Maria Letra
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A TERRA É DE TODOS NÓS

Quando o lindo mar se agita, por revolta no seu fundo, há gente que, muito aflita, teme que termine o mundo. Não te encrespes mais, ó mar! Apesar dos males que alastram, iremos poder travar o que tantos egos castram. Que a ira não se repita! Entranhada no teu fundo, há um mal-estar que grita contra um egoísmo imundo. Elevamos nossa voz! Vivamos todos na Terra considerando que NÓS, muitos EU e TU encerra.

2011-03-30 Imagem: Lucas Meneses
AMAR-TE-EI ATÉ CESSAR DE AMAR-ME

Mais um ano passou sem ver as tuas águas. Mais um ano passou sem ver as tuas areias. Ai quantas vezes lavaste as minhas mágoas e quantas vezes, meu bem, mudei de ideias. Mais um verão marcado pelo desgaste sorrateiro e louco, que tanto me sufoca. Esperei-te, meu amor, mas tu nunca chegaste. Sou retrato fiel do que o esperar provoca. O mar e tu, meu bem, são tudo o que me resta dum passado remoto que me tem cativa dum amor imenso, que não irá deixar-me. Um vil cansaço em mim se manifesta. São rugas de que o tempo não me priva... Amar-te-ei, amor, até cessar de amar-me.

2016-05-15 Imagem: Maria Letra
ECOA O SILENCIO DOS ILUMINADOS
Impõe-se actuar. Amanhã será tarde. Rodopia no ar, desaire e loucura. Urge que apaguemos a chama que arde, antes que outras pestes surjam já sem cura. Misturam-se as forças do bem, e do mal. Uma estranha nuvem é vista no céu pelos olhos de luz de um jovem zagal… mas foge encoberta por um turvo véu. Milhões de imbecis estão bailando na estrada. São gente que grita, que canta, que clama. Filmam-se em poses de glória frustrada, vivendo em ribalta, sedentos de fama. Mas há um outro grupo, sereno e culto, de seres inteligentes, e assaz calados, que ama escutar o Universo oculto, onde ecoa o silêncio dos iluminados.

