Este meu manifesto foi escrito em 2010. Regresso a ele, remodelando-o, pelo facto de ir constatando que, em treze anos, muito foi feito, mas nada resultou se considerarmos que o pouco que se possa ter conseguido foi abafado por um tremendo aumento do consumo de drogas de todo o género, sobretudo do alcool, responsável pelo desmoronar de muitas relações, de muitas famílias e, sobretudo, pelo aumento de crimes cometidos em resultado do consumo das mesmas. Da parte dos traficantes, há um objectivo demasiado evidente e, portanto, nem vou referir-me a eles. Se existem é porque são procurados como fonte de “recurso” dos desesperados e, consequentemente, é a estes que me referirei.
Cresce, dia após dia, o número de jovens que consomem drogas como forma imediata de ultrapassarem certos estados de alma, cuja causa nem sempre é fácil de identificar, seja pelo próprio, seja por técnicos cuja aplicação no estudo desta matéria é já longa. Recorrem ao uso destes dois inimigos da consciência humana, pelos mais diversos motivos, sendo normalmente os indivíduos de grande sensibilidade, eventualmente mais frágeis quem, refugiando-se numa ‘atmosfera mental’ provisoriamente “à defesa”, são arrastados para uma progressiva perde de amor à vida. No início, tudo lhes parece fácil. Bebem uns copos, ou fumam umas ‘ervas’ e tentam sobrepor-se à causa que os incomoda e que lhes provoca uma angústia que, de algum modo, não querem enfrentar. O argumento para o seu uso, é-me muitas vezes dito ser o de “sentirem-se melhor”. Claro, nem duvido. E depois? Eles estão absolutamente convencidos de que não prejudica mesmo... “Até faz bem”, dizem eles muito seguros, com aquele ar de que sabem mais do que os outros, uma característica que os distingue... Sei – sem qualquer sombra de dúvida – que há jovens, (e adultos!!!), aparentemente de “mens sana in corpore sano”, que estão agarrados às delícias dessa tal “maconha” - para não referir outras - e que, portanto, passariam a odiar-me se lessem este meu texto. E se realmente, por mero acaso, o lerem, chamar-me-ão um qualquer nome que não me ocorre, pois são nomes mais usados por eles. Mas isso não me move, nem me comove.
Dói-me saber que, não abandonando esses vícios, esses jovens avançam, a passos mais ou menos largos, para uma vida de sofrimento cada vez maior e, eventualmente, para uma morte prematura. Eles podem não ter a percepção de que os conflictos que começam a sentir têm a sua raiz no uso de simples enganadoras “passas de maconha” que, muito lentamente, vai-lhes alterando a personalidade... E que ninguém lhes diga que os prejudica, porque além de esconderem que as usam, contestam quem os aconselha a parar, até porque não lhes convém perceber isso e, daí, este comportamento quando alguém tenta chamá-los à razão. Atrás da “maconha” ou de qualquer outra droga das consideradas “leves”, passam a existir outras alternativas que surtam mais efeito e tudo poderá acontecer. A partir daí inicia-se um processo penoso, indubitavelmente, não só para quem o vive, física e psicologicamente, mas também para os familiares e/ou os amigos. É um abismo que se abre inexoravelmente fundo para ambas as partes, quantas vezes muito pior para os que assistem à sua progressiva decadência.
