas, por favor, Senhor Presidente, permita-me questionar a afirmação de V. Ex.ª perante o cenário que temos diante dos nossos olhos neste momento em Portugal, porque a repressão pode sentir-se de várias formas. Tal reflexão carece de ajuste adequado.
"O cidadão que é obrigado a viver em condições reprováveis sofre a repressão de não lhe ser consentido usufruir de uma vida digna, no verdadeiro sentido das palavras."