Hoje gostaria de transmitir-lhe o que penso de algumas das Suas afirmações que me intrigam pelo que podem significar. A forma eloquente como se expressa, poderá, eventualmente, arrastar nela pontos a mais, que carecem de especificação.
Gostaria, por exemplo, de conhecer qual o tipo de liderança que V. Ex.ª desejará para a sua actuação como Presidente da República, já que foi a esse cargo que acabou por candidatar-se, em vez daquele que inicialmente pretendia, isto é, o de primeiro ministro. Por exemplo, quando cita espanha, reino Unido, etc., como países exemplares no que diz respeito a determinados sectores sobre os quais os distingue, eu desejaria que definisse melhor, para as pessoas menos cultas, qual o tipo de hegemonia aplicada a esses mesmos países: coersiva, cultural ou política.
Pela forma como se expressa, fico quase sempre com a sensação de vazio num turbilhão de campos de actuação que lhe dão a possibilidade de ficar indefinido o que carece de definição. Pretenderá V. Ex.ª usar apenas “uma manga que venha a resultar em muitas outras que essa poderá gerar” ? Com isto, poderá ser julgado como alguém que pretende estar defendido pelas afirmações que faz, actuando, eventualmente, num sentido contrário àquele que a maioria das pessoas menos cultas, julga. Não é desta forma que, pessoalmente, gostaria de continuar a ouvi-lo expressar-se. Se um país hegemónico se define pela sua posição de supremacia na sociedade… quando, concretamente, não a define, mencionando apenas o seu objectivo, a sua “meta”, poderá ser mal interpretado/a, na minha modesta opinião. Assim, seria talvez melhor que evitasse a certos entrevistadores tantas insistências, definindo melhor a sua resposta, em vez do “deixe-me só dizer o seguinte”, demasiadamente frequente. Talvez até perceba por que o faz, mas penso que o colocaria em melhor posição, se o evitasse.