...E foi no teu olhar que mergulhei
um dia, procurando-me,
buscando saciar a minha sede
de amar... e de ser amada,
de libertar-me daquela dura rede
onde permanecia, encarcerada.
...E foi em ti que, descrente, constatei,
confrontando-me,
que amar era tão importante
quanto virar a página dum livro velho,
onde já nada era belo, ou relevante,
e onde me revia, como num espelho.
Amar de novo era um desejo ardente,
era uma necessidade, não uma ilusão
ou um capricho impertinente.
Ser livre, esquecer aquele diário
onde quase tudo me parecia secundário
deixou de ser uma simples ambição.
Urgia libertar-me da prisão
onde, cruelmente, estava aprisionada,
reduzida a zero, no auge do tormento...
...E foi em ti que me reencontrei,
liberta das amarras em que estive
tantos anos, nos quais não tive, um só momento,
o que me deste tu, Amor. Quanto te amei!
...E foi em ti, num lindo amanhecer,
que despertei dum pesadelo... para Viver!