Cada vez mais, bebe-se e usa-se drogas em todo o mundo. Isso deu origem a muitos outros males que viajam paralelamente, sem ver-se o fim dessa estrada.. É por isso que sinto tratar-se de um problema que necessita de ser combatido com outras armas e com a máxima urgência, através de medidas que combatam o mal pela raiz, o que se afigura muito difícil. Esta é, talvez, a maior praga entre tantas outras, pelos inúmeros crimes que daí advêm. Deveria, consequentemente, não estar limitado a um estudo do indivíduo, isolado, mas sim de uma sociedade em decadência absoluta. Esta minha convicção não exclui uma simultânea e atenta análise à forma como vive a família do jovem em risco, para serem tomadas em consideração medidas de protecção adequadas, pois é no seio familiar que, numa grande maioria dos casos, vamos encontrar a causa do seu comportamento. Não é raro ser a família a grande culpada. Certamente que não poderemos pretender formar novos cidadãos, negligenciando o importante estudo dos seus ascendentes, os quais não deveriam ser deixados à deriva, neste processo, sem uma correcta orientação. Se defendemos a reconstrução deste mundo, que não nos agrada, de forma alguma, deveremos fazê-lo através dum trabalho paralelo: escola e seio familiar, caso contrário assistiremos a um trabalho infrutífero, desnecessário. Tenho consciência, ao dizer isto que, durante a recuperação de certos valores, caminharemos, lado-a-lado, com aqueles que irão pretender fazer frente à alteração daquilo que não lhes convirá ser alterado, mas a nossa força deverá ser superior à deles. Refiro-me, por exemplo, ao “mundo obscuro da superficialidade e da ganância” e das organizações nada interessadas em que certos males acabem.
Mas continuando...
Terão de ser encontradas fórmulas de motivação para um maior respeito pela Natureza e pela convivência saudável entre todos, fórmulas essas que deveriam ser aplicadas a partir do nascimento, através de adequada assistência técnica de orientação especial, dada por elementos habilitados para o efeito, os quais deveriam ser, eles próprios, um exemplo daquilo que se pretende para a formação de um “novo cidadão”.
Lamento que uma boa maioria de crianças seja, muitas vezes, vítima da necessária ausência dos pais, o que pode ser a mais grave causa para situações de insegurança e fragilidade, pois – como que de repente – a partir duma certa idade, é-lhes retirada aquela protecção e segurança a que as habituámos. Isso faz-me muita pena. Não será que a criança passará a sentir que pode ser culpada da razão pela qual deixa de continuar a ter essa potecção? Será que, mesmo explicando, a sua fragilidade irá aceitar a justificação, ou justificações que lhes damos? Não esqueçamos que a criança entra na pré-primária muito cedo e que a mudança faz-se de um dia para o outro. Tenho assistido a verdadeiros dramas, em que a criança sofre e chora desesperadamente, deixando-nos em sofrimento, também, sofrimento esse que ‘tentamos’ ocultar com a nossa determinação de ir em frente com o errado projecto de educação que nos é imposto pela exigente sociedade em que vivemos. Este processo deveria ser lento. Terei de ser muito bem convencida por quem saiba muito sobre esta matéria, se não será aqui que começa um processo de afirmação da personalidade na criança, “coxo” logo à partida, fragilizando-a para sempre. Se há crianças que, pelo que herdaram, geneticamente, dos pais, são fortes, outras há que - também pelo mesmo motivo, ou outros, em ambos os casos – ficam muito marcadas, psicologicamente.
Sei que é muito difícil para os pais – e eu que o diga como mãe de 6 filhos e avó de 14 netos – estabelecer as doses adequadas de amor e de exigência, sendo estas marcos importantes na sua formação. E a situação torna-se – como no meu caso – incontrolável, de certo modo, quando agravada por um divórcio.
Os pais deveriam ser convenientemente orientados por técnicos à altura, no dia em que decidissem ter filhos e só uma correcta formação das pessoas designadas para esse efeito, poderia levar os pais e as crianças ao reconhecimento saudável dos mais elementares deveres de cidadania, em todos os sectores, afim de ser conseguida uma progressiva melhoria da forma como vivem as pessoas, neste novo mundo que se deseja em transformação, para bem de todos.
O ”desabafo” que acabo de deixar aqui não defende qualquer tipo de atitudes de prepotência ou de imposição, pois deixaria de ter o significado que se pretende: a formação duma sociedade onde cada elemento saiba respeitar os outros através duma doutrina de amor, o que só é possível se cada um tiver uma perfeita consciência dos seus deveres para consigo e para com os outros.
