Cai chuva miúda,
que atropela
a graúda
que fica nas nuvens,
esperando cair.
Vem suave,
mansinha,
com ar de santinha
mas vem pra ferir.
Me enlaço
num laço,
em jeito de abraço,
em jeito de amar.
Me giro,
me viro,
e fico suspensa,
com a chuva a cansar.
Traz sabor de fel,
disfarçado de mel,
e quando desperto,
não há céu aberto,
há nuvem cinzenta.
A chuva graúda,
que já não desgruda,
cai forte, não lenta.
Então, recomeço
de novo e tropeço.
Caio, mas não esqueço
a chuva miúda
que nem me saúda.
Ana Martins
Novembro 10, 2023 @ 12:53 pm
Vim conhecer a tua página, está fantástica, parabéns!
Cai chuva em ti e em todos nestes tão conturbados que vivemos.
O poema é maravilhoso!
Beijinho grande.
Maria Letra
Novembro 11, 2023 @ 3:29 pm
Muito obrigada, querida amiga. Anseio muito ler mais poemas teus – que tu tão perfeitamente constróis. Mil chis corações.