Deixa-me continuar a viver, ó Vida,
mas dá-me algum do teu drenado espaço
imune aos podres daquilo que é devasso.
Não tolero mais sentir-me comprometida
entre aquilo que realmente defendo
e tanta injustiça, que eu não entendo.
Continuarei fiel ao que é correcto.
Não amo o mundo tal como ele está,
cheio de ostentação, e de gente má.
Amo o homem bom, desprezo o abjecto.
Que os anos que hão-de vir sejam de mudança,
e cesse o desrespeito pela criança.
Reinam no país grandes investigações
sobre quem serão os verdadeiros,
e quem serão os aldrabões.
Isto é... os trapaceiros!
(Vá lá alguém descobrir...)
Gerados jeitos e alguns trejeitos,
em quem responde às inquirições
feitas por sábios matreiros,
com estudadas intenções...
(... por exemplo, reflectir...)
O inquirido, com notória falta de firmeza,
claro está, busca a calma
e, tocando os lábios com subtileza,
dá provas de perturbação na alma...
(por duvidar da sua encenação.)
Adultos de sólida e provada formação,
passem aos jovens o ensinamento
que os conduz à realização
dum futuro em tudo isento.
A decepção abunda em Portugal!
Hoje vou aqui escrever
sobre uma preocupação,
que está na minha cabeça:
quero passar a comer
aquilo que me apeteça!
Vem um diz, dum alimento,
que é muito bom prà saúde,
mas passado um tempo, alguém,
diz-nos, com conhecimento,
que afinal, não nos faz bem!
Estou farta desta incerteza,
do que era e já não é,
do que é, que antes não era.
Desisto, na incerteza.
Tudo isto me exaspera.
Passarei a respeitar
a vontade que sentir
disto, ou daquilo, comer.
Afinal, se bem pensar,
todos temos que morrer.
Se bem que... melhor pensando...
se me dá uma camoeca,
e dou aos outros trabalho,
poderei ficar penando
e, por isso, me baralho.
Pode tornar-se um sarilho!
Passo a vida a confrontar-me
com coisas incompatíveis,
em tabelas que hoje empilho,
porque sei serem falíveis.
Se houver alguém que me diga,
com segurança credível,
o que faz bem à saúde,
sem me vir com a cantiga
que depende da atitude
perante cada alimento...
eu mando-a dar uma curva.
Comigo, não funciona.
Continuo sempre magra
por muita coisa que coma.
Cai chuva miúda,
que atropela
a graúda
que fica nas nuvens,
esperando cair.
Vem suave,
mansinha,
com ar de santinha
mas vem pra ferir.
Me enlaço
num laço,
em jeito de abraço,
em jeito de amar.
Me giro,
me viro,
e fico suspensa,
com a chuva a cansar.
Traz sabor de fel,
disfarçado de mel,
e quando desperto,
não há céu aberto,
há nuvem cinzenta.
A chuva graúda,
que já não desgruda,
cai forte, não lenta.
Então, recomeço
de novo e tropeço.
Caio, mas não esqueço
a chuva miúda
que nem me saúda.
Mulher … Você não é uma Mulher, apenas, Você é graça, é arte, é beleza. É o branco alvo de lindas açucenas, é o melhor fruto que deu a Natureza.
Mulher … Você nasceu com a grande missão de dar vidas à vida, parindo na dor, amando com garra, criando emoção, e dando lições de força e de amor.
Mulher … Você espalha luz em noites escuras, em almas sofridas, carentes de beijos, sem pena de si, passando-lhe agruras, saciando corpos, matando desejos.
Mulher … Você abre estradas e remove escombros, distribui coragem, com ar de menina, carregando a vida em cima dos ombros. Mulher … Você é Divina!
As palavras, quando as soltam,
ruam por todos os lados,
e correm de boca em boca
em muitos que, não calados,
e de cabeça assaz oca,
fazem lestos prognósticos
sobre isto, aquilo e aqueloutro,
...nem sempre com fundamento.
Sejam simples ou pernósticos,
maltrapilhas, ou letrados,
soltam palavras ao vento,
cheios de convicções...
só pra não estarem calados
e causarem reacções.
Chamemos-lhes tagarelas!
Há, porém, muitas palavras
que vivem encarceradas
em bocas que não se abrem.
São vítimas de cautelas
de pessoas previdentes.
Nas suas mentes não cabem,
nem as conversas da treta,
nem as de mentes doentes.