Este meu manifesto foi escrito em 2010. Regresso a ele, remodelando-o, pelo facto de ir constatando que, em treze anos, muito foi feito, mas nada resultou se considerarmos que o pouco que se possa ter conseguido foi abafado por um tremendo aumento do consumo de drogas de todo o género, sobretudo do alcool, responsável pelo desmoronar de muitas relações, de muitas famílias e, sobretudo, pelo aumento de crimes cometidos em resultado do consumo das mesmas. Da parte dos traficantes, há um objectivo demasiado evidente e, portanto, nem vou referir-me a eles. Se existem é porque são procurados como fonte de “recurso” dos desesperados e, consequentemente, é a estes que me referirei.
Cresce, dia após dia, o número de jovens que consomem drogas como forma imediata de ultrapassarem certos estados de alma, cuja causa nem sempre é fácil de identificar, seja pelo próprio, seja por técnicos cuja aplicação no estudo desta matéria é já longa. Recorrem ao uso destes dois inimigos da consciência humana, pelos mais diversos motivos, jovens e adultos, normalmente de grande sensibilidade, eventualmente mais frágeis, refugiando-se numa ‘atmosfera mental’ provisoriamente “à defesa”, mas arrastando-os para uma progressiva perda de amor à vida. No início, tudo lhes parece fácil. Bebem uns copos, ou fumam umas ‘ervas’ e tentam sobrepor-se à causa que os incomoda e que lhes provoca uma angústia que, de algum modo, não querem enfrentar. O argumento para o seu uso, é-me muitas vezes dito ser o de “sentirem-se melhor”. Claro, nem duvido. E depois? Eles estão absolutamente convencidos de que não prejudica mesmo... “Até faz bem”, dizem eles muito seguros, com aquele ar de que sabem mais do que os outros, uma característica que os distingue... Sei – sem qualquer sombra de dúvida – que há jovens, (e adultos!), aparentemente de “mens sana in corpore sano”, que estão agarrados às delícias dessa tal “maconha” - para não referir outras - e que, portanto, passariam a odiar-me se lessem este meu texto. E se realmente, por mero acaso, o lerem, chamar-me-ão um qualquer nome que não me ocorre, pois são nomes mais usados por eles. Mas isso não me move, nem me comove.
Dói-me saber que, não abandonando esses vícios, esses jovens avançam, a passos mais ou menos largos, para uma vida de sofrimento cada vez maior e, eventualmente, para uma morte prematura. Eles podem não ter a percepção de que os conflictos que começam a sentir têm a sua raiz no uso de simples enganadoras “passas de maconha” que, muito lentamente, vai-lhes alterando a personalidade... E que ninguém lhes diga que os prejudica, porque além de esconderem que as usam, contestam quem os aconselha a parar, até porque não lhes convém perceber isso e, daí, este comportamento quando alguém tenta chamá-los à razão. Atrás da “maconha” ou de qualquer outra droga das consideradas “leves”, passam a existir outras alternativas que surtam mais efeito e tudo poderá acontecer. A partir daí inicia-se um processo penoso, indubitavelmente, não só para quem o vive, física e psicologicamente, mas também para os familiares e/ou os amigos. É um abismo que se abre inexoravelmente fundo para ambas as partes, quantas vezes muito pior para os que assistem à sua progressiva decadência.
