NÃO VALE A PENA!


Espero-me, paciente, há longos anos,
ao ritmo com que, já velhas, vão caindo
as folhas, uma a uma, em cada Outono.
Perdi a conta de tantos desenganos
que me foram, lentamente, consumindo
o privilégio de um sonho, em cada sono.

Já deixei de reagir à força sórdida,
que mantém-me refém, numa apatia mórbida.

Espero-me na solidão a que me agarro.
Já não há voos no meu imaginário
porque perdi as asas num voo louco.
Vítima dum todo, assaz bizarro,
vivo escondida num pérfido cenário,
desencontrada de mim e com bem pouco.

Se tudo quanto amei, saíu de cena,
porquê esperar-me, então? Não vale a pena!

Espero-me, paciente, há longos anos,
ao ritmo com que, já velhas, vão caindo
as folhas, uma a uma, em cada Outono.
Perdi a conta de tantos desenganos
que me foram, lentamente, consumindo
o privilégio de um sonho, em cada sono.

Já deixei de reagir à força sórdida,
que mantém-me refém, numa apatia mórbida.

Espero-me na solidão a que me agarro.
Já não há voos no meu imaginário
porque perdi as asas num voo louco.
Vítima dum todo, assaz bizarro,
vivo escondida num pérfido cenário,
desencontrada de mim e com bem pouco.

Se tudo quanto amei, saíu de cena,
porquê esperar-me, então? Não vale a pena!


Data da criação deste conteúdo:
2016-03-03