Outras há, mesmo de cultos,
a que não chamo palavras,
prefiro chamar insultos.
Vivem num estado perene
na boca de gente reles.
Insulto... provoca insulto.
É ver quem se insulta mais!
Contudo, quando as palavras
são encerradas em livros
comprados por multidões...
passam a ser imortais.
Mais do que gerar palavras,
geram muitas emoções.
Ficam sujeitas à crítica
de quem as lê. Surdas, mudas...
estão ali. Oferecem tempo
a todo e qualquer leitor,
para que o seu pensamento
possa julgar e expor
sobre o tema que as juntou.
Não há dita por não dita.
Nenhuma dessas palavras
foi jogada para o ar.
Dispostas, na forma escrita,
a que alguém deu preferência,
passam a ser, uma a uma...
A Palavra! Sua Excelência!
Marco um encontro comigo.
Ora me atraso… ou não vou.
Tenho sempre uma razão.
É que ouvir-me - se consigo
explicar-me quem sou -
gera grande confusão.
Se pretendo analisar-me
neste quadro social
em que, confusa, estagnei…
acabo por magoar-me.
Encontro-me nele tão mal
que já nem sei quem serei.
Pergunto-me, revoltada,
como posso suportar-me
vivendo neste cenário…
Mas a resposta, aldrabada,
com que tento desculpar-me…
nem merece comentário.
Resignada, não estou.
Conivente… também não.
Gravito em torno de mim.
Já que não sei bem quem sou,
prefiro dar-me à paixão
de aturar-me até ao fim.
É por isso que um encontro
entre mim e eu, se afunda.
Complica-me o sistema.
Receio que um desencontro
entre as duas, nos confunda,
face a todo este dilema.
De Neonata, a Menina,
um ser com tanto de seu!
Nascer assim, não foi sina...
foi a Vida que a escolheu.
De Menina, a Criança,
doce, meiga, caprichosa,
ora cativa, ora cansa.
Adora tudo que é rosa.
De Criança, a Adolescente
passa por algumas fases.
Por vezes irreverente...
Muitos castelos sem bases.
De Adolescente, a Mulher
quanta coisa que transtorna.
Não é um mudar qualquer,
é um ser que se transforma.
De Mulher, a Mãe,
troca, com a sua graça,
a liberdade que tem,
por um ser lindo, que abraça.
Não fora este meu jeito de viver
despegada do infâme materialismo
em que vejo o nosso mundo se abater...
e eu me anularia neste abismo.
Não fora este meu jeito de esquecer
e até de perdoar, sem abusar-me...
...e aqueles que me magoam, sem piedade,
teriam muitas contas a prestar-me.
Não me revejo em tudo o que é vileza
e falta de respeito, ou desamor.
Assusta-me a ousadia e a ligeireza
com que é adulterado o termo AMOR.
Prezo o abraço quente de quem ama,
tanto quanto abomino o dos que odeiam
e o dos que, sequiosos, querem fama.
Em mim, os maus amantes... serpenteiam.
Bem haja quem nas trevas se faz luz
e quem, no desfolhar-se, busca Vida.
Esses, seguem na estrada que conduz
a um Amor sem conta e sem medida.
Meus genitores já partiram. Deixaram-me ensinamentos que nem sempre pratiquei, ou porque não me serviram em específicos momentos... - mais de recusa, direi - ou, talvez, por ocasião de rejeição e discórdia sobre os nossos ideais... ... Ou seria uma questão de teimosa monocórdia nas suas ordens de pais???
Hoje, porém, reconheço, que eles até tinham razão! Por isso, principiantes, uma coisa só vos peço: invistam na Instrução. Deixem de ser petulantes! Há muito por aprenderem sobre este mundo assaz louco e que tanto surpreende. Vale a pena compreenderem que, afinal, sabem tão pouco, que até petulância... ofende!
Quando a emoção te cala porque uma imagem te fala... Quando, no silêncio, impera dentro de ti uma fera… Quando, cansado da vida, anseias a despedida. Não deixes que te governe o ódio, esse vil germe capaz de corroer o que de bom possas fazer. Deixa que essa onda, envergonhada, se esconda no teu coração, que bate, esperando que o tempo a mate. Verás nascer novos dias que, de cego, tu não vias. Não esqueças que há crianças que precisam de mudanças feitas de paz, de querer, para poderem crescer... ...um crescer em que o amor encha este mundo de cor.
