(Carta de um filho homosexual, a seu Pai)
Quando, muito jovem, não tinha a percepção do que me esperava no espaço em que, tímido, manifestava grande sensibilidade e sede de amor. No tempo, percebi que a distância entre nós silenciava-me a voz, mas travava-me o rancor. Entre mim e ti um mundo obtuso nos separava. Tudo me parecia muito confuso. Buscava conhecer-me através de ti, Pai, mas tu eras impenetrável. Queria emancipar-me, mas sentia-me preso e inadaptável àquele espaço frio, entre nós. O tempo correu veloz, e nunca adquiriu a função de mestre. Continuou a silenciar-me a voz. Hoje não culpo a vida nem este espaço terrestre onde muita gente é oca e assaz presumida. Partiste dum universo que te comandava a vida. Entretanto, esperava que neste mundo adverso encontrasse o espaço que tanto ambicionei, para poder gritar... PAI… EU SEMPRE TE AMEI!