Num enorme espaço aberto,
muito para Além do mundo,
entrou uma nova alma.
Encontrou outras dormindo
um sono muito profundo.
Ali não há vida, nem ambição.
Entrou nele mais uma luz,
que a um corpo deu tréguas,
deixando-o na Terra
onde agora jaz
a milhões de léguas
desse Além em Paz.
Um corpo que morreu
lutando para continuar vivo
mas que perece cativo
duma razão susceptível,
talvez, de confusão.
Uma guerra inconcebível,
para ajuste de contas,
ou um acto da Morte
que ceifa a vida
de quem deixou de ser forte?
Viagem que só tem ida.
A volta... nunca será prometida.
A partida é sempre triste
mas, na verdade, necessária.
É uma eterna adversária
contra a qual lutamos
para manter vivo quem “existe”.
E o que fica dessa luta?
Uma revolta bruta
de quem amará sempre,
sem reservas, quem partiu,
ou de quem já não amaria,
mas que a morte, enfim...
nunca lhe desejaria.