… e quando sentires que à tua volta,
tudo soa falso e tudo te cansa,
busca um ser pequeno.
Nada mais doce do que um amor pleno
reflectido no olhar duma criança.
Sim, porque no tempo, esse olhar muda.
Que ninguém duvide. Que ninguém se iluda.
A vida embaciará aquele espelho
que, pouco a pouco, irá ficando velho,
queimado pelo fogo de paixões
e do álgido efeito de muitas decepções.
Prosa poética
Escondo-me nas palavras que não digo por recear, dizendo-as, magoar-me.
Quero, loucamente, estar contigo, mas nunca, se o fizer, irei perdoar-me.
Escondo-me nos silêncios que tu dizes marcarem cada dia em que me ausento. Não quero ser presença enquanto vives de um sonho que, de cor, está já isento.
Escondo-me na praga de um desejo que combato, consciente das razões
pelas quais, de ti, eu me protejo. Escondo-me nas marcas que me escudam
a mente, repleta de ambiçõesl Meu amor... palavras não te mudam!
O rubicundo poente
que a minha imaginação
criou no meu horizonte,
é um factor decorrente
que a paz no meu coração
deixa que, serena, afronte.
Abaganhada em trabalho,
missão que a vida me impõe
dia, após dia, que passa,
busco homizio num baralho,
as mil coisas que se impõe
que eu, tranquilamente, faça.
Mas o poente em questão,
engoda quem lhe faz mossa,
e quando penso que sim,
que talvez, ou mesmo não,
ele acredita que eu possa
suportar seu frenesim.
Mas a idade atraiçoa
esses poentes em fogo,
frutos das nossas cabeças.
E quando o muito magoa
e o trabalho está em jogo,
viramos tudo às avessas.
Um veloz fenecimento
da força que, até então,
parecia viver em nós,
surge num dado momento
e, sem qualquer ambição,
sentimo-nos muito sós.
Entre ocas focas e mil fofocas, há um mar de ricas fofoquices! Ninguém neste todo fica ileso. São grandes e perigosos venenos que lideram milhões de canalhices feitas por gente dum 'enorme peso'!
Controlam mesmo, com claro arrojo, internet, jornais, radios e televisões. Trata-se dum descaramento imundo! É um comandar que nos gera nojo, feito em prol dos muitos tubarões, eternos dominadores deste mundo.
São como víboras maléficas, tontas... camafeus de muito reles pedigree. Eles não são gente, são gentalha! Especialistas em controlar contas, aumentando aqui... e roubando ali, fazem parte integrante da maralha.
Preparem-se, se ainda vos aprouver, para assistir a um lamentável cortejo de gente pobre que fome irá passar... Perderão a casa onde estavam a viver e nem sequer, talvez, tenham o ensejo dos seus elementares direitos reclamar.
O seu raciocínio lógico não passa de demagógico. Atreve-se a discursar e acaba mal, a boiar na própria água que mete. Cada palavra é um barrete. Expele asneiras pela boca porque a cabeça... está oca! O que defende em política foi sempre sujeito a crítica.
Já tenho cheio o meu saco com inúteis bate-papo a que assisti muitas vezes - para mal dos Portugueses! Eu sinto que o que ele diz ser bom para o seu País só empapa confusões nas mentes que, nas votações, ficam todas baralhadas e fazem escolhas erradas.
O povo que não se engane! Tudo aquilo que ele trame pra defender o seu tacho, segundo aquilo que eu acho, não passa de vil cantiga. Por muita coisa que diga em defesa do seu nome, nem surte nem mata a fome de quem há muito, sentado, espera um futuro adiado.
Abraço os sonhos que tenho, indiferente aos sinais que me recordam a idade. Vivo meu dia após dia com enorme felicidade, pois ninguém se atreveria a travar o que é demais. Vou até onde eu puder, sem pressa ou agitação. Ninguém corre atrás de mim. Sou livre e sem compromissos... seguirei vivendo assim! Meus quereres insubmissos? Combato-os, por precaução.
...
Apesar do que se diz,
amarei o meu País
da forma como o entendo.
Não por aquilo que é hoje
mas sim pela sua raiz.
Admito que, crescendo,
fui talvez me apercebendo
de coisas que estavam mal,
sobretudo em Portugal.
Milagres... eu nunca vi
e, portanto, decidi
correr, para conseguir
aquilo que pretendia.
E foi essa mesma a via.
Deixei, também, de ir à igreja,
essa casa de um Jesus
que pregaram numa cruz
pra que todo o mundo veja...
Amarra-me a Portugal
tanto o que vejo estar bem,
como o que vejo estar mal.
Uma corda com nó cego,
que continua a apertar-me,
causa em mim desassossego.
Sinto um mal-estar que incomoda
por tudo o que vejo cá...
Não sei dizer: Tanto dá!!!
Meu Portugal está carente
de gente que reconheça
que precisa de lutar
pelo que quer que aconteça.
Depois, há o inconveniente
de cada vez haver mais
elementos muito maus,
de actuação condenável
que torna o país instável.
2016-02-01
Do meu livro "Meu Pequeno Grande País"
Imagem: Litografia de António Ramalho
Solta-se a fera nas asas dum inocente
que desconhece o espaço pra onde voa,
mas seguindo à deriva, quem o leva sente
carregar uma dura carga que atraiçoa!
Há que mudar de rumo. A praia, já remota,
recorda-lhe aquele mau tempo de criança.
Vagueia no espaço e pensa na derrota,
se prosseguir voando sem fé ou confiança.
Afrouxa o voo, e medita no seu fim
como algo imutável, sem outra saída.
Agradece ao tempo e à própria Vida!
Prosseguindo, aceita tudo o que foi ruim,
sorrindo ao futuro e aceitando a morte
porque nesta, não conta o factor sorte.
Reencontrei-me num mar de exclusões.
Nada do que tivera, me seduzia,
e o que restou está nu do que era seu.
Em redor fala o silêncio. Não há recordações
daquilo que não era, mas parecia,
enquanto bajulavam o meu EU.
Se houve quem me amasse, eu não sabia.
Não foi perito na arte de se expor...
...ou sentiria remorsos se paz me desse?
O futuro? Que importa? Eu já sabia
que iria continuar sem ter amor,
contudo, tudo fiz pra que o tivesse.
Resta porém, feliz, a minha alma
serena, e inexoravelmente... calma.
Quando somos jovens, contemplamos a vida
como sendo longa, mesmo que sem medida.
Criamos sonhos, envolvendo-os num cenário
colorido pelo nosso imaginário.
No tempo, talvez por erosão da mente,
desgastada por factores a ela adjacentes,
e más experiências acumuladas...
a esperança e a fé, são alteradas.
Não canceles pendentes por organizar.
Ocupa-te do que está por acabar,
criando compromissos com sentido.
Não lamentes o que o tempo diluiu!
Valoriza o que a mente conseguiu.
O que hoje tens é o Saber Adquirido.
Se te cansa estar entre a multidão,
porque tua alma não quer agitação.
Se algo, ou alguém, te decepcionou
porque, de algum modo, te prejudicou.
Se agora te amas mais intensamente,
e queres colocar-te no lugar da frente.
Se a tua suportação diminuiu,
porque a resiliência te traiu...
Apoia-te apenas no que te faz bem,
e em tudo aquilo que mais te convém.
Não te excedas, porém. Tu és a pessoa
que deve estar firme, na frente, na proa.
Aceita o auxílio de alguém que te ama
se tu, porventura, caíres numa cama.
Abre bem os braços ao que a ti voltar.
É um prémio da Vida que dizias Amar.
Nunca te arrependas do que tu fizeste
em prol dos valores, que sempre defendeste.
Abençoa a Vida, em qualquer idade.
Dedica uma ode à tua Verdade.
Dos fracos nunca rezou a História, mas não nos deveremos esquecer que para podermos cantar vitória, houve muita gente a combater... Quantos haverá hoje, ignorados, vivendo, tristemente, na penúria, esquecidos e negligenciados! Pura crueldade... ou vil incúria?
Tenho uma prenda escondida dentro do meu coração. Não quis abrir no Natal, não sei bem por que razão. Talvez não fosse o momento de dar-lhe vida terrena. Ficou só em pensamento, duma forma assaz serena... Eu não me sentia em Paz para assumi-la com garra, nem me sentia capaz de soltar-me de uma amarra que há tantos anos sentia. Estava seca de tão velha. Era muito doentia... O coração me aconselha abri-la para toda a vida, lançando ao mar o passado e deixando, na despedida, um pensamento gravado: Tal como o céu, o Perdão não tem limite, pra mim: Eterno na duração... tem princípio, não tem fim.
