Meus Caminhos de Cristal
percorro com ambições,
lado-a-lado com camelos,
águias, mochos, camaleões.
Por vezes lhes faço frente,
outras há que os ignoro.
Depende do que consente
a minha vida, que adoro.
Aos camelos tiro espaço;
às águias apalpo o pulso;
aos mochos abro um abraço
e os camaleões... expulso!
Neste caminhar que mudo
- porque a vida mo consente -
tenho encontrado de tudo,
e tanto que me atormente.
Vejo males noutros caminhos
muito piores do que os meus;
bichos perversos, daninhos,
‘ávis raras’, camafeus.
Magoa fundo esta dor
de ver o velho e a criança,
sem defesa, sem amor,
morrer de desesperança.
E não se enganem aqueles
que pensam remediar
erros velhos... quando neles
há vícios a degradar.
Não se cancela num dia
condutas velhas, caducas,
e o remendo só adia
a regra que nos educa.
É preciso fazer mais.
Defenderei, com fervor,
actuações globais
em prol dum mundo melhor.
Data da transcrição deste excerto do livro: 2011-05-03 Capa do Livro: Miguel Letra