2022-03-27 Imagem: Marek Piwnicki
ETERNOS VÍRUS QUE PODEM CAUSAR A MORTE POR ASFIXIA – ou trata-se de um mal maior ainda?
Há vírus de várias estirpes actuando no mundo de várias formas, hipoteticamente deixando marcas para sempre, mas gostaria de concentrar-me neste momento, e em primeiro lugar, no que atacou Portugal em 25 de Abril de 1974, durante o processo de instalação da tão desejada Liberdade e, em segundo lugar, no que invadiu o mundo, no final de 2019. Através de uma simples análise básica, ambos me parece terem uma característica comum, isto é, possível morte por asfixia.
Tendo vivido, bem de perto, momento a momento, a Revolução de 25 de Abril de 1974, e revendo os ideais causais da mesma, chego à conclusão básica de que a evolução que teve proporcionou, aos mais curiosos, uma boa oportunidade de analisarem inúmeras e variadas reacções das pessoas, durante a qual aqueles adquiriram uma série de conhecimentos que lhes foram permitindo fazer um quadro das variadíssimas cores da alma do Povo Português – até então amarrado à proibição de ser livre.
Considerando que, num regime dito democrático, o slogan “Socialismo em Liberdade” ocasionou erradas interpretações e consequentes abusos da parte de pessoas sedentes de libertinagem – o que nada tem a ver com Liberdade! – não posso deixar de continuar posicionando-me defensora do respeito por certos valores morais que foram negligenciados a partir daí, e que o novo regime não soube proteger. É certo que não seria fácil dominar certos ímpetos do povo, parte do qual carecia, e carece ainda, de princípios de educação e de cultura adequados a um país democrático, mas tenho de reconhecer, repetindo-me, de que competia aos detentores do poder dar ao povo aquilo de que carecia, para melhor sentirem a diferença entre o que foi o país antes do dia 25 de Abril de 1974 e o que foi proposto vir a acontecer a partir desta célebre data.
Considerando ainda não só os diferentes níveis culturais da nossa sociedade, na altura, mas também o que resultou dos cinquenta anos de “clausura da alma de cada português”, ainda hoje considero não terem sido totalmente neutralizadas as consequências dos quase cinquenta anos de regime totalitarista, então vividos. Quer nas vítimas directas quer, por reflexo, nos seus descendentes, essas consequências representaram golpes muito graves, que atacavam primeiro a alma e, depois, o corpo que era, em muitos casos, “enclausurado”, se ousassem manifestar-se contra o regime. Tal clausura não era provocada por um vírus qualquer… Tratava-se de uma estirpe, também esta com várias mutações de ampla envergadura, que causavam lesões graves nos opositores ao regime, acabando por asfixiá-los, lentamente.
Se fizermos um estudo – que nem é necessário que seja profundo – do que se passa hoje, verificamos que, decorridos quase outros cinquenta anos, ainda somos perseguidos por vírus “especiais” que matam por asfixia, só que agora trata-se de uma outra espécie, também assassina e com variadas mutações, mas igualmente asfixiante. Este vírus ataca primeiro o corpo, deixando a alma a pairar num espaço perdido… Por que nos enclausuram? Porque a ciência isso aconselha! Contudo, as inúmeras contradições de opinião e de constatação de factos e de insucessos, “engasgam” quem está atento e geram perguntas sem resposta aparente. Depois, todo este quadro tem um background e um jogo de interesses não indiferentes… Assim sendo, continuamos a sofrer a perseguição de verdadeiros assassinos do corpo e da alma… mas trazendo sempre implícito o estabelecimento de regras de comportamento que têm como objectivo “sermos protegidos e protegermos os outros”. Não estarão estas regras mascaradas para servir novos fins, mais perversos ainda – se bem que diferentes daqueles que imperavam antes e durante a revolução de 1974? Decorridos cerca de cinquenta anos, somos surpreendidos por uma nova situação viral, de novo mascarada com “diferentes mutações”.
Quem serão os “malabaristas” que continuam presos ao dito cujo da galinha, desde o primeiro ovo que de lá tiraram, em 2019? É que se trata de um “soma e segue” de partos… numa galinha que continua viva… Até quando? Estarão estes “malabaristas” com propósitos bem definidos, na tentativa de levar uma qualquer outra carta a Garcia”? Da primeira vez, saímos marcados e com deficiências. Como sairemos desta vez?

2021-11-29
Imagem: Josh Hild
A ALMA DO MEU POENTE
Deixem que caminhe às cegas
sem saber quando parar.
Ó alma minha! Se negas
a viagem continuar
contigo amarrada em mim,
sentenciarás meu fim.
As viagens programadas,
comigo já não resultam!
Acabam sempre falhadas.
São muitas das quais me culpam.
Preferirei ir andando
sem estipular como ou quando.
A alma que hoje venero
deixa-me “reinar” assim:
faço aquilo que bem quero
e ela olha por mim.
Espero que não se arrependa,
e minha mente compreenda.
Carrega o meu corpo às costas
com erros que cometi.
Subiu mil e uma encostas,
levou-me amarrada em si.
Continua a estar comigo.
Será prémio, ou castigo?
O meu corpo envelheceu.
Já pus a zero os quilómetros.
Hoje o tempo é todo meu,
não preciso de cronómetros.
Amo a dimensão do sonho
e o tempo de que disponho.

Data da criação deste conteúdo:
2015-10-09
A PEIXEIRA DO BOLHÃO
Ó miga, tenho o peixinho mais fresco que há no Bolhão. Xaputa e peixe-porquinho, truta, pescada e salmão. Venha aqui! Venha comprar! Ó freguesa, leva ou não? Se preferir desdenhar ...viro "modo palavrão"! Ó muore, venha cá escolher! A sardinha é cor da prata! Quando o marido a comer... irá ver como ele a trata!

Data da criação deste conteúdo: 2021-10-27