Empertigas-te e suspiras, com ar de quem, enfadada, não suporta privações, mas essa vida a que aspiras podes crer, está viciada, e cheia de «tubarões». Empregos... cem em mil; vigaristas... trinta em cem; Escravos... são aos milhões! Deixa de ser imbecil.
Nasci forte e destemida. Sou Mulher à Portuguesa. Doei seis filhos à vida, dos quais – que grande surpresa! – nasceram catorze netos, todos de rara beleza. São uma fonte de afectos, entre brincadeiras e mimos... Oh! Quanto nos divertimos!
Sou contra os dias de tudo, mas deste… não posso ser. Façamos, portanto, um estudo do que possamos fazer para acabar com a praga da malvada corrupção que prolifera no mundo. Sabemos o que sentimos! É como uma grande chaga. Actua como uma praga consumindo o mais profundo da alma de todos nós. Ela massacra, destrói, ataca em múltiplas frentes. Vive no crime, corrói porque obedece a uma voz que agita mentes doentes. Que tal esta solução: passarmos a promover princípios de protecção das crianças, ao nascer. Eduquemos os seus pais para a sua rejeição dos podres da sociedade. Começando em tenra idade, no seio familiar, gerar-se-ão promotores de uma sã moralidade, em luta contra corruptos. Pouco a pouco, os transgressores, por actos ininterruptos, perdem espaço de actuação, e gera-se outro, fecundo, como prémio da contra-acção: UM PARAÍSO NO MUNDO!
Num enorme espaço aberto,
muito para Além do mundo,
entrou uma nova alma.
Encontrou outras dormindo
um sono muito profundo.
Ali não há vida, nem ambição.
Entrou nele mais uma luz,
que a um corpo deu tréguas,
deixando-o na Terra
onde agora jaz
a milhões de léguas
desse Além em Paz.
Um corpo que morreu
lutando para continuar vivo
mas que perece cativo
duma razão susceptível,
talvez, de confusão.
Uma guerra inconcebível,
para ajuste de contas,
ou um acto da Morte
que ceifa a vida
de quem deixou de ser forte?
Viagem que só tem ida.
A volta... nunca será prometida.
A partida é sempre triste
mas, na verdade, necessária.
É uma eterna adversária
contra a qual lutamos
para manter vivo quem “existe”.
E o que fica dessa luta?
Uma revolta bruta
de quem amará sempre,
sem reservas, quem partiu,
ou de quem já não amaria,
mas que a morte, enfim...
nunca lhe desejaria.
Hoje acordei muito tarde.
Cedi a uma preguiça
que me mantém submissa.
Nada tem de covardia,
mas tenho de ser correcta…
Eu virei assaz medrosa
desta força poderosa
que quer manter-me quieta.
Se sentes que nos outros tu já não crês, porque alguém te feriu, atraiçoando uma jura que te fez… Se estás a sentir que o mundo desabou a teus pés, porque a pessoa que amas e a quem te confessavas não te aceita como és. Se sentes não seres capaz de voltar a amar, ferida no teu amor próprio e sem qualquer vontade de perdoar... Olha o teu passo em frente. Ele anseia prosseguir, não importa por qual estrada e a despeito dessa dor que possas estar a sentir. É no caminhar consciente do que possas enfrentar, que aumentarás a força que tu não sabias ter, nem precisar. Não queiras olhar para trás, para tudo o que tu deixaste. Faz parte do teu passado, dum tempo para esquecer. Foi nele que te magoaste. É no futuro que deves acreditar, criando esperança. Agarra a Vida com muito amor, sentindo a força e o valor do olhar duma criança.
Queria ser perfeita. Não consigo.
Sou reflexo de dor, por um castigo
vindo não sei de quem. Quiçá do Além
que desconheço, que teve - ou ainda tem -
algum ressentimento contra mim.
Será por isso que me mantém assim.
Escondo sentimentos que este mundo
não iria compreender mas que, no fundo,
controlo como posso ou como sei.
São fruto do rumo que tomei
e do qual hoje me sinto assaz culpada.
Porém, de malvadez, não teve nada.
Na vida amei - eu sei...- amei demais!
Não tenho, a definir-me, muito mais...
Peço perdão
pela escolha que fiz de como exorcizar
o drama que vivi durante o meu passado.
Teria sido pior mantê-lo ignorado.
Peço perdão
Parte da história que não contei - por opção -
irá partir comigo um dia, silenciada.
Foi uma decisão longamente ponderada.
Peço perdão
Eu só queria proteger os meus sentimentos.
Não era fácil encontrar uma solução,
que aliviasse a dor, sem consternação.
Peço perdão
por não ter sabido escolher outra forma de esconder
a dor que a cada hora multiplicava.
Tinha de libertá-la. Sentia que me sufocava.
Peço perdão
Cada verso que escrevi, poupou alguém de ouvir-me.
Foram gritos de silêncio do pensamento...
derradeira libertação do meu sofrimento.
Quando voo desenlaço
os laços que eu bem quiser.
Não quero o espaço tão escasso,
que tem, na Vida, a Mulher.
São laços de nós forçados,
que teimam em me impingir
os tempos ultrapassados
em que amar... era servir.
Mulher que serve a paixão
de alguém que se diz seu dono,
é amada no Verão,
e esquecida no Outono.
Para a falta de carácter, e o uso de hipocrisia… eu sigo esta via: a da exclusão. Mas, se mesmo assim, continuar, enfim, a provocação… recorro a uma saída: a da acusação, por via legal, para acabar com o mal. É certo que muita gente, estressada e muito marada, recorre à bofetada, mas como sou contrária a essa opção, caro leitor, prefiro a primeira posição, por uma questão de honor. Outra solução será esta: ignorar a provocação e praticar o desprezo. Se, repito, não resulta, e a ofensa subsiste, recorre-se à lei, não se insulta! É uma posição que me assiste, porventura.. . porque este tipo de gente não se atura... Trata-se duma questão de ausência de educação. Nota especial: A possível existência de um caso real, quando criei este tema, para este poema, é pura coincidência. É que este tipo de gente prolifera em Portugal… em quantidade anormal. É um problema social, no estado viral.
A Assembleia da República foi palco de cena lúdica, sem nada de divertido. O povo, desiludido, já pondera observar quem está lá em seu lugar, a defender seus direitos. Enganados e contrafeitos, veem enfraquecer o país, por caruncho na raiz. Lá dentro, uma palhaçada de gente nada engraçada brinca com a boca do lobo, esquecendo a força do povo, que, cansado desta cena, e num sofrer que faz pena, não acredita em conversas de tendências bem diversas do seu tema principal: a injustiça social. O caos em que está o Estado, no qual se sente afundado, é composto de pessoas que são tudo, menos boas pra governar Portugal. Assim, será bem normal que se levante uma onda de protestos que, sem conta, vão acabar por punir quem insistiu em dormir, em vez de lutar com garra contra esta gente bizarra que só pensa no seu tacho. Pois é… É isto que eu acho!
Perguntam-me quem sou eu, e o que foi que aconteceu, para sentir-me perdida. Não saberei responder. Perdi-me logo ao nascer, mas fiquei bem presa à vida . Posso não saber quem sou, por que caminho é que vou, ou qual será o meu fim, mas sei que, enquanto viver, tenho o honroso dever de ser eu mesma. Isso sim!
Ó miga, tenho o peixinho
mais fresco que há no Bolhão.
Xaputa e peixe-porquinho,
truta, pescada e salmão.
Venha aqui! Venha comprar!
Ó freguesa, leva ou não?
Se preferir desdenhar
...viro "modo palavrão"!
Ó muore, venha cá escolher!
A sardinha é cor da prata!
Quando o marido a comer...
irá ver como ele a trata!
Encarcerada num espaço,
- lembrando o que fui... ou era -
sinto o meu corpo entalado
entre o Outono e a Primavera.
Suspensa nas frias águas
onde, imersa, estou lutando,
corre um fraco tempo, escasso,
que nem sinto, nem comando.
Espero um ciclo coeterno,
com Verão e com Inverno.
No ano dois mil e dezoito, sentia-se que, no país, estávamos feitos num oito, mas não haveria embromas com um declarado cariz de preocupantes sintomas... Tais sinais eram diferentes, em quem quer dominar o mundo. Revelavam-se evidentes! Ocultaram-se mil perguntas - que prosseguirão sem resposta. Hoje mais parecem defuntas. E... em dois mil e dezanove, foi declarada a suposta peste, que move... e remove. Em dois mil e vinte e dois, paira um penoso mistério pelo que se passou depois da aplicação de vacinas, deixando um rasto funéreo em meninos e meninas. Por infindáveis mutações, aqueles que vivos estão, têm fundadas pretensões, de saber por que não resulta só uma inoculação, em cada pessoa adulta. Resta-nos, então - já se vê - saber quando irão parar de dar vacinas... pra quê? Até jovens vão perecendo? Onde iremos acabar? A vida não está vencendo! Reina um desaire escabroso, que acaba fazendo mal. Mesmo que o vírus, teimoso, acabasse por regredir, há uma verdade geral: o mundo está a sucumbir.