Cada vez mais, bebe-se e usa-se drogas em todo o mundo. Isso deu origem a muitos outros males que viajam paralelamente, sem ver-se o fim dessa estrada.. É por isso que sinto tratar-se de um problema que necessita de ser combatido com outras armas e com a máxima urgência, através de medidas que combatam o mal pela raiz, o que se afigura muito difícil. Esta é, talvez, a maior praga entre tantas outras, pelos inúmeros crimes que daí advêm. Deveria, consequentemente, não estar limitado a um estudo do indivíduo, isolado, mas sim de uma sociedade em decadência absoluta. Esta minha convicção não exclui uma simultânea e atenta análise à forma como vive a família do jovem em risco, para serem tomadas em consideração medidas de protecção adequadas, pois é no seio familiar que, numa grande maioria dos casos, vamos encontrar a causa do seu comportamento. Não é raro ser a família a grande culpada. Certamente que não poderemos pretender formar novos cidadãos, negligenciando o importante estudo dos seus ascendentes, os quais não deveriam ser deixados à deriva, neste processo, sem uma correcta orientação. Se defendemos a reconstrução deste mundo, que não nos agrada, de forma alguma, deveremos fazê-lo através dum trabalho paralelo: escola e seio familiar, caso contrário assistiremos a um trabalho infrutífero, desnecessário. Tenho consciência, ao dizer isto que, durante a recuperação de certos valores, caminharemos, lado-a-lado, com aqueles que irão pretender fazer frente à alteração daquilo que não lhes convirá ser alterado, mas a nossa força deverá ser superior à deles. Refiro-me, por exemplo, ao “mundo obscuro da superficialidade e da ganância” e das organizações nada interessadas em que certos males acabem.
Mas continuando...
Terão de ser encontradas fórmulas de motivação para um maior respeito pela Natureza e pela convivência saudável entre todos, fórmulas essas que deveriam ser aplicadas a partir do nascimento, através de adequada assistência técnica de orientação especial, dada por elementos habilitados para o efeito, os quais deveriam ser, eles próprios, um exemplo daquilo que se pretende para a formação de um “novo cidadão”.
Lamento que uma boa maioria de crianças seja, muitas vezes, vítima da necessária ausência dos pais, o que pode ser a mais grave causa para situações de insegurança e fragilidade, pois – como que de repente – a partir duma certa idade, é-lhes retirada aquela protecção e segurança a que as habituámos. Isso faz-me muita pena. Não será que a criança passará a sentir que pode ser culpada da razão pela qual deixa de continuar a ter essa potecção? Será que, mesmo explicando, a sua fragilidade irá aceitar a justificação, ou justificações que lhes damos? Não esqueçamos que a criança entra na pré-primária muito cedo e que a mudança faz-se de um dia para o outro. Tenho assistido a verdadeiros dramas, em que a criança sofre e chora desesperadamente, deixando-nos em sofrimento, também, sofrimento esse que ‘tentamos’ ocultar com a nossa determinação de ir em frente com o errado projecto de educação que nos é imposto pela exigente sociedade em que vivemos. Este processo deveria ser lento. Terei de ser muito bem convencida por quem saiba muito sobre esta matéria, se não será aqui que começa um processo de afirmação da personalidade na criança, “coxo” logo à partida, fragilizando-a para sempre. Se há crianças que, pelo que herdaram, geneticamente, dos pais, são fortes, outras há que - também pelo mesmo motivo, ou outros, em ambos os casos – ficam muito marcadas, psicologicamente.
Sei que é muito difícil para os pais – e eu que o diga como mãe de 6 filhos e avó de 14 netos – estabelecer as doses adequadas de amor e de exigência, sendo estas marcos importantes na sua formação. E a situação torna-se – como no meu caso – incontrolável, de certo modo, quando agravada por um divórcio.
Os pais deveriam ser convenientemente orientados por técnicos à altura, no dia em que decidissem ter filhos e só uma correcta formação das pessoas designadas para esse efeito, poderia levar os pais e as crianças ao reconhecimento saudável dos mais elementares deveres de cidadania, em todos os sectores, afim de ser conseguida uma progressiva melhoria da forma como vivem as pessoas, neste novo mundo que se deseja em transformação, para bem de todos.
O ”desabafo” que acabo de deixar aqui não defende qualquer tipo de atitudes de prepotência ou de imposição, pois deixaria de ter o significado que se pretende: a formação duma sociedade onde cada elemento saiba respeitar os outros através duma doutrina de amor, o que só é possível se cada um tiver uma perfeita consciência dos seus deveres para consigo e para com os outros.