Data da criação deste conteúdo: 2022-11-20 Imagem: Mikhail Nilov
Balanço no balancear
dos anos que já lá vão.
Já deixei de os contar
de tantos anos que são.
Dei de mim até estourar.
Rebentei como um balão.
Espalhei-me toda no ar,
só me resta o coração.
É ele o que balanceia...
Não sabe quando parar.
Espalha Amor sem ter ideia
do quanto me faz chorar.
Meu corpo já não existe,
não sei onde foi parar.
Só o coração resiste
a tanta sede de Amar.
Procura os porquês desta confusa vida,
sem grande ambição. Lê no teu coração.
Dentro dele há verdade, nunca ficção.
Procura os porquês desta confusa vida,
com muita simplicidade. Amigo, acredita,
vive tranquilo, sê feliz e medita.
Procura os porquês desta confusa vida,
olhando uma criança. Nela reside o segredo.
Vive a sua inocência! Rejeita esse teu medo.
Abandona os porquês desta confusa vida.
porque só o tempo poderá dar-te respostas,
através de sinais... com verdades expostas.
Desde os primórdios da vida
que pessoas, com poder,
vão escravizando a criança.
Quanta pessoa agredida
no mais fundo do seu ser...
Quanta desesperança!
Foram feitas tentativas
- ao longo de muitos anos -
de acabar com esse mal.
Contudo, não conclusivas,
vão causando brutais danos,
e mantém-se tudo igual.
A lei tem processos lentos,
não é rápida a actuar.
Não vai ao fundo, ladeia...
Ignora comportamentos
de quem está a escravizar...
A eficácia escasseia.
Todo o ser que é abusado
carece de muito amor
e de muita iniciativa...
Ainda não sei pra qual lado
pende a lei. Seu valor...
… depende da perspectiva.
Há que acabar com o abuso,
mas a ganância é poder
neste mundo tão cruel.
Mantém em modo confuso,
- embora sem se render -
quem à justiça é fiel.
De forma bem programada
por quem tem mente canalha,
e sentimentos amorfos…
a criança é escravizada,
enriquecendo gentalha
desprovida de remorsos.
Me escondo na poesia,
nas palavras musicadas,
nas rimas que vou criando,
nas verdades abafadas
entre versos, vagueando...
Me acalmo na poesia,
comunicando, vivendo,
expressando aquilo que sinto,
quantas vezes não sabendo
se são verdades, se minto.
Nas grades que tu fizeste, eu me deleito. Nas grades que aqui puseste, feliz... te espreito. Tu, prisioneiro da vida, estás numa gaiola, sem veres a saída que amarra, que enrola tua alma a sofrer... porque tu não soubeste teus medos vencer.
Aos eternos e malogrados adormecidos, e a todos que, no tempo, vão embrutecendo por manterem apego a tudo aquilo que brilha, parem de fazer de conta, seus presumidos inocentes, que sabemos não estarão vendo que tudo o que é oco, já não maravilha.
Muitos governos estarão negligenciando os velhos, as crianças e doentes em geral, em consequência de má governação. É assim que o mundo hoje está girando. Desçam à Terra onde reina o virtual e façamos uma bem profunda reflexão.
Está-nos fugindo dos pés a base que nos suste equilíbrio, força e resiliência. Unamo-nos todos contra a indiferença, por muito que isso nos ocupe e nos custe. O desejo de vingança e a prepotência são cúmplices duma usura assaz intensa.
Recorramos aos nossos transparentes recursos, captados por peritos da investigação, porque os vícios não falecem! Adormecem! Atentos aos autores de obductos discursos cuja actuação não disfarça uma preocupação: ajustarem o que parecem àquilo de que carecem.
Um gesto estudado, um rosto cansado, sem brilho, sem cor. Um falso sorriso no momento preciso, em tempo de amor. Um "whisky" com soda corta a inibição. Quem sabe? Talvez aquilo em que crês seja uma ilusão. Seguras a vida como que aturdida, aos poucos morrendo; calada a falar; falando calada; sem amor, a amar; a olhar, não vendo; Onde